Um Caso Em Obras

Capítulo 1

Adam Williams.

Já acomodado confortavelmente no jatinho, deixo minhas pernas longas esticadas, enquanto beberico meu drinque.

Um longo suspiro meu saí, quando avisto a comissária de bordo. Sua boca carnuda me lança um meio sorriso.

Sem perceber meus olhos percorrem seu corpo parando apenas no seu quadril.

Balanço minha taça apreciando bastante a vista.

— Diga Adam, você pretende me matar?!— Me assusto ao ver meu avô do outro lado do jatinho, juntamente de Charles que estava com uma respiração ofegante.

— Senhor, ele não quis me ouvir e correu até aqui.

— Pensou que iria escapar de meus sermões? — Aquela veiazinha familiar pulsava no canto de sua testa, os olhos azuis escuros, furiosos me encarando.

— Eu não sabia que era a esposa dele. — Repeti novamente o discurso de sempre,  mantendo o tom calmo e sereno enquanto estava sentado.

— Não faça joguinhos comigo Adam, o homem a apresentou na última festa de natal.

— Sempre fui um péssimo fisionomista. — Era mentira. Eu lembrava muito bem do rosto de uma mulher bonita, e Diana Gasly era tudo menos esquecível. — E ela não era a mulher dele na época. — O velho estreitou os olhos na minha direção, agora sentado na minha frente

 — Então se lembra?

— Já que mencionou. — Ergui os ombros em um movimento rápido. Já era. — Ela parecia familiar. 

— Não seja cínico.— Meu avô fechou as mãos em sua bengala e bateu na minha cabeça

Meu gemido de dor me fez perceber que ele não estava brincando, tinha vindo dos Estados Unidos para me fazer escutá-lo.

— Diana apareceu de surpresa no meu iate.

— Não pense que sou idiota, adam, sei que tem um esquema para receber suas… acompanhantes. — Fico imaginando como ele saberia dessa informação. 

Eu sabia que tinha sido um grande erro meu, deixar Diana Gasly me seduzir.

Sempre fui cuidadoso com meus casos. É normal me ver rodeado de mulheres bonitas, graças ao meu título de Neto do maior empresário dos Estados Unidos. Mas de uns tempos para cá problemas pareciam me seguir aonde quer que eu fosse, parecia que em todo lugar havia um paparazzi pronto para um clique.

O primeiro escândalo foi com as gêmeas da boate, meses depois veio uma atriz de cinema dizer que estava grávida de mim, agora vieram as fotos no iate com a esposa de um dos homens mais influentes do país e um dos membros mais importantes da empresa

— Agora, graças ao seu descuido, aquelas fotos obscenas estão espalhadas por toda a internet. Como acha que aquele homem se sente?

— Quer que eu mande um cartão de desculpas? 

Com o dedo indicador apontado para mim pronto para falar alguma coisa/algo, porém de sua boca sai apenas um gemido de dor, me fazendo ficar de pé para ir ajudá-lo, mas com um gesto de mão sou avisado a não ajudar

Naquele momento me senti mal por todo o estresse causado.

— Você ainda é um garoto, não tem como entender minha preocupação. — A voz do meu avô saiu abafada, como se fosse para apenas ele ouvir.

— Adam, minha saúde não é a mesma, não vim aqui para falar sobre seus casos, afinal são seus problemas… E sim porque quero você como meu herdeiro, porém tenho ficado apreensivo dessa decisão, não sei se você tem o que é necessário para assumir a Alt Tecnologia

— Calma, o senhor me quer como dono da Empresa? 

— Claro, porém para ser herdeiro terá que mudar seu comportamento.

Minhas sobrancelhas levantaram em choque! Nunca na minha vida, eu achei que meu avô diria tais palavras.

Comandar a AT era um sonho que cresceu junto comigo. Desde pequeno, quando meu avô me levava para a empresa, até o dia em que decidi cursar engenharia civil. Pois esse era o ramo que eu queria fazer para poder trabalhar na empresa da família. 

Respirei fundo, olhando em direção a janela, sem conseguir conter direito o meu meio-sorriso. Porém ele morre em meus lábios, quando percebo que para comandar a empresa terei que deixar minha vida de mulherengo.

Enquanto pensava, meu avô não perdeu tempo para tomar seu sorvete e já estávamos em pleno voo, passando pelas ruas da Itália. 

— Eu sabia que você não aceitaria, afinal não quer deixar sua vida de Playboy.... Então serei obrigado a oferecer o cargo ao seu primo Henrique. — O velho assumiu uma postura séria.

— Henrique é um desgraçado duas caras, puxa-saco que vai afundar a empresa.

— Não fale assim, Henrique sempre foi um rapaz centrado. E qual seria a minha outra opção?

“não faça isso vovô” Era o que eu queria dizer.

Não admito perder o trono para Henrique. Ia preferir ser deserdado a me curvar diante dele.

Encarei meu avô, o homem me olhava com a sobrancelha erguida como se esperasse por alguma coisa.

— O que posso fazer para ajeitar as coisas?— Quando ele ergueu o canto da boca num sorrisinho, eu já sabia que estava perdido.

 — Arrume uma esposa. 

— O quê? — Eu não tinha ouvido direito.