Levei quatro dias para vender meu carro, meu guerreiro. Ele já era um pouco fora de linha, mas o valor deu para quitar os meses atrasados de aluguel e quitar as contas de água e luz. Com o restante eu dei uma renovada no meu guarda roupa, pois se eu ia trabalhar para alguém rico, eu deveria pelo menos me vestir melhor.
Dona Nilde foi muito compreensiva quando eu avisei que iria sair da lanchonete por causa de uma oportunidade de emprego melhor. A equipe até fez uma festa de despedida pra mim, o que me emocionou bastante.
Faltando um dia para o combinado, eu já estava com tudo resolvido. Minhas roupas estavam em duas malas grandes, meus sapatos e outras decorações em caixas. Eu ia vender meus móveis, mas a Daiane queria sair da casa dos pais e começar uma vida nova, então cedi meus móveis para ela e acabei indicando meu apartamento, que ela gostou.
Liguei para Íris pela manhã avisando que estava pronta e ela disse que em trinta minutos estaria chegando um carro para fazer a minha mudança. Não sei como ela poderia adivinhar a quantidade de coisas que eu tinha em meu apartamento, mas o pequeno caminhão que chegou foi o suficiente para levar todas as coisas.
E não poderia faltar o carro preto para me levar. Um dos caras abriu a porta do carro pra mim e eu fui no banco de trás, observando a cidade. Entramos no que, claramente, parece ser o bairro mais rico da cidade.
É longe do barulho do centro e reservado o bastante para não ter paparazzi.
- Santo Cristo... - Eu sussurrei ao chegar na propriedade. Não consegui evitar que o queixo caísse. Levou um minuto para eu recuperar meus sentidos. A casa era realmente impressionante.
Casa é um eufemismo, o local era com certeza uma mansão. Passamos por um portão automático e seguimos por um caminho entre árvores. Chegamos no que pareceu a entrada principal, tinha um lago na frente e uma escada e uma rampa de cada lado guiando para a porta principal. Era tudo em um tom verde e cinza.
Eu realmente fiquei curiosa pra saber para quem eu estou trabalhando.
O carro estacionou perto do lago. Eu sai dele ainda tentando absorver a beleza e a grandiosidade do lugar. O caminhão chegou logo em seguida e funcionários começaram a tirar minhas coisas do baú e colocaram no que parecia ser aqueles carros do aeroporto que carregam as malas.
Quando ia questionar para onde eles estavam levando minhas coisas, ouvi alguém me chamar:
- Bom dia senhorita Jasmine. Espero que sua viagem até aqui tenha sido boa - me virei e vi Íris descendo a escada para me encontrar, com suas roupas formais e seu cabelo perfeitamente penteado pra trás.
- Bom dia Iris. Na verdade, a viagem foi chata - ela sorriu um pouco.
- Desculpe-me por isso. Vou te apresentar os principais cômodos da casa e acompanhá-la até o seu quarto e após você conhecerá Valentina.
- Valentina?
- Sim, a criança que você irá cuidar. Me acompanhe.
Ela me guiou por um caminho de pedra, onde de um lado tinha um corrimão de vidro e do outro mais verde. Entramos por uma grande porta de madeira e eu me senti minúscula no tamanho que aquela casa tinha.
O primeiro andar era do hall de entrada, a sala de jantar, a sala de televisão e a cozinha. No jardim de fora tinha uma piscina descoberta.
No segundo andar ficavam as salas de atividades da Valentina, o quarto dela e o meu, um de frente para o outro, para que eu pudesse atender ela a qualquer momento. Era o andar onde eu mais iria frequentar.
O terceiro andar era do pai da Valentina. Tinha o seu escritório e a sua suite e Íris foi muito enfática em dizer que eu só tinha permissão de ir ali se fosse solicitada.
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Ao Cair da Noite
RomanceJasmine é uma jovem com muitos sonhos mas sem oportunidade. Parece que nada está ao seu favor, principalmente o mercado de trabalho. Quando ela entra para a estatística dos desempregados ela se sente no fundo do poço. Voltar à casa dos pais está for...