Lembranças

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O rapaz avançou com uma velocidade surpreendente em direção à criatura. Seus passos pareciam mal tocar o chão, como se fossem impulsionados por uma força invisível. Ele havia deixado um rastro de vento enquanto partia em disparada.

- Flora, vigie caso mais deles apareçam – Eu disse, mantendo-me alerta para qualquer possível reviravolta.

Flora assentiu e voou para uma posição elevada nas casas, mantendo-se vigilante para qualquer aproximação de um possível inimigo.

O rapaz lutava contra a criatura diante de mim. Não parecia precisar de minha ajuda, mas permaneci atenta, pronta para qualquer imprevisto. Ele executava movimentos ágeis, desferindo golpes rápidos enquanto mantinha distância, evitando os golpes daquele monstro. Em um desses golpes, a criatura atingiu uma casa próxima, arrancando um pedaço considerável de parede. O rapaz percebeu o perigo; ficou evidente que subestimar a estatura esguia da criatura seria um erro, pois ela possuía uma força descomunal.

A criatura soltou um rugido ensurdecedor que fez meus ouvidos zumbirem e atordoou o rapaz que estava mais próximo. Os golpes anteriores pareciam apenas ter ferido superficialmente a pele da criatura, que demonstrava ser surpreendentemente resistente.

Em um movimento veloz, o monstro avançou em direção ao rapaz, que havia conseguido se recuperar do impacto do rugido. Enquanto se aproximava, suas garras pareciam aumentar de tamanho, permitindo mais alcance. A criatura desferiu uma série de golpes cortantes, que foram evitados tantos pela lâmina da espada quanto pela extrema agilidade do rapaz. O movimento dele me era familiar, não se tratava de uma simples luta; parecia mais uma dança. O rapaz desviava dos ataques como se o vento o guiasse, como uma folha no galho de uma árvore. Ele se afastava e rodopiava até criar uma abertura. Em um movimento rápido, esticou sua espada em direção à criatura, que foi lançada longe sem nenhum contato aparente. Senti sua presença depois que havia atingido o chão, alguns metros longe de onde estávamos.

- Ei! Você está bem? – Gritei para ele, sem sair do lugar.

Antes que ele pudesse responder, Flora me alertou sobre mais monstros se aproximando. Quando ela estava bem em cima de mim, tive uma ideia.

- FLORA, DESCUBRA DE ONDE ELES ESTÃO VINDO! – Gritei.

Ela imediatamente partiu para investigar a região, na esperança de encontrar a origem das criaturas. Enquanto isso, corri na direção do rapaz, que estava se recuperando.

- Você está bem? – Perguntei, me aproximando.

- Estou ótimo, você deveria procurar abrigo em algum lugar. Aqui não é seguro – Respondeu o rapaz, voltando a posição de combate.

O monstro que havia sido derrubado se levantou novamente, soltando mais um rugido ensurdecedor. A criatura estava prestes a correr em nossa direção, mas o rapaz foi mais rápido. Com movimento de braços e pernas que pareciam criar uma ventania, ele se concentrou e disparou em direção ao monstro em uma velocidade sobrenatural. Girando e golpeando, ele atingiu a criatura, que bloqueou o ataque com o braço esquerdo. A carne da criatura parecia ser cortada antes mesmo do impacto direto da lâmina, mesmo assim não era o suficiente.

A espada do rapaz estava cravada de tal forma que exigia esforço para retirá-la. Ele estava prestes a puxá-la, mas a criatura se moveu mais rápido. Seu braço se moveu em direção ao rapaz, prestes a atingi-lo. No entanto, eu estava ali, percebendo o que estava prestes a acontecer. Com um movimento rápido, finquei meu pé no chão. A terra entre o rapaz e a criatura se ergueu, formando um pequeno muro entre eles. O golpe da criatura quebrou o muro, amortecendo o impacto e não causando danos ao rapaz. Usando o mesmo monte de terra que formava o muro, criei um pilar que golpeou o que era para ser o tórax do monstro, lançando-o para longe e afastando-o do rapaz, que permaneceu com sua espada.

O Segredo das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora