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Uma vez, eu estava apaixonadaAgora só estou desmoronando — Total Eclipse Of The Heart

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Uma vez, eu estava apaixonada
Agora só estou desmoronando
— Total Eclipse Of The Heart

PENÉLOPE CLARKE

Minhas pernas se arrastam em direção ao mar, sinto a areia úmida embaixo dos meus pés. O vento gelado balança o meu cabelo e joga o meu casaco fino para trás. Sem medo, continuo caminhando até a agua cobrir todo o meu corpo. Seria inútil lutar. Não consigo nadar contra a correnteza. Permito que as águas me afoguem, que o mar determine o meu destino.

No fim, estou me afogando nas minhas próprias lagrimas.

Deitada num colchão macio, sozinha, abraçada a um travesseiro. Não tenho mais lagrimas para chorar de tanto que já chorei. A cortina balança conforme o vento e percebo que já está amanhecendo.

Aos poucos, a iluminação do quarto se torna mais intensa e consigo forçar o meu corpo a se levantar. Olho ao redor e a luz natural do dia revela mais que a bagunça que fiz na noite passada; revela a minha solidão. Estou sozinha aqui. Completamente sozinha. A vontade de chorar retorna com intensidade total. Porém, não tenho mais força para chorar.

Não aguento mais chorar. Não aguento mais essa dor.

Quero saber... quanto tempo leva para curar um coração partido? Quanto tempo leva para remendar os pedaços; para juntar o que restou.

Quero saber todas as respostas. Quero saber quando vou parar de sentir essa maldita dor que está me consumindo.

Hoje completa exatamente um mês que me deito nessa cama sentindo o enorme vazio ao meu lado. O meu corpo se movimenta por essa casa como um fantasma. Um corpo sem vida, sem proposito, sem alma. Estou vivendo o pior dos meus pesadelos e não consigo despertar.

Tomo coragem e saio do meu quarto. O silêncio caminha junto comigo e me atinge como um soco forte no estômago. Estou acostumada com a música alta no velho aparelho de som de Richard ecoando pela casa inteira, ou a televisão ligada em algum programa idiota que ele gostava. Mas agora, tudo está quieto.

Estou parada no topo da escada sem saber o que me assusta mais... o silêncio ou a solidão que me ronda.

Desço a escada e eu sei. Eu sei. Eu sei. Eu sei. Entretanto, piso nos degraus com a esperança de ver Richard na cozinha preparando o café da manhã, como ele costumava fazer todos os dias, mas a cozinha está vazia, e o cheiro de café forte e das panquecas não estão mais aqui.

Fico parada no último degrau da escada, com os olhos procurando por ele em todo canto, até as minhas pernas fraquejarem e me sento no chão frio abraçando os meus joelhos. Sem piedade, as memórias invadem a minha mente. A saudade aperta o meu coração e tudo ao meu redor parece tão sem graça, sem cores e sem vida.

Exatamente, um mês atrás, eu vivi o momento mais doloroso da minha vida. Tudo estava perfeito, a minha vida estava perfeita, eu era feliz e realizada. Porém, de uma hora para outra, tudo mudou. Fui atingida por um golpe fatal, da maneira mais cruel possível, da pessoa que eu mais amo na vida,

Contra Todas As PossibilidadesOnde histórias criam vida. Descubra agora