7.

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Mais um dia se passou
E eu continuo sozinho
Como pode ser?
Você não está aqui comigo.
...
Alguém sussurra em meu ouvido e diz:
"Você não está sozinho
Eu estou aqui com você"

Michael Jackson — You Are Not Alone

— Michael Jackson — You Are Not Alone

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𝗣𝗘𝗡𝗘𝗟𝗢𝗣𝗘 𝗖𝗟𝗔𝗥𝗞𝗘

Me levanto mais cedo que o habitual. Espio pela janela e ainda nem amanheceu. Visto uma camisa qualquer e caminho descalça pelo silêncio da casa do Raul. Pretendo ficar algumas semanas por aqui, depois vou procurar uma casinha para alugar.

Quando o primeiro raio de sol invade o lugar, pego o meu celular de cima da mesinha ao lado cama e vou para o banheiro. Decido tomar um longo banho, mas, antes de tirar as peças de roupa, me encaro no espelho por um longo tempo.

Surgiram pequenas manchas na minha pele, algumas espinhas também. As olheiras continuam presentes, um pouco mais suavizadas, porém, continuam aqui.

— Chega de chorar, Penelope — falo baixinho e uma risada de som estranho escapa da minha garganta. — Chega disso.

Balanço a cabeça e jogo a água fria contra o meu rosto.

Olho de relance para o meu celular. Uma notificação fez a tela acender e me deparo outra vez com o papel de parede. Isso está me deixando muito irritada. Toda vez que vejo essa foto, a minha vontade é jogar o celular na parede.

Solto um longo suspiro frustrado e me arrasto para a sala de estar, mas antes de me jogar no sofá, passo na cozinha para pegar uma garrafa de vinho pela metade e uma taça.

— Você não merece as minhas lágrimas — falo encarando a tela do celular.

Abro a galeria e deslizo o dedo pela tela, apagando todas as fotos, uma por uma, os vídeos, tudo, até não restar nenhuma lembrança e, por fim, troco o papel de parede por uma imagem qualquer.

A cada álbum apagado, um gole enorme no vinho, que apesar de ser muito bom, tem um gosto muito amargo no final. Quando a taça fica vazia, encho novamente até o conteúdo da garrafa de vidro acabar.

Preciso seguir em frente!

E isso significa enfrentar os meus fantasmas, enfrentar o maior medo da minha vida. O medo que me assombrou durante toda a minha vida: ficar completamente sozinha.

Aconteceu o mesmo durante a minha adolescência, depois que o meu pai morreu e eu fui morar com a minha avó. Eu sabia que não estava sozinha, eu tinha a minha avó e minhas tias, mesmo assim, eu morria de medo de ficar sozinha pelo resto da vida.

Minha avó sempre dizia: Não importa o quão escura seja a noite, sempre haverá um novo amanhecer.

A tela do meu celular apaga e, como um piscar de olhos, a tela acende novamente, porém dessa vez o "amor" surge na tela de chamada, mas desaparece um segundo depois. Tão rápido como surgiu. Num piscar de olhos.

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⏰ Última atualização: Sep 25 ⏰

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