I - Um Remetente...

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Maggie ouviu o tilintar da campainha de uma bicicleta em frente à sua loja de discos. "Ah, não! Mais contas, eu não aguento mais!" pensava consigo mesmo enquanto se dirigia à caixa de correio. De fato, tinha uma nova carta de notificação sobre o atraso nas contas de água e gás de sua loja, mas isso não chamou sua atenção. Havia junto um envelope amarelo maior e mais volumoso que parecia muito mais interessante.

Ao olhar quem era o remetente, tomou um susto. Saiu de sua loja no mesmo instante, atravessando a rua sem sequer prestar atenção ao trânsito e seguiu em direção à cafeteria Give me Coffee or Give me Death logo a frente.

— Nina, olha o que eu recebi na minha caixa de correio! — exclamou Maggie assim que adentrou na cafeteria, chamando a atenção de uma Nina que terminava de passar o troco a um cliente.

— Hey! Bom dia também!

— Desculpe, — Maggie falou envergonhada enquanto se aproximava do balcão e entregava o envelope a Nina — mas é que você precisa ver isso.

— Mr. Fell? Isso é sério? — exclamou Nina surpresa ao olhar o remetente no envelope.

— Eu não sei, ainda não abri. Quis abrir aqui com você.

— Sério, Maggie? Quer dizer, isso pode ser uma cobrança de aluguel, sei lá...

— Com esse carimbo de "URGENTE" bem na frente do envelope? De alguém que nunca me cobrou um centavo de aluguel? Eu não acho.

— Bom, isso é verdade. — Nina parecia convencida — Mas então o que tá esperando? Abre logo, eu também estou curiosa agora. Depois de todo esse tempo e do nada uma carta dessa...

Nina rasgou o envelope apressadamente. O que já era um mistério tornou-se ainda mais interessante para as duas: havia um novo envelope. Junto com este, entretanto, havia um pedaço de papel dobrado e um apito minúsculo achatado de alumínio. Maggie leu alto o bilhete para Nina, que acompanhava a leitura em silêncio.

Olá, Maggie!

Quantas saudades sua! Minhas saudações a você e Nina (imagino que você vá mostrar essa carta a ela, isso se não estiverem lendo juntas). Infelizmente não posso demorar nas cortesias, me restringindo apenas a esse pedido que suplico pela realização o mais urgente possível.

Nesse envelope tem uma outra sobrecarta que precisa ser entregue a alguém muito especial e que vocês devem imaginar quem seja. O problema é que eu não sei onde ele se encontra. Mas tem alguém que saberá.

É por isso que vocês irão deixar tal envelope às 7:00 p.m. em ponto na caixa de correio de minha livraria, com metade para o lado de fora. Em seguida, irão tocar o apito em anexo três vezes, assobiando o mais alto possível em seguida. Aguardem o carteiro chegar para levar a encomenda.

Por favor, não esqueçam de fazer isso o quanto antes.

PS: Se Muriel aparecer no portão da livraria, inventem qualquer desculpa, mas não citem o meu nome. Saibam, entretanto, que gosto delu, então sejam gentis.

Obrigado pela ajuda.

Até breve,

Aziraphale.

— Okay... estranho — Nina quebrou o silêncio após o término da leitura da carta — mas... vamos fazer, né? Nós ainda temos... — olhou em seu relógio de pulso — uma hora e meia aproximadamente até a gente entregar essa carta ainda hoje.

— Será que essa carta é pro Crowley? — Maggie divagou enquanto Nina dava de ombros.

— Vai saber... é bem provável, pelo jeito que ele fala na carta. — Nina suspirou — O que será que aconteceu, ein? Será que algum dia a gente vai saber?

Foi a vez de Maggie dar de ombros.

— Quem é que sabe? Aqueles dois são muito estranhos. Mas de uma certa forma eles nos ajudaram, então... — pegou o envelope junto ao papel e o apito e se dirigiu à saída da cafeteria — te encontro às 19h na porta da livraria?

— Estarei lá. — prometeu Nina antes de ver a namorada saindo de seu estabelecimento.

...

— Bom, aqui estamos! — Maggie respirou ansiosa e sorriu para Nina, que parecia igualmente ansiosa para ver o desenrolar desse estranho acontecimento — daqui a poucos minutos nós seguimos com o ritual. Preparada? — Nina acenou positivamente.

Então, às 7:00 p.m, Maggie e Nina fizeram exatamente o que Aziraphale solicitou na carta. Precisaram esperar alguns minutos até avistarem um pombo branco se aproximando da entrada da livraria. As duas olhavam maravilhadas o pássaro de fitilho azul no pescoço e uma bolsinha de couro nas costas se aproximando da caixa de correio e, de forma precisa, pegando o envelope com o seu bico e seguindo rumo a um destino incerto.

— Lá vai ele, o grande mensageiro... — Maggie ria maravilhada — Deus! Isso é fantástico!

— Eu bem que deveria suspeitar de algo assim... — Nina falou antes de começar a se afastar da livraria — Vamos, Maggie, antes que Muriel saia no portão e você precise inventar alguma desculpa ruim — Maggie acenou com a cabeça e apressou o passo.

Missão cumprida por parte delas. Agora só restaria às duas desejar boa sorte.

Terra Prometida - Uma História Good OmensOnde histórias criam vida. Descubra agora