feijão com arroz

640 46 13
                                    

O relógio marcava meio-dia e Ramiro acabara de chegar no Naitendei, o peão já estava parado dentro de sua caminhonete a uns dez minutos, pensando em como falaria com Kelvin depois "daquilo".

Não tinha acontecido nada na noite do karaokê, mas os pensamentos estavam corroendo a cabeça de Ramiro. O loiro não saía da mente do peão desde que cantaram juntos no dia anterior, ou talvez ele já estivesse lá muito antes, mas depois da apresentação se acentuou muito mais.

— Rams! — Kelvin aparece na janela da caminhonete com um sorriso no rosto — A Luana me disse que cê tava aí, por que não foi lá?

Ramiro dá um pequeno pulo de susto e vira o rosto para Kelvin.

— Ê Kevin, eu num tô aqui faz muito tempo, não — Ramiro aperta o volante.

— Tendi... — Kelvin olha Ramiro de cima a baixo — Quer sair pra comer? Eu ia pedir uma marmita.

— Mai e se os outro comentarem? — Ramiro diz, mas instantaneamente se arrepende quando vê o loiro revirar os olhos — Deixa pra lá. Entra aí, Kevin — Ramiro aponta com a cabeça para o banco do passageiro fazendo Kelvin soltar um sorriso de canto.
.
Os dois chegam num restaurante simples que tinha perto do Naitendei, o lugar estava cheio, mas ainda tinham alguns lugares vagos. Kelvin avista uma mesa vazia e já chama Ramiro pra se sentar lá.

Os dois pedem sua comida e ficam sentados esperando.

— Eu nunca tinha vindo aqui cume — Ramiro olha em volta, vendo várias pessoas conversando e almoçando.

— Como não? Nova Primavera tem no máximo dois restaurantes, Ramiro — Kelvin diz caçoando do quão pequena cidade era.

— Ah, é que eu tô trabaiando nessas hora — Ramiro volta seus olhos pra Kelvin, que tem uma expressão indignada no rosto.

— Não me admiro do doutor Antônio não te dar um horário descente de almoço — Kelvin se encosta no encosto da cadeira e cruza os braços — Eu ainda acho que você tinha que conseguir um trabalho mais... Humano, talvez?

Ramiro olha por alguns segundos para o rosto de Kelvin, pensando na fala do loiro. Não é como se o peão amasse o jeito que era tratado pelos La Selva, mas já tinha se acostumado. E quem iria contratar "alguém como ele"?

— Num tem pobrema, Kevin. Já tô acostumado — Kelvin vira o rosto pro lado, ainda com os braços cruzados.

Os dois ficam alguns segundos em silêncio, mas o lugar continua barulhento, com várias conversas paralelas.

— Ô Rams, por que você não tá trabalhando hoje? — a voz do loiro fica mais mansa. Kelvin sabe que não importa o que ele diga pra Ramiro, o peão sempre irá achar que não merece ou que nunca conseguiria algo melhor que seu atual emprego.

— O patrão me deu dois dia de folga — Ramiro observa o rosto de Kelvin por um breve segundo, se perdendo por ele — É... Num sei porquê, mai num vô recrama.

A comida dos dois chega, dois pratos de comida bem cheios. Eram um pouco diferentes, mas na maioria bem parecidos.

— Então cê vai tá o dia todo livre hoje e amanhã? — Kelvin olha pra Ramiro com um olhar que o peão já conhecia — Vou te fazer companhia! — o loiro se inclina pra frente e pisca rapidamente.

— Ê Kevin, precisa não — por favor... — Ocê tem que trabaia hoje, num precisa — fica comigo.

— Ah não, vou ficar sim — Ramiro solta um sorriso — Viu? Tá só se fazendo de machão, no fundo cê quer minha companhia.

— Ê... — Ramiro fecha o rosto por um segundo, mas não nega. Logo os seus olhos brilham ao lembrar do prato de comida que tinha na sua frente. O homem arruma a postura na cadeira e começa a comer.

Kelvin começa a comer também e solta um pequeno sorriso ao ver Ramiro atacando sua comida. Talvez não faltasse tanto pra o peão ser finalmente seu...

                         ———
Oi povo😺
Perdão pela demora.
Ah, e eu apaguei o capítulo "temperatura" porque não tinha gostado dele(desculpem 😭)
Enfim, aproveitem😘

Me Aperta - Kelmiro Onde histórias criam vida. Descubra agora