Entre Dois Mundos

CAPÍTULO 4 - Vulnerável e frágil

CAPÍTULO 4

VULNERÁVEL E FRÁGIL I

JEON JUNGKOOK

Duas semanas se passaram desde aquela briga entre Seo-Ari e Leehi, e ainda sinto um peso da culpa e arrependimento em meu coração por não ter agido antes, por não ter feito algo para resolver essa situação antes que ela tomasse a proporção que tomou.

Eu sei que poderia ter tido uma conversa franca e pacífica com Leehi, para tentar entender e resolver qualquer problema que não tivéssemos resolvido. Eu admito que falhei ao não me posicionar quando realmente precisava, tudo isso em nome do respeito às duas envolvidas, principalmente Seo-Ari, na qual tenho uma aproximação maior, e é uma garota incrível que não merecia passar por nenhum desses problemas.

Por medo de causar mais problemas, acabei me ausentando de qualquer responsabilidade nessa situação. Mas isso acabou gerando controvérsias e mentiras sobre o caráter de Seo-Ari, algo que não deveria acontecer de forma alguma.

Apesar de termos conversado sobre Leehi, Malu mostrou-se forte e consciente de que as coisas seriam mais complicadas para ela em relação aos demais alunos, do que comigo. Mas ainda assim, sinto que minha falta de posicionamento prejudicou sua imagem no colégio. Essa situação a afetou profundamente, assim como afetou Leehi, de formas diferentes, talvez, mas ambas ficaram arrasadas.

Para entender melhor minha relação com Park Leehi antes dessa briga, é preciso voltar um pouco no tempo.

Quando eu ainda estava no jardim de infância, meus pais decidiram me colocar na Seoul Baby Boarding School por falta de tempo deles. Ambos trabalhavam muito e minha mãe acabou engravidando de mim nesse período. Mas meu pai, que sempre foi um homem ambicioso quando se trata de dinheiro, não soube lidar com essa novidade. Para ele, a gravidez atrapalharia seus negócios.

Minha mãe optou por dar uma pausa no trabalho durante a gestação para garantir uma gravidez saudável e feliz. Foi nesse momento que ela começou a suspeitar das infidelidades de meu pai. E como ela suspeitou? Bem, minha mãe sabia de todos os países e lugares que meu pai visitava a trabalho, então, quando começaram a chegar e-mails de reservas em lugares que ela não havia feito, gastos em lojas femininas desnecessárias e outras coisas estranhas, ficou evidente que algo estava errado.

Vocês podem até pensar que meu pai estava comprando presentes para minha mãe por causa da gravidez, mas não era o caso. Essas lojas que ele frequentava não eram para grávidas, tão pouco estavam em sua rota usual de viagens de trabalho, ele não informava onde ia e o porquê de suas ausências de semanas e meses. E quando minha mãe o confrontava, ele passava mal de nervoso, tentando desviar a atenção dela. Minha mãe, ansiosa e perto de dar à luz, encontrou até cupons de casas noturnas em seus pertences.

Ela escolheu não tocar no assunto na época, para não estragar o resto de sua gestação. Depois que eu nasci, ela comunicou à família o divórcio, mas meu pai conseguiu contornar a situação de tal forma que ele a fez parecer culpada pelas infidelidades e que tudo não passou de uma imaginação infundada. Desde então, o casamento dos meus pais é conturbado e cheio de ressentimentos.

Com um ano de idade, minha mãe escolheu cuidadosamente a Seoul Baby Boarding School para mim. A partir desse momento, minhas visitas para casa eram de apenas cinco dias a cada seis meses. Minha mãe sofreu muito durante esse período, mas ela acreditava que crescer em um ambiente sem amor me transformaria em uma criança infeliz. Então, ela tentava tornar esses cinco dias os mais memoráveis possível, por meus avós e por ela. No entanto, isso significava que meu contato com meu pai não existiria, e eu nunca soube o que é ter um relacionamento afetuoso com eles. Ele e nada era a mesma coisa para mim. Todo o amor e carinho que experimentei foram proporcionados por meus avós e minha mãe, do modo deles, mas de alguma forma, eu procurava entender.