CAPÍTULO 6 - Você não se ouve

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CAPÍTULO 6

VOCÊ NÃO SE OUVE III

JEON JUNGKOOK

Os pensamentos agitados da noite anterior continuavam a me atormentar, como flashes de memórias que insistiam em invadir minha mente. Levantei-me diversas vezes durante a madrugada, incapaz de encontrar paz e descanso. Já se passavam das três da manhã e eu ainda não havia conseguido dormir. Por fim, fui vencido pelo cansaço e consegui adormecer em meu quarto, com a brisa fresca que invadia a minha janela.

No dia seguinte, acordei atordoado com as batidas fortes em minha porta. A barulheira interrompeu meu sono de forma brusca, me causando uma dor incômoda na nuca, eu me levantei da cama ainda cambaleando, abrindo desajeitadamente a porta. Fui empurrado para o lado com um sorriso enorme estampado no rosto do meu pai. Em suas mãos, ele segurava um jornal com a foto da nossa família e uma foto minha e da Leehi na capa principal.

Ao ver aquela foto, senti uma náusea me invadir, a cabeça estava pesada e eu não conseguia formular uma resposta ao comportamento de meu genitor. Era algo que eu definitivamente não gostaria de ver por aquela manhã, tão pouco cogitei a hipótese que ele teria a coragem de vir até mim pra isso. Coçando meus cabelos e suspirando cansado, tentei novamente formular algo que me livrasse da presença indesejada do senhor Jeon, mas a minha cabeça não cooperava, o seu sorriso cínico no rosto fazia com que eu me sentisse preso em um tormento sem fim.

Era óbvio que eu fiquei descontente ao ver minha foto e a dela ali, era algo que se longe eu gostaria de ver, eu não fazia questão de estar ali com toda aquela armação que me colocaram, era algo incômodo e desesperador aos meus olhos. Caminhei lentamente para a cama, coçando meus cabelos e suspirando, frustrado com meu sono interrompido, na qual eu custei a conseguir. Era irritante a forma que o meu genitor conseguia passar de um velho egocêntrico de 53 anos para um adolescente birrento de 13 anos.

— Eu não vou perder o meu tempo em te perguntar o que te trouxe aqui. Pois eu já imagino o que seja. - suspirei pela milésima vez, sentindo uma pontada na nuca. — Sinceramente, eu não consigo acreditar que você veio até aqui para me mostrar essa matéria no jornal. Não imaginei que você tivesse toda essa falta de empatia ou falta de vergonha na cara. - procurei meus óculos na escrivaninha ao lado da cama e os posicionei em meu rosto, evidenciando meu descontentamento com um olhar cansado. — Meu querido genitor, não que você se importe, mas eu não tive uma boa noite de sono, eu preciso descansar, eu preciso de um momento de paz longe de você. - olhei rapidamente o relógio acima de sua cabeça na parede. - São seis e meia da manhã, eu só dormi por três horas e meia.

— E de fato eu não me importo, não seja rabugento, garoto. - ignorou tudo que eu disse. — Eu abdiquei meu precioso tempo para vir até aqui te agradecer por ter sido útil pela primeira vez em anos. Bem que dizem que os filhos demoram, mas mais cedo ou mais tarde os bons frutos aparecem. - proferiu sarcástico, com um sorriso ridículo nos lábios. Ou ele estava se fazendo de doido por todo o acontecido de ontem, ou ele queria descontar em mim sua frustração.

— Realmente, eu já perdi as esperanças em você. O senhor é um ser humano desprezível e mesquinho, mesmo depois de ontem e tudo que passamos pela sua falta de respeito e seja lá qual for o sentimento positivo que você deveria ter e não teve, você veio até mim para me mostrar algo que nos trouxe uma grande dor de cabeça!? - eu queria gritar de ódio, como que ele conseguia ser assim. — Não tem mais o que fazer da vida? Algum trabalho do escritório pendente? - suspirei, passando as mãos no rosto. — Eu te transfiro o seu tempo perdido e te peço que saia do meu quarto. - levantei da cama levemente atordoado, a dor aumentava gradativamente.

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