Entre Dois Mundos

CAPÍTULO 3 - Eu vejo você

CAPÍTULO 3

EU VEJO VOCÊ

MALU SEO-ARI

Eu me lembro claramente de quando cheguei ao internato e percebi que as alunas não me davam espaço para me enturmar. Eu me sentia excluída e não entendia o motivo. Foi então que decidi abordar a diretora Park Soyeon e pedir sua ajuda para fazer algo pelos outros alunos. Como eu havia aprendido coreano com meus pais, achei que poderia ajudar as alunas menores que estavam lutando para se adaptar ao ambiente do internato.

Park Soyeon, gentilmente, me deu a oportunidade de trabalhar com as alunas mais novas, e foi aí que minha bolha social se limitou ao fundamental e poucas estrangeiras. Eu me sentia grata por poder ajudar, mas ao mesmo tempo desejando ter amizades mais próximas.

Cada vez que eu tentava me juntar ao grupo na cantina para almoçar, as garotas simplesmente me excluíam sem motivo aparente. Eu me sentia invisível e deslocada, sem entender o que eu havia feito de errado. Essa situação me deixou triste e sozinha.

Foi somente algumas semanas antes de conhecer Jeon Jungkook que tudo começou a fazer sentido. Park Leehi, uma aluna muito influente devido ao seu status social e o fato de seu pai ser um deputado, não aceitava que algo ou alguém pudesse ofuscar sua pessoa. Ela se sentia ameaçada por minha presença e fazia de tudo para me sabotar, sem ao menos conversarmos. E o outro fato era o Jungkook, o motivo de todas as exclusões e hostilidades finalmente foi revelado.

Apesar de me sentir angustiada com a atitude de Park Leehi, eu decidi não me deixar afetar por suas ações negativas. Eu sabia que tinha algo especial a oferecer e que merecia ser valorizada. Ainda assim, era difícil não se abalar com a rejeição constante.

E então, aconteceu. Jeon Jungkook, cruzou meu caminho e começou a mostrar interesse genuíno por mim, e atualmente somos bem próximos.

A diretora Park Soyeon me chamou para a diretoria para discutir novamente toda a situação que havia ocorrido desde o meu primeiro encontro com Jeon Jungkook na biblioteca, a entrega do pingente nos fundos do internato e a rejeição das demais alunas, com Park Leehi sendo a principal causadora de todo o caos.

Tivemos uma conversa franca e aberta sobre tudo. Falei com convicção sobre meus sentimentos e sobre como não me importava com a exclusão das outras alunas por não gostarem de mim por minhas atitudes, mas sim pela influência negativa que Park Leehi exercia sobre elas, ferindo a mim. A diretora pediu minha compreensão e explicou que não retiraria minha bolsa de estudos, pois finalmente havia chegado à conclusão de que eu não tinha nada a ver com os boatos diretamente. Ela reconheceu que meu único erro foi ter desrespeitado a regra do internato, tendo contato com Jungkook, mesmo sabendo das regras. Porém, mencionei que Jungkook também estava comigo e não havia sofrido sequer uma fração das consequências que eu estava enfrentando. Não o culpo por isso, mas era evidente que a situação era muito desvantajosa para mim. Não me arrependi de tê-lo conhecido, pois não considerava minha atitude tão grave em relação à crueldade que estava sendo direcionada a mim.

De volta ao bloco feminino, as outras alunas me olhavam de relance, mas percebi que seus olhares não eram de julgamento. Eu sabia que era por causa da influência negativa de Leehi. Decidi propor uma conversa com todas elas para tentar esclarecer as coisas.

Comecei a falar, trazendo todas as minhas emoções à tona:
— Desde que cheguei aqui, não fui recebida por vocês com o mínimo de respeito ou acolhimento. Nunca ofendi ou prejudiquei ninguém. Não quero estar em um ambiente onde não sou bem-vinda. Tenho meu valor e amor próprio! Se vocês estão acostumadas a serem "Marias vai com as outras", sinto muito por vocês, pois isso demonstra uma autenticidade zero! Se Park Leehi tivesse algo a dizer, ela deveria falar comigo diretamente. Agora, por que vocês aceitariam algo tão ridículo como excluir outra aluna só porque Park Leehi ordenou?