Pêndulo

0 0 0
                                    

Um pêndulo sobre uma bancada de madeira, desgastado, mas que ainda se movimenta uniformemente de um lado para o outro, mantendo seu movimento há décadas. Ele está lá e vê tudo como um espectador silencioso, que tudo admira e nada elogia, sendo meramente um personagem secundário que pode ser excluído a qualquer momento da história, mas por alguma razão, o autor se abstém de pôr um fim à ele.

Este pêndulo há muito tempo, vivia seus dias de glória. Representava a mais alta nobreza, junto de seu dono, um respeitoso e bem-sucedido homem. Este que possuía não uma, mas duas mulheres. O pêndulo ficava na casa da segunda e mais nova mulher, podendo dizer, seria sua dona.

Seu dono, era um ríspido e vívido homem, já trabalhou no exército, aeronáutica e levava a vida com o direito, seja penal, civil, dentre outras. Isso tudo lhe dava um imenso orgulho, ele era útil para um homem tão incrível. Conforme o tempo foi passando, o pêndulo se viu numa encruzilhada com dois fins à beira do abismo. Seus donos haviam brigado feio, o dono não brigaria pelo pêndulo, longe disso, deixaria ele aos cuidados da bela moça que outrora fosse sua "amante".

O pêndulo não ligou muito, já que ela era a pessoa que mais o observava fazer o tempo passar e era uma relação bastante pacífica. Esta moça o levou para lugares longínquos e lhe mostrou um novo dono, um novo homem. O pêndulo não comentou sobre e apenas prosseguiu fazendo o seu trabalho de sempre.

Mas teve um momento em que o pêndulo encontrou uma ampulheta. Sua madeira era da mais alta qualidade e o tempo se passando sobre ela, era um show para os humanos. A cada olhada que o pêndulo despejava sobre ela, a areia que descia sobre sua curva, indicava o tempo que faltava. Eles tiveram uma relação bastante demorada, assim como a contagem dos minutos, e como todo relógio de areia, a areia enfim se encerrou e ambos foram embora.

Pêndulo se sentiu vazio, não de fato, era feito de engrenagens muito bem colocadas. Mas faltava algo para incrementar e fazer dele, também um humano como os que o rodeavam. Mas ele não era humano, este foi seu erro, querer ser como os outros.

E atrás dessa relevância, dessa conquista pífia, ele caiu ladeira abaixo nas mãos do empírico, no padrão de pensamento. E sua essencial, sua felicidade, seu barulhinho de contagem de tempo se foram para sempre.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 09, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Histórias ReflexivasOnde histórias criam vida. Descubra agora