Ao Bater das Asas

Capítulo 7

Um anjo e um corvo andam lado a lado

Um pôr do sol, um vento sereno e um ar de tranquilidade se instauraram naquele fim de tarde. Era como se uma melodia silênciosa e calmante estivesse passando pelas folhas das árvores do jardim e chegando a entrada da casa dos Mansi. Com uma batida na porta, a melodia se encerra.

Hiago estava sentado no balcão da cozinha apreciando a vista da janela em silêncio, já Angel estava sentada na porta do jardim sentindo a brisa do vento batendo em seus ombros. Os dois esperavam pelo doutor que iria fazer um exame de rotina na jovem. Assim que ouviram a batida na porta, Hiago se levantou de onde estava sentado e abriu a porta da entrada.

— Boa tarde, desculpe pela demora. Tive alguns problemas no hospital e acabei me atrasando um pouco — Marcos era um homem alto, de pele negra, cabelos crespos e tinha uma barba rala. Ele usava uma calça jeans, camisa branca e um óculos cinza. O homem carregava consigo uma bolsa cheia de equipamentos médicos.

Ele conhecia há família a muitos anos e era um dos pouco médicos que Angel conheceu em toda sua vida. Por isso, Hiago não exitou antes de sorrir e abraçar o rapaz, convidando-o para entrar. Fazia muito tempo desde a última vez que Marcos visitou a casa dos Mansi.

— Não se preocupe, eu e Angel não esperamos tanto. Fique a vontade para entrar! — Assim que o rapaz passou pelo batente da porta, a garota se levantou para receber o convidado.

— Marcos! Eu senti sua falta — Angel abraçou o homem e sorriu para ele. Quando criança, a jovem tinha medo das consultas e dos exames, mas o rapaz sempre a acalmava e trazia doces para recompensá-la quando ela se mostrava corajosa. Por isso, Angel criou um carinho pelo homem que sempre a tratou bem, independente da peculiaridade da garota.

— Bom te ver também, anjinho! Vamos começar a consulta? — Marcos bagunçou o cabelo da menina e caminhou para um sofá que havia no corredor, esperando que ela se sentasse para iniciar o atendimento.

Ele fez uma bateria de exames completa. Tirou sangue, verificou os batimentos cardíacos, fez um teste de visão, algumas perguntas sobre alimentação e se ela sentia algum sintoma. Quando Marcos terminou de fazer a consulta, guardou seus equipamentos na bolsa e se virou para Hiago.

— Pelo que vi, ela ainda parece ter uma saúde de ferro, mas vou analisar os exames e te dou uma resposta mais certa — Hiago acenou com a cabeça para o homem e foi ajudar Angel a levantar do sofá, já que sempre que faz exame de sangue, ela se sente um pouco fraca.

— Vou indo embora, agora que terminei por aqui. Não se esquece de comer algo antes de dormir — A garota concordou com a cabeça e ela junto de seu pai foram levar Marcos a porta. Quando estava prestes a sair, o rapaz pareceu se lembrar de algo e se virou olhando para Hiago.

— Você continua tomando as injeções de insulina corretamente? Não consegui falar mais com você sobre isso desde que te dei o diagnóstico de diabete, acabei ficando preocupado — Hiago tranquilizou o homem de que estava aplicando tudo do jeito certo e que se sentia bem.

Pai e filha se despediram de Marcos, antes de fecharem a porta da entrada e irem trancar o resto da casa para dormirem. Depois que nada mais estava aberto, o homem se virou para a garota com os olhos piscando mais lentamente de sono.

— Vou verificar como está sua mãe e depois vou dormir, foi um dia muito cheio para mim e para ela — Angel deu um sorriso forçado para seu pai e se encaminhou para a cozinha, mas ele percebeu o desconforto e angústia da filha.

— Angel, quero que você preste bastante atenção no que vou dizer — Hiago caminhou em direção à menina e segurou seus ombros, fazendo com que ela olhasse para ele.