Um lugar tranquilo
Os ventos da tarde corriam pelo jardim e rodeavam uma bela casa, com a chegada do outono as árvores haviam mudado as cores de suas folhas e muitas conheceram seu destino no chão. Na residência encontrava-se uma garota adormecida em seu quarto tirando uma bela soneca da tarde até que o barulho de uma batedeira acordou a menina.
— Não tinha outra hora para fazer bolo? — Angel se levantou insatisfeita por ser acordada de uma forma desagradável e dirigiu-se para seu banheiro com o pensamento de lavar a cara toda amassada. Ao lavar o rosto a garota conduziu seu olhar para as grandes asas pretas que se estendiam pelas suas costas, e uma memória veio a sua cabeça no momento.
Uma garotinha pulava alegremente ao redor de sua mãe tentando de tudo para fazê-la contar o porquê de não sair de casa, a mulher cansada da criança perturbando seu sossego decidiu falar para obter sua tão desejada paz.
— Angel, você vê essas asas nas suas costas? Os humanos temem o desconhecido e elas te tornam diferente deles, por isso mantemos você aqui, longe das pessoas que poderiam machucá-la — Ao ouvir as palavras de sua mãe o rosto da menina se tornava choroso.
— Mamãe, porque você e o papai não possuem asas também? — Anne aparentou estar perturbada por um momento, mas logo se recompôs e respondeu à pergunta de sua filha.
— Nos dois somos humanos, mas não sei o porquê de você ter nascido com asas — A pequena pareceu pensativa por um instante antes de sair correndo para a biblioteca da casa em busca de informações.
Após relembrar uma de suas memórias a garota suspirou voltando para a realidade. Antes de sair do seu quarto ela pegou um dos seus livros favoritos que já aparentava estar um pouco velho, nele contém uma história sobre uma mulher que navegava pelo oceano junto do seu marido em busca de tesouros e aventuras.
Procurando um lugar tranquilo para ler a jovem se desloca em direção a biblioteca, mas ao passar pelas janelas que exibiam a bela floresta de seu quintal ela sentiu uma sensação estranha, parecendo ser um sentimento de conforto e quase familiar para a garota, como se ela já tivesse se relacionado de alguma forma a outra floresta. Como a menina já havia sentido um sentimento parecido antes ela ignorou, mas dessa vez foi muito mais forte do que as outras vezes.
Ao entrar na biblioteca Angel vê seu pai sentado em uma poltrona aparentando estar bem concentrado lendo um livro. O lugar não era exatamente pequeno, mas a garota sempre preferia ler em um local sozinha e ela não queria incomodar seu pai, por isso ela saiu da biblioteca e se dirigiu a cozinha.
Chegando lá a menina viu sua mãe sentada trabalhando em algo no computador dela, ao lado da mulher estava um bolo de cenoura com calda de chocolate que tinha um cheiro delicioso. Resistindo a tentação de pegar um pedaço, a jovem saiu da cozinha para não atrapalhar sua mãe também.
Sem muitos locais restantes ela sentou embaixo de uma árvore na floresta e passou a primeira página do livro, satisfeita por achar um lugar para ler em paz.
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Ao Bater das Asas
RomanceUma casa silenciosa, por vezes barulhenta. Um jardim com uma floresta fascinante que a chama. Os únicos lugares que Angel Mansi conheceu por enquanto. Por conta do deslumbrante par de asas que ela carregava em suas costas, seus pais a proibiram de s...