É 𝐈𝐍𝐂𝐑Í𝐕𝐄𝐋 𝐀 𝐅𝐎𝐑𝐌𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐒𝐎𝐌𝐎𝐒 simples átomos de nada. Porque em um dia, estamos de pé, vivendo nossas vidas ao lado das pessoas que amamos. E no outro, tudo o que resta é o corpo entrando em decomposição em um solo, embaixo da terra.
Era justamente esse fato que vinha atormentando a mente de Laya, a partir do momento em que a mesma recebeu a notícia de que seus pais adotivos haviam sido mortos em um incêndio.
O ocorrido passou-se durante o verão. O casal decidiu de última hora que iriam alugar uma casinha no litoral de uma famosa ilha, na intenção de tirarem férias do mundo.
Porém, o que ambos não esperavam era que aqueles meses em afastamento resultaria em morte.
Desde então, a filha tenta incansavelmente retirar de seu coração o sentimento de dor, só que claro que é impossível, ainda mais no início do luto.
Ele tem a mania de deixar um vazio, uma sensação que nunca irá embora e de que sempre existirá algo para te lembrar da pessoa que se foi... ao perdemos, é tudo semelhante à um limbo. Vazio e sem saída. É essa a verdadeira função do luto.
Em sua infância, Laya foi jogada em um orfanato. Por ser muito pequena, ela não conseguia lembrar dos rostos e das vozes de seus pais biológicos. Mas foi quando tudo se mostrou perdido, que Pete e Alya apareceram.
Os dois adotaram a mesma e depositaram sobre a tal um carinho gigantesco. Bastou para a garotinha. Ela estava feliz e se sentindo amada, pela primeira vez em muito tempo.
Entre tanto, atualmente ela achava-se sozinha. Totalmente e perdidamente sozinha.
Com a cabeça escorada na vidraça de um carro, a única coisa que podia ser escutada era o som de uma música tocando no rádio, bem baixinho.
A paisagem daquele lugar tirava o fôlego de qualquer um. Beacon Hills tinha uma beleza extravagante e passava o ar de aconchego, por ser um tanto minúscula.
O povoado da cidade diminuiu a partir do momento que sacrifícios, mortes, sequestros e assassinatos subiram para o topo.
Foi isso que fez Laya se mudar, a curiosidade.
Porque tantas tragédias em um lugarzinho tão bonito?
Pensou a adolescente de mechas loiras.
Ela queria e iria descobrir a resposta, pois quando alguma coisa perturbava muito seu cérebro, a mesma não parava até que resolvesse a causa disso. O inimaginável seria que os mistérios e acontecimentos estranhos eram resultados de um universo caótico e sombrio.
Um universo tampouco sobrenatural, que envolviam lobisomens e seres da mitologia.
━ Senhorita, nós chegamos. ━ O motorista avisou.
O homem de cabelos brancos retirou a Skawinski de seus devaneios, no momento em que freiou o carro, fazendo-o parar em frente a um prédio.
Abrindo a porta e pisando os pés no asfalto, a alourada inalou o ar profundamente, assim que avistou seu melhor amigo encostado na portaria.
━ Muito obrigada. ━ Laya agradeceu sorrindo, e entregou o dinheiro para o que veio dirigindo.
━ Por nada, minha querida. ━ Após retirar duas malas do veículo, o cidadão entrou novamente e foi embora.
Arrastando as rodinhas da bolsa e caminhando lentamente até Isaac, a moça exibiu uma fileira de dentes alinhados e brancos e esticou os braços para abraçar o rapaz.
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