🔥𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 10🔥

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𝐌𝐞𝐥𝐚𝐧𝐢𝐞 𝐀𝐝𝐚𝐦𝐬

Sinto uma presença sombria aomeu redor, me sufocando como paredes de um quarto se encolhendo até meus ossos serem esmagados. Oh não...

Eu era apenas uma garotinha caindo de sono ao lado do fogão velho e enferrujado, do papai. Sentindo o álcool estúpido da sua língua, usando suas palavras ofensivas para um jogo rápido de humilhação. Os seus primeiros maus-tratos, que eu jamais irei me esquecer. Bagunçou a minha mente a ponto deu me prejudicar em conectar com as pessoas, minha percepção de ver o mundo.

Poucos anos depois, eu comecei a ouvir vozes na minha cabeça, até se tornarem uma única voz. Sem gênero. A mesma que me apresentou ao meu objeto de alívio e causadora da minha morte. Eu a escutei, uma única vez antes deu vê-lo uma última vez nos tribunais. Elas me diziam para fazê-lo dormir para sempre, por estarem fartas juntas a mim, com tudo que ele nos fazia passar em suas garras de predador raivoso. Me senti louca pra caralho, quanto fiz seus malditos cookies usando um ingrediente especial...Straik. Veneno para rato. Ele levaria no máximo 7 dias para morrer. impedindo sua coagulação sanguina, causando hemorragias internas e externas. Uma criança é capaz de fazer loucuras para se sentir segura.

Ainda seria pouco para você, papai. Que me asfixiou em um dos seus ataques de raiva, das vezes que machucou meu corpo, senti cada soco até meu corpo não ter mais forças para reagir...isso não é divertido para uma criança, ou estou errada?

Mas acredito que isso possa ser um tipo diferente de afeto. Pelo que posso observar, isso é normal na sociedade. O Heitor e o papai, não tenho dúvidas que se dariam muito bem. As palavras sujas deles, está em mim como uma tatuagem ruim, ou como parasitas invadindo minha pele subcutânea, me desprotegendo, tirando tudo que a de bom em mim. O pior, é que essa história sempre se repete, mas está tudo bem. Só preciso tentar me acostumar.

Só não entendo, o porquê com os meus avós é tão...diferente? Eles não apertam meu braço até prender meu sangue, deixando roxo. Não falam que irão cortar minha língua se eu não calar a boca...as vezes me pego questionando, se eles me amam mesmo. Mas sei que sim. Eles me amam mais que tudo nesse mundo. Só demonstram melhor.

Em meio a esse paralelo estranho, que essa presença me mostra, da minha vida. Sinto algo diferente no peito, algo reconfortante, o oposto da dor que senti até o meu último suspiro. A imagem dos sorrisos incomparáveis dos meus amáveis velhinhos de cabelinhos grisalhos, e um novo sorriso se formando entre eles, colorindo um pouco mais essas visões, ou memórias...

A noite que Margarida, dormiu ao meu lado me fazendo vários cafunes. Enquanto George, contava uma de suas inúmeras histórias emocionantes, e entre elas a história de como eles se apaixonaram. Foi nessa noite, que criei enormes expectativas de poder encontrar, o meu príncipe encantado. A atenção de ambos, os cuidados mínimos para uma jovem estável que sempre fui...é semelhante, ao responsável por impedir do meu corpo ser estilhaçado contra aquele metrô.

Alguém que enxergou algo em mim; além do que eu possa ver e lutar por isso. Me dando forças para enfrentar o que mais tive medo de arriscar, que ofereceu seu peito para mim enxarcar quando as palavras se formassem em um único nó apertado na minha garganta. Obrigada, Brayan...

Obrigada por se preocupar comigo, os sorrisos que você conseguiu me arrancar... Eu nunca pedi para que me salve-se dessa condenação, e sim, que me ajudasse a ter meus últimos momentos bons aqui nessa terra. Obrigada a você e aos meus avós, por tudo isso.

Creio que agora, finalmente chegou minha hora...só peço a essa presença que mate minha alma lentamente, para que eu continue vendo essas curtas memórias tão maravilhosas.

𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒐 𝑷𝒂𝒔𝒔𝒂𝒅𝒐 - 𝑯𝒆𝒓𝒐́𝒊 𝒐𝒖 𝑽𝒊𝒍𝒂̃𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora