🔥𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 11🔥

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10:02 𝐝𝐚 𝐦𝐚𝐧𝐡𝐚̃

𝐌𝐞𝐥𝐚𝐧𝐢𝐞 𝐀𝐝𝐚𝐦𝐬

No início dessa manhã, as dores compulsivas ainda se mostram vivas dentro de mim. E isso me deixa um pouco nervosa. Dói quando me lembro das suas declarações melódicas, de me trazer rosas vermelhas junto com um cartão, me pegando de surpresa em um dia ruim, seu toque que fazia minha pele arder em luxúria, a forma como nós olhamos pela primeira vez... 8 meses vivendo e acreditando nas suas lindas mentiras. Agora as rosas são entregues com escritas vagas de desculpas, por todos os erros que para você, não passou de paranoia da minha cabeça, seus toques agora, me machucam, deixam marcas na minha pele como uma tatuagem que passa bem longe de suas expectativas. As marcas mesmo que entrassem em minha pele e virasse uma cicatriz no âmbito externo, que sempre passei pano na ilusão de que você estava realmente arrependido e que mudaria por nós, mas agora...você passou de todos os limites, distorceu toda a minha realidade assim como meu pai fez, mudando minha percepção mais uma vez sobre as pessoas, me dando medo delas.

Lili entrou no meu quarto com seu largo sorriso dizendo bom dia repetidas vezes, abrindo as cortinas ressaltando sobre como a primavera será bonita esse ano. Na tentativa de elevar meu animo, ela em momento algum deixa o clima esfriar entre nós, pelo contrário, ela me faz perguntas que tem longas respostas, me obrigando de certa forma a conversar com ela. Sua atenção e preocupação, para mim foi algo incrível, difícil de esperar de algumas pessoas que exercem essa profissão, que realmente amam o que fazem. Então não tive como não agir da mesma forma. Nos distraímos juntas, e em toda consulta com o médico responsável pelo meu caso clínico, ela se mostrava presente, emanando confiança e que tudo estava bem. Após os checapes, não sei quem ficou mais feliz, ela ou eu com minha alta do hospital permitida. Minha pulsação estava boa, meus batimentos, os pontos estavam firmes e sempre higienizados além das vitaminas em dia que meu corpo precisava.

Me senti tão feliz, que a abracei não me importando com a dor aguda dos pontos que levei nos pulsos. Ao acordar, esperava encontrar com o Brian ao meu lado, porém pelo que ela me explicou, ele teve uma emergência e saiu pouco tempo depois que peguei no sono. Não sei qual foi sua emergência, mas espero que ele pelo menos venha para me acompanhar até em casa.

Agora nesse momento, Lili penteia cada mecha do meu cabelo com cuidado e sutileza, explicando os cuidados que devo ter quando for tomar banho e os horários de cada medicamento para dor que devo seguir. De frente a janela do quarto, sentada na pequena poltrona, me perco em suas explicações com os pensamentos em outro lugar, fixados bem ao longe um pé de tomate na sacada do condomínio ao lado do hospital. De repente a voz do Brayam ecoa como um sopro em minha mente, lembrando-me do seu sorriso ao dizer pela primeira vez o apelido que ele me deu. Ele não me traz ansiedade, ele agita minhas borboletas no estômago, o suor das minhas mãos perto dele, não são de desconforto e medo, e sim de nervosismo por ele está sorrindo pra mim, conversando comigo, dizendo coisas aleatórias para me distrair...algo totalmente diferente, só um pouco semelhante à minha corrente do passado, mas que prefiro esquecer pelo menos agora. A forma de como sempre esteve comigo, quando doía aponto de não conseguir dizer absolutamente nada. Salvou minha vida pela segunda vez, sem ao menos hesitar. Não quero perder o controle de novo, sabendo que ele está comigo.

Meus avós junto com ele, chegam ao mesmo tempo no hospital. Pelo que Lili me informa. As roupas que meus avós trouxeram foram apenas um conjunto de moletom da cor cinza, nada justo para não apertar os pontos e nada muito largo para não ser brega demais. Lili me acompanha até o banheiro para que eu possa me olhar uma última vez antes de ir vê-los. Meu rosto está corado, com vida comparando a última vez que me olhei no espelho de casa. Meu cabelo está liso e sedoso, além que Lili retocou minha franja, admito que fiquei apreensiva em aceitar de início, mas como resultado, ela me surpreendeu. Acredito que ela foi cabelereira em outra vida. Antes de sair, dou uma última olhada no quarto, percebendo que jamais vou sentir falta desse lugar, só da enfermeira Lili.

𝑪𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒐 𝑷𝒂𝒔𝒔𝒂𝒅𝒐 - 𝑯𝒆𝒓𝒐́𝒊 𝒐𝒖 𝑽𝒊𝒍𝒂̃𝒐Onde histórias criam vida. Descubra agora