Memórias Póstumas.

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Os raios solares brilhavam suavemente através da janela, banhando o quarto com uma luz dourada característica. Seus olhos escuros se abriram lentamente, acompanhados de resmungos de insatisfação. A dor de cabeça era tolerável, porém, ainda desconfortável. Após alguns segundos, ele percebeu que não estava em seu próprio quarto e, aos poucos, flashes da noite anterior começaram a ecoar em sua mente: as cenas na festa, as palavras trocadas, os gestos compartilhados. Embora tudo ainda fosse um borrão, uma sensação indescritível de satisfação por ter vivenciado aqueles momentos começava a surgir.

Sentando-se na cama, Jungkook apoiou a mão sobre a cabeça, soltando outro resmungo. Seus olhos ainda sonolentos vagaram pelo ambiente, notando os pequenos detalhes ao seu redor, como a cartela de remédio disposta sobre a pequena cômoda. Ele já tinha uma vaga noção dos acontecimentos.

A noite anterior tinha sido intensa, e ele não conseguia tirá-la da mente. Embora não pudesse recordá-la completamente, estar no quarto de Jimin já lhe trazia memórias do desfecho daquela noite. Essas lembranças fragmentadas eram o suficiente para despertar sua curiosidade e ansiar por mais clareza.

Em um impulso repentino, Jeon levantou-se da cama, encontrando-se em pé. Ainda um tanto desequilibrado, ele apoiou-se na referida cômoda, curvando a cabeça. Seus olhos desviaram-se para as roupas que vestia, e um riso abafado escapou de seus lábios, enquanto ele balançava a cabeça incrédulo. Ali estava ele, na casa de Jimin, usando parcialmente suas roupas. Jamais poderia ter imaginado que se encontraria em uma situação tão peculiar como aquela.

No entanto, assim que essa percepção o atingiu, começou a se questionar sobre o paradeiro de seu anfitrião. Se ele estava na cama de Park, então onde diabos estava o próprio Park?

Assim, saiu do cômodo em que estava e percorreu os corredores da casa, banhados pela luz do dia. Aproveitou a oportunidade para observar mais atentamente a residência, algo que não havia feito anteriormente, nem mesmo na noite passada - por motivos óbvios. Era evidente que a casa não se comparava nem de longe à grandiosidade da mansão Jeon; era pequena e tinha diversas rachaduras visíveis nas paredes. As marcas do tempo eram visíveis nas paredes desgastadas e nas janelas com vidros embaçados. Os móveis, de madeira desgastada e sem adornos, pareciam ter sobrevivido a muitos anos de uso.

O aroma discreto de um perfume caseiro flutuava no ar, evocando um sentimento de familiaridade e simplicidade. Algo que Jungkook pouco experienciou.

A casa transmitia uma sensação de história e de vida bem vivida, uma vida que não se baseava em luxos extravagantes, mas sim em valores mais fundamentais. Era um lembrete poderoso de que a verdadeira essência de um lar reside nas experiências compartilhadas e no calor humano, não na aparência ou no requinte. Esse fato abalou o tatuado.

Embora repleta de luxos e com uma quantidade inimaginável de dinheiro, a mansão não era capaz de proporcionar a sensação de acolhimento e não era reconhecida como um verdadeiro lar por Jungkook. Faltava a ela o toque de ternura, a presença de histórias familiares e memórias afetivas que tornam um lugar verdadeiramente especial. Em vez disso, a mansão era um vazio, com cômodos enormes que não ofereciam o conforto genuíno que se espera de um lar. Apesar da opulência material, havia uma ausência tangível de calor humano e de conexões emocionais profundas naquela residência. Os espaços grandiosos e suntuosos pareciam mais uma exibição de riqueza do que um ambiente onde se podia sentir-se verdadeiramente abraçado e compreendido. Enquanto vagava pelos cômodos amplos e impessoais, sentia-se distante de qualquer sentimento de intimidade. Não havia marcas de uma vida vivida, nem objetos que contassem histórias ou despertassem memórias afetivas. Em vez disso, predominava a sensação de estar em um espaço impessoal e frio, onde o conforto genuíno se perdia entre os excessos materiais.

Namorado Por Contrato | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora