Sentimentos Complexos.

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Jungkook estava tremendamente nervoso.

No meio da sala, caminhava de um lado para o outro, com os braços cruzados e o olhar perdido. Somente naquele instante começou a refletir sobre todas as possíveis complicações que poderiam surgir. Talvez entrar naquela farsa não tivesse sido uma das melhores ideias que já tivera. A ansiedade percorria seu corpo e ele se questionava se conseguiria manter o equilíbrio necessário para sustentar a situação em que havia se envolvido.

Parecia que as últimas semanas tinham sido desconectadas de sua vida cotidiana; como um sonho. Tudo isso, graças ao aparecimento exclusivo de Jimin. Não conseguia articular exatamente o que havia acontecido consigo em tão pouco tempo; era como se estivesse vivendo em uma dimensão paralela, algo fora deste mundo. A presença de Jimin havia deixado uma marca indelével em sua rotina, transformando o ordinário em algo extraordinário.

Agarrava-se à esperança de que tudo resultaria bem. Tudo sairia conforme idealizado em sua cabeça. Mas a vida não era assim.

— Jungkook! — ouviu a voz que o tirou de seus devaneios e virou o corpo em direção à mulher, a recebendo nos braços. — É um milagre que esteja em casa. — Minji disse, afastando-se um pouco para acariciar o rosto de seu filho. A tensão que o envolvia pareceu amenizar naquele breve instante, ao sentir o calor familiar e o afeto materno. — O que andou aprontando?

— Nada. — respondeu Jungkook, um pouco mais rígido. — Como foi a viagem? — questionou, afastando-se para sentar na poltrona, se desvencilhando do toque carinhoso.

Minji notou o afastamento e apenas suspirou, acomodando-se no sofá próximo. Parecia que, por mais que tentasse, nada do que fizesse poderia aproximá-la do filho. Entretanto, não o culpava tanto.

— O mesmo de sempre. Lidando com os acionistas rabugentos. — brincou, apoiando-se sobre a própria mão, sem tirar os olhos de seu menino. — Seu pai acha que seria melhor se juntar a nós na próxima viagem. Sabe, para entrar de vez no mundo dos negócios. Na Lux. — acrescentou, buscando abrir uma janela de oportunidade para uma conexão que parecia escapar entre os dedos. No entanto, a proposta não recebeu a resposta esperada, apenas uma expressão reflexiva por parte de Jungkook, como se ponderasse por curtos segundos.

— Para entrar de vez nos negócios... — respondeu Jungkook, abaixando a cabeça para rir levemente. — Não acho que seja só por isso, não é? — indagou, olhando para a mulher, que não respondeu. — Claro. Já deveria imaginar.

— Jungkook... — a mais velha chamou. — Escute, não vai ser tão ruim assim. Sabe que seu pai planeja isso desde um tempo, só queremos o melhor para você, ambos sabemos que-

— O melhor para mim? — questionou com escárnio, levantando-se. — O melhor para mim ou para vocês!? Me diz, em que momento vocês pensaram em mim de verdade!? — ralhou.

A tensão na sala atingiu um novo patamar, as palavras ásperas ecoando entre mãe e filho, revelando ressentimentos há muito tempo represados. O confronto era inevitável, como na maioria das vezes, e Jungkook não hesitava em expressar a frustração que carregava consigo, como se estivesse prestes a romper as correntes que o prendiam a um destino que não era o seu. Não deveria ser.

Estava cansado. Tudo o que estava ao seu alcance já havia sido feito, talvez não da melhor forma, no entanto, da maneira que encontrou para expressar o quanto aquilo o machucava profundamente. Às vezes, pensava que nunca fora desejado. Que nunca seria o filho que eles queriam, que nunca atingiria o nível de importância que a Lux tinha para eles.

A sensação de não pertencimento pesava em seus ombros como uma carga insuportável, e a expressão de exaustão em seu rosto refletia anos de frustração acumulada. Tinha feito o que estava ao seu alcance, não da forma correta, estava ciente, porém usando as armas  que tinha. O tatuado, mais uma vez, sentiu-se como um estranho em sua própria casa, perdido em um labirinto de expectativas irreais e desilusões. Já havia passado por várias fases, desde o filho perfeito que nunca errava até o filho delinquente que fazia de tudo para evitar estar em casa. Cada transformação era uma resposta aos anseios e pressões que sentia, uma tentativa de encontrar um lugar onde pudesse ser aceito e compreendido.

Namorado Por Contrato | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora