Um abrigo na chuva

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Nota da autora: Estava faminta por uma fic da Agatha vampirinha, e não achei nenhuma, então decidi eu mesma escrever, já tinha tempos que tive essa ideia mas só agora que eu consegui colocar no papel. Espero que gostem!

Bater o carro enquanto você está a caminho da sua nova cidade com certeza não é um sinal de boa sorte.

Você é só mais uma desempregada qualquer que não conseguiu se manter na metrópole e está voltando para o interior, e teve a desagradável surpresa de bater o carro pelo descuido de correr com a pista molhada.

Seu carro está quebrado a alguns metros atrás, você vestiu os dois únicos casacos que tinha trazido na mala, um em cima do outro, na tentativa de se proteger do temporal que lhe afligia.

O que não adiantou de nada, porque depois de um tempo andando pela estrada todas as suas camadas de roupa estavam encharcadas.

O seu desejo era achar um posto de gasolina, uma parada, qualquer coisa, mas é só você e as nuvens cinzentas que cobrem o céu noturno, sem deixar um feixe de luz da lua passar.

Você anda cabisbaixa, se perguntando se deveria voltar e ficar no carro até que alguém apareça para te salvar, ou se continua procurando socorro nessa estrada que não consegue ver o fim.

As roupas molhadas deixam seu corpo mais pesado, com tanto frio que você tem vontade de tirá-las, a ponta de seu nariz congela e você só consegue sentir o cheiro de terra molhada.

Seu sangue começa a esfriar e você percebe que a batida não só quebrou o carro como também deixou alguns pequenos ferimentos que são lavados pela água da chuva.

Cambaleando sem direção por mais tempo você vê algo que lhe deixa apavorada, o corpo de um cachorro dilacerado no meio da estrada.

A imagem é aterrorizante, você começa a temer por sua segurança ao pensar que tipo de animal poderia ter feito isso e que ele ainda pode estar por perto.

Você que estava claramente em choque não percebeu isso imediatamente pois a cena de horror na sua frente prendeu mais a sua atenção, mas havia uma estrada de terra que ia até a mata na costa da estrada de asfalto, provavelmente levava a algum sítio ou terreno.

E como alguém que só queria se cobrir da chuva o mais rápido possível e sair de perto dessa cena, realmente não pensou muito antes de avançar nessa estrada de terra na esperança de encontrar um lugar para se cobrir.

Ao passar por debaixo das árvores a água da chuva te molha deslizando entre as folhas que pingam na sua cabeça de um jeito irritante.

Uma cerca é avistada a distância, cheia de placas e velas apagadas, e sem que você prestasse muita atenção nos detalhes você segue o caminho nessa direção.

A única coisa na sua cabeça agora é chegar até a casa em ruínas que agora era visível atrás da cerca, que você não sentiu muita dificuldade em pular momentos depois.

Você está certa de que ninguém vive nessa casa, até porque um humano não viveria nessas condições, era fácil deduzir isso analisando o estado de deterioração do lugar.

A porta da frente abre sem dificuldade, a casa não está trancada.

Você rapidamente entra naquele casebre em ruínas, o chão de madeira está apodrecido, há móveis velhos e vidros quebrados com cacos espalhados pelo chão.

A porta se fecha atrás de você rangendo alto e você se senta num cantinho da sala, finalmente está fora da chuva, por mais que ainda esteja tremendo de frio. Com o tempo sua respiração se acalma e você descansa suas costas na parede enquanto escuta a melodia do temporal lá fora.

Seu objetivo é só ficar nesse lugar hostil até a chuva passar e tudo vai ficar bem, era só não pensar demais sobre isso tudo.

Era só se manter positiva.

Até que de repente você escuta a madeira do assoalho ranger e antes que seus olhos pudessem acompanhar uma faca é atirada a poucos centímetros da sua orelha e fica presa na parede,

Você solta um grito agudo em terror e vê uma garota de cabelos negros despenteados que vão até o pescoço, vestindo um casaco vermelho e uma calça preta rasgada, pular em sua direção.

Instintivamente você tenta desviar mas a garota sobe em cima de você prendendo seus dois braços no chão com uma força que machuca seus pulsos, ela tira a faca da parede e crava do seu lado.

Você pede misericórdia. " Por favor, não me machuca!" Seu coração bate forte, você sente o corpo dela pressionando seus pulmões, é difícil respirar.

Ela olha para sua expressão desesperada e começa a rir em tom de escárnio, exibindo seus caninos pontudos.

" Você realmente acha que vai me fazer ter piedade de você desse jeito?" Ela parece ter achado graça.

Você a encara chorosa, tremendo de frio e medo.

" Desse jeito eu só sinto vontade de te matar de uma vez." a garota de cabelos negros ri friamente sem te dar a mínima.

Ela segura suas bochechas e examina seu rosto puxando ele grosseiramente.

" Olha só pra você! Tá gelada! Não gosto de carne fria!" ela diz te desdenhando.

Você não sabe como reagir, se quer consegue entender o que está acontecendo e também não consegue se soltar pela fraqueza, então fica rendida no chão, esperando misericórdia dessa desconhecida.

Ela solta seu rosto e agarra sua nuca com unhas pontudas, sua mão é fria e áspera, ela te ergue com apenas uma mão e começa a te arrastar para dentro de algum lugar que sua visão turva não consegue indentificar, seu pescoço sangra e o seu sangue gelado começa a escorrer pelas suas costas, sua visão começa a embaçar cada vez mais, e de repente tudo fica escuro enquanto você é levada.

Sangue frioOnde histórias criam vida. Descubra agora