Através da apatia

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Notas da autora: Oláa! Muito boa noite leitores, saudades? Depois de muita enrolação (como sempre) aqui está a continuação, desculpem a demora, e também vou tentar parar de ficar prometendo prazos que não consigo cumprir...escrever é complicado, nem sempre tá no clima, e eu não gosto de acelerar o processo criativo, não quero descer o padrão de qualidade. 
Enfim, vamos para as recomendações: leiam devagar e prestando atenção, se quiser colocar alguma música que combine com a temática da leitura também ajuda a deixar a experiência mais imersiva, mas se não consegue se concentrar na leitura escutando música é melhor ir ler num lugar silencioso mesmo. Vou deixar nos comentários a playlist que eu uso pra escrever, talvez queiram ouvir alguma das músicas enquanto lêem.

É isso, boa leitura a todos!

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" Nascida do fluxo que banha o outro lado, essa força paranormal composta por sangue e ódio tem um coração cristalizado difícil de ser minerado.

O sangue é seu repertório e a carne serve para pentagramas.

Contemple a beleza perversa e suja. Sinta uma raiva que não é sua.

Intensidade sem caridade, seus sentimentos são de verdade?"

(...)

A luz do sol nascente pousava sob sua pele mansamente, a claridade transpassava por cortinas mutiladas, de um tecido anacrônico que combinava com a decoração obsoleta do ambiente, todo de renda e bordado a mão, que dispersava a luz como uma peneira.

Um silêncio atípico tomava conta do lugar, não se ouvia os pássaros, os grilos, ou se quer o som das folhas das árvores dançando ao vento. Sua cabeça pende para o lado e sua visão turva organicamente começa a se adaptar a luz, observando um quarto que à primeira vista parecia ser delicado e infantil, mas assim que os detalhes ficam mais evidentes percebe-se que sua concepção estava muito equivocada.

Parece que houve um terrorismo contra a adorável decoração, o papel de parede florido havia sido estraçalhado, o tapete de carpete estava encharcado de sangue e em cima da poltrona fofinha tinha uma pelúcia de ursinho, na verdade só o corpo, a cabeça estava a rolar por cima do tapete, deixando cair um punhado de espuma.

Você sente seu corpo pesado, as memórias começam a carregar em sua mente e a história começa a ser construída cronologicamente até o momento que você chegou aqui, desde o carro quebrado no meio da tempestade na estrada até o nocaute, a bizarra sala de rituais, a fuga exasperada, a criatura bestial sangrenta, a forma como você implorou pela sua vida, e a volta...volta para onde mesmo?

É claro, esse lugar não é o hospital, também não é a sua casa e...também não é aquele casebre, ou é? Bem, não conhecia todos os cômodos daquele casebre, talvez esteja no mesmo lugar, só que em um espaço diferente... a atmosfera medonha é a mesma afinal.

Uma manta cinza de microfibra cobria toda a extensão do seu corpo, as memórias amargas dos golpes fatais que recebeu permeiam sua mente, você tem medo do que pode vir a ver ao revelar o que há debaixo do tecido e engole seco o arrancando de uma só vez.

Era o mesmo vestido branco, o mesmo vestido que era branco e se tornou vermelho como hemoglobina, seco pelo efeito do tempo... e surpreendentemente costurado também, havia remendos no lugar de cortes de garras gigantescas, sem hesitar você levanta a saia do vestido, checando os ferimentos de antes no seu abdômen.

Ferimentos, que agora são cicatrizes.

Cicatrizes, uma cicatriz é o resultado do processo de cura natural do corpo, um processo longo chamado cicatrização.

Um processo que leva tempo.

Há quanto tempo esteve desacordada para que esses ferimentos tenham passado a ser cicatrizes?

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⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

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