Capítulo 11

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Após montarmos nossos burritos, Alexander escolheu um lugar à mesa, diante de seu prato recheado, e começou a compartilhar sua fascinante história de vida, que eu ouvia atentamente enquanto saboreava cada mordida da refeição deliciosa.

Ele começou: "Bom.. minha mãe e meu pai se conheceram no México, mais precisamente na Cidade do México, onde ambos estudavam na mesma universidade."

Eu mergulhei nas complexidades de sua história enquanto ele continuava: "Eles se apaixonaram, mas mantiveram seu relacionamento em segredo."

Surpresa, perguntei: "Escondidos?"

Alexander explicou: "Sim, minha avó paterna, que pertencia a uma família com fortes raízes indígenas, acreditava que qualquer envolvimento de meu pai com alguém de outra religião ou nacionalidade representaria uma ameaça à nossa cultura."

"Uau," suspirei, tentando compreender o peso de sua herança cultural.

Ele continuou: "Quando minha mãe engravidou, meu pai a deixou, acreditando que estava sendo ameaçado por alguém de sua família. Ela me teve e me criou no México até eu completar 5 anos. Após isso, ela conseguiu imigrar para os Estados Unidos, e lá moramos no Texas por um longo período."

Brincando ironicamente, comentei: "Então, antes de se tornar um capitão, você era um caipira?"

Ele riu e admitiu: "Não posso discordar disso, na verdade. Trabalhei na plantação junto com minha mãe."

"Incrível," murmurei, admirando a jornada de vida que ele compartilhava. "Então, sua mãe saiu da Suíça para estudar no México e acabou colhendo milho no Texas?"

Alexander esclareceu: "Minha mãe ganhou uma bolsa de estudos para o México devido ao seu profundo amor pela cultura latina. Quando decidiu se mudar para o Texas, já estava consciente de que as condições de vida lá seriam muito melhores do que no México. Apesar do trabalho árduo, ela se sentia mais recompensada."

Curiosa sobre como ele se tornou um capitão, perguntei: "E como você se tornou um capitão?"

Ele compartilhou: "Quando completei 18 anos, nos mudamos para Miami. Foi lá que conheci alguns amigos que me ensinaram a navegar. Me apaixonei por essa atividade e entrei para a Marinha. Após concluir meu treinamento, decidi que queria explorar o mundo."

"Interessante," murmurei, intrigada. "Então, foi a partir daí que você acabou em Singapura e conheceu Enrico?"

"Não exatamente," ele esclareceu. "Conheci Enrico na Índia, onde já estava envolvido em algumas pequenas mercadorias ilícitas, transportando produtos da Índia para o Iraque. Enrico viu meu potencial e me fez uma oferta que não pude recusar. Tornamo-nos amigos."

"Sempre pensei que vocês tivessem se conhecido em Singapura," comentei.

Alexander sorriu e esclareceu: "Na verdade, nos encontramos na Índia."

Então, a pergunta inevitável sobre minha própria família surgiu. "E quanto à sua família? Você os visita?" ele perguntou enquanto saboreava seu burrito.

Minha resposta foi direta: "Não."

"Por que não?" ele perguntou, curioso.

"Não tenho laços com eles, e eles também não têm comigo. Quanto mais distante, melhor," respondi.

Alexander percebeu que o tópico era sensível e rapidamente mudou de assunto. Continuamos nossa conversa, compartilhando histórias complexas e experiências de vida enquanto terminávamos nossos burritos, criando uma conexão mais profunda e compreensão mútua.

Ao terminarmos a refeição, eu me levanto para recolher a mesa, a sensação do vento suave misturado com o aroma do mar preenchia o ambiente. Rapidamente, Alexander se levanta, sua curiosidade evidente.

Senhora, SenhoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora