Capítulo 13

3 2 0
                                    

Com certa dificuldade, finalmente mergulhei no sono profundo. A noite transcorreu tranquila e reparadora, embora a madrugada em alto mar trouxesse consigo uma brisa fria que acariciava suavemente o convés do iate. O barulho suave da água batendo nas laterais do barco era quase hipnotizante e serviu como trilha sonora para um sono sereno.

Pela manhã, acordei um pouco mais tarde do que o habitual, por volta das 10:30. A suíte do iate estava imersa em uma luz suave, filtrada pelos cortinados levemente ondulantes. A sensação de estar flutuando no mar era reconfortante. No entanto, notei que a outra metade da cama estava vazia, e Alexander já não estava mais ao meu lado.

Levantei-me da cama com uma calma relutante, me esticando enquanto bocejava. Caminhei descalça até o banheiro, onde executei minhas rotinas matinais. Enquanto a água morna do chuveiro caía sobre mim, observei através da pequena janela do banheiro o vasto oceano que se estendia até onde os olhos podiam alcançar.

Após o banho, optei por vestir um conjunto simples e confortável para enfrentar o dia que se anunciava. Escolhi um short de algodão com um padrão náutico discreto, combinado com uma T-shirt cor de creme. Afinal, estávamos em um iate, e o clima marítimo pedia roupas leves e descontraídas.

Dirigi-me lentamente à cabine principal do iate, atraída pelo aroma do café fresco que permeava o ambiente. Meus pés descalços tocavam o piso de madeira polida, criando uma sensação acolhedora sob meus passos.

Quando cheguei à sala principal, encontrei Alexander sentado em uma das poltronas luxuosas, com uma visão privilegiada do oceano através das amplas janelas panorâmicas. Ele estava absorto em seus próprios pensamentos, e um leve sorriso brincava em seus lábios enquanto dava um trago em um cigarro.

"Bom dia", disse eu, quebrando o silêncio e chamando sua atenção.

Ele ergueu os olhos, revelando um olhar sereno, e respondeu: "Bom dia, dormiu bem?"

"Sim, dormi", repliquei, me aproximando dele e do cenário de tirar o fôlego que se desdobrava diante de nós. "E você?"

"Maravilhosamente bem", ele respondeu, emitindo uma sensação de tranquilidade que parecia em perfeita sintonia com o ambiente marinho.

Então, foi impossível não notar o cigarro em sua mão. "Não sabia que você fumava", comentei, curiosa.

Ele admitiu: "Desde a adolescência." Aquelas palavras carregavam uma história que eu ainda estava prestes a descobrir.

Minha curiosidade se aprofundou. "Sério?"

Alexander, então, revelou um pedaço de seu passado que eu não esperava. "Tem uma coisa que não te contei... Morei na periferia de Detroit antes dela ficar totalmente vazia."

Intrigada com essa revelação, questionei: "Tá, e por que era importante eu saber disso?"

Ele hesitou por um momento, como se estivesse revisitando lembranças antigas, e explicou: "Você ficou surpresa em dizer que eu comecei a fumar na adolescência..."

Ainda não compreendendo a conexão entre os fatos, murmurei: "Não tô entendendo."

Ele respirou fundo, como se preparasse para compartilhar um capítulo importante de sua vida. "Você não conhece Detroit, né?"

"Não...", admiti, esperando por mais detalhes que pudessem contextualizar sua história.

Ele continuou: "Bom, eu morei na periferia da cidade por anos. A cidade ficou vazia pelo fato de ter uma alta taxa de criminalidade, entre outros fatores. Mas isso fez com que eu tivesse contato com pessoas que... Bom, não quero relembrar essa parte da minha história."

Senhora, SenhoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora