Capítulo 16

1 0 0
                                    

Sem perder tempo, liquidei minha dívida com Visal e saí da residência. Lá fora, o Uber que havia solicitado estava à minha espera, parado na entrada da casa. Não hesitei e adentrei o veículo que me conduziria de volta ao hotel.

Ao chegar ao meu destino, deparei-me com uma visão de carros de luxo alinhados, evocando lembranças da minha chegada à festa de Bodas de Estanho. Uma pontada de nostalgia se misturou com uma leve melancolia, mas eu não permiti que essas emoções abalassem minha determinação.

Após efetuar o pagamento ao motorista, saí do veículo e me deparei com Alexander, que aguardava com uma aura de sofisticação e elegância. Ele segurava um smartphone de última geração e ostentava um relógio de marca, cabelos e barba impecavelmente cuidados, e trajava um terno da renomada grife Tom Ford. Além disso, brincos e correntes de prata adornavam seu visual. Alexander não precisava fazer esforço para ser atraente, mas naquela ocasião, estava absolutamente deslumbrante. Sua beleza poderia não agradar a todos os gostos, mas qualquer pessoa com discernimento reconheceria sua beleza única.

Aproximei-me dele com um vestido de princesa, confeccionado em tons de branco com delicados detalhes de flores e borboletas em azul bebê. O vestido apresentava babados de renda que conferiam uma elegância singular. Uma coroa adornava minha cabeça, complementando meus brincos, que harmonizavam com o vestido. Minha maquiagem, embora não extravagante, destacava-se com tons de azul e branco, realçando meus traços.

"Olha ela...", disse Alexander, pegando minha mão e me fazendo girar para apreciar todos os detalhes do vestido.

"Eu até que fiquei bonitinha, né?", comentei com um toque de humildade.

"Você está perfeita...", ele respondeu com um olhar que transmitia sua sincera admiração.

"Você sabe o que eu estava lembrando?", eu disse com um sorriso sutil brincando nos lábios.

"O quê?" Alexander respondeu, antecipando uma observação humorística.

"Quando te conheci, você estava todo burguês, e depois parecia um rapper. O que aconteceu?" Eu disse com um tom zombeteiro.

"Eu estava tentando te impressionar no começo...", ele admitiu com um sorriso.

"E conseguiu...", respondi, mantendo o olhar travado no dele por um momento. Havia uma faísca de intimidade no ar, algo que ambos reconhecíamos.

No entanto, antes que pudéssemos explorar esse momento, vários outros convidados milionários começaram a adentrar o hotel, dirigindo-se ao salão da festa. Decidimos seguir o fluxo e nos juntar a eles.

Ao entrarmos no salão, ficamos surpresos com a decoração espetacular. O ambiente estava meticulosamente decorado, transportando-nos para o interior de um castelo de conto de fadas, digno de uma princesa da Disney.

"Uau...", Alexander murmurou, admirado.

"Estou impressionada", concordei, olhando ao redor maravilhada.

Continuamos a adentrar o salão e fomos brindados com taças de conhaque, uma bebida típica da nobreza do século 18. O sabor rico e sofisticado da bebida parecia combinar perfeitamente com o ambiente majestoso da festa.

As notas da abertura da ópera "A Flauta Mágica" de Wolfgang Amadeus Mozart, habilmente conduzidas pelo maestro Gustavo Dudamel, enchem o ambiente de uma atmosfera acolhedora e irresistivelmente envolvente, evocando o tema original da festa que se desenrola. Com o passar dos minutos, a festividade ganha vida à medida que novos convidados adentram o cenário, trazendo consigo uma aura de entusiasmo e expectativa.

Em um momento solene, um dos organizadores da festa ergue a voz, dirigindo-se à distinta audiência de senhoras e senhores. Ele convida a todos a embarcarem em uma jornada no tempo, um mergulho profundo nos anais do século 18. Nessa época, a valsa na corte era a personificação da sofisticação social, enquanto as festas clássicas desempenhavam o papel de vitrines do poder político e social, frequentemente adornadas com elementos da cultura greco-romana e permeadas por intrigas políticas. Ambas eram manifestações intrincadas, onde arte, política e sociedade se entrelaçavam de maneira complexa e fascinante.

O orador faz um apelo, instando os convidados a imaginarem a si mesmos como parte dessa corte histórica, recordando que cada um deles representa os pilares da sociedade atual. Essa noite é um tributo à rica tapeçaria da história, um convite para honrar os matizes dessa interseção entre arte, política e sociedade que transcende gerações. À medida que a valsa começa a soar suavemente, os presentes, envoltos em trajes elegantes, preparam-se para dançar, transportados para uma era distante, mas eternamente resplandecente.

Enquanto vejo vários cais se formando digo a Alexander: "Veja bem, eu irei procurar alguém interessante para valsar, e você procure também para se soltar mais. Quando terminar, eu te ligo."

Ele assente com aprovação, e eu, com uma elegância estudada, afasto-me em busca de algum rosto conhecido que pudesse fornecer informações úteis.

Descansando contra um pilar, meus olhos se fixam em Braxton Warrington, um vigarista por herança, amigo dos cassinos de Enrico. Embora não fosse um membro da máfia, ele estava envolvido em negócios escusos, especialmente vivendo em Jacarta, onde talvez conhecesse Rajar.

"Olá..." digo de maneira sedutora enquanto me aproximo dele.

Ele, segurando um copo de uísque, me responde: "Olá, senhorita, que prazer vê-la aqui."

"Vim convidá-lo para dançar. Aceita ser meu parceiro?" Minha voz ecoa com irresistibilidade.

"Claro, por que não?" Ele responde, pegando minha mão e depositando um beijo nela. Esse gesto inesperado faz um sorriso tolo se formar em meus lábios. Não esperava tamanha cortesia. Embora estivesse libertando-me de Enrico, questiono se Braxton não consideraria inadequado demonstrar tanto carinho à esposa do amigo falecido. No entanto, isso não me preocupa, pois não estou em busca de amor, mas sim de informações.

A música "Valsa da Bela Adormecida" de Piotr Ilyich Tchaikovsky começa a tocar, e os pares começam a dançar com graça e sincronia. A música era realmente digna do momento, e, apesar de não ter vindo aqui para dançar com Braxton, o momento parecia especial.

Após a conclusão da valsa, a plateia aplaude, transformando o salão em um teatro rústico em Madrid. Com um toque especial, convido Braxton para uma conversa mais íntima.

"Que tal subirmos, Braxton?" pergunto.

"Já?" Ele parece surpreso.

"Você quer perder mais tempo aqui?" Respondo com um sorriso sedutor.

Ele começa a entender minhas intenções. "Entendi... Vamos então."

Braxton não é conhecido por sua delicadeza ou cavalheirismo, então ele segue à frente enquanto eu o sigo. Estou ansiosa para conseguir o que quero e sair dali.

No elevador, ele me empurra contra a parede, tentando me beijar.

"Espere um pouco!" Eu o seguro com as mãos.

"Por quê?" Ele pergunta confuso.

"Você está com muita pressa. Eu quero surpreendê-lo primeiro..."

Ele sorri, claramente já embriagado, o que torna fácil manipulá-lo. Quando chegamos ao seu apartamento, entramos e ele fecha a porta. Empurro-o na cama e ordeno que espere.

"Fique aqui. Vou preparar algumas bebidas para nós." Digo, dirigindo-me à cozinha.

Ele obedece, sentando-se na cama. Na cozinha, preparo um copo de uísque forte com tranquilizantes para ele. Ao voltar, entrego-lhe o copo.

"E você? Não vai beber?" Ele pergunta, levantando-se e sentando-se na cama.

"Não, eu... não posso. Problemas de saúde." Decido não prolongar mais e vou direto ao ponto. "Eu sei que você ajudava Enrico com algumas transações aqui na Indonésia, junto com Rajar..."

"E o que isso tem a ver?" Ele pergunta.

"Bem, estou tentando encontrá-lo e não consigo. Você sabe onde ele está?" Pergunto com urgência.

"Eu sei..."

"Onde?" Meu coração acelera.

"Só vou contar se você me der um beijo bem aqui." Ele aponta para os lábios.

Meu estômago se revira, e pondero se vale a pena. Será que ele está dizendo a verdade? Posso confiar nele? Minha mente está uma confusão.

Senhora, SenhoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora