Capítulo II

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A princesa Rhaenyra, o príncipe Daemon e seus filhos mais novos — Viserys e Aegon, chegaram na Fortaleza Vermelha pouco mais de duas horas depois.

Tio e sobrinha entraram lado a lado, cada um sendo flanqueado por um filho. Daemon andava ao lado de Aegon, o filho mais velho, e Rhaenyra mantinha um braço em volta do ombro de Viserys, o caçula. A chegada da família da herdeira do rei foi bastante chamativa, visto que muitos ali não tinham visto os meninos tão crescidos quanto estavam agora.

Rhaenyra usava um luxuoso vestido vermelho e dourado e tinha o pescoço, pulsos e dedos adornados em joias. A túnica de Daemon era negra como a noite, feita da mais fina seda de Lys e suas botas estavam tão lustradas que refletia o brilho da luz solar que entrava pelos vitrais da sala do trono. Os filhos vestiam-se de forma semelhante ao pai, porém em tecidos mais adequados e confortáveis para crianças. Visenya reprimiu uma risada. Viserys carregava aquele bico nos lábios que indicava que estava irritado com alguma coisa.

Quando chegaram à mesa, Viserys correu e se sentou no colo de Visenya, ainda emburrado.

— Na próxima vez voarei com você. Odeio navios.

O comportamento do menino chamou atenção de alguns presentes — Aemond estava entre eles.

— Não tenho certeza se mamãe deixaria você voar em Meraxes comigo — Visenya ajeitou o irmão mais novo no colo e circundou os braços em volta do pequeno corpo dele.

— Ela deixa. Tenho a mesma idade que você quando se tornou uma cavaleira de dragão. Sou praticamente um homem feito.

Visenya o deixou resmungar enquanto fingia concordar com o que falava. Nesse meio tempo, sua atenção recaiu sobre a mãe e o avô. Rhaenyra abraçava Viserys depois de longos anos sem ver o pai.

— Cada vez que o tempo passa você fica ainda mais parecida com ela. Até o mesmo olhar você carrega; é como olhar para um espelho — Visenya sabia bem de quem o avô estava se referindo. Aemma Arryn, sua primeira esposa e também sua avó, a quem nunca chegou a conhecer mas que até hoje canções sobre sua beleza ainda traziam alegria aos salões de festa dos Sete Reinos. Pelo que sua mãe contava dela, era uma mulher amável e honrada. Visenya gostaria de tê-la conhecido.

— Não vamos ficar dando espaço para o passado, pai. Isto tudo devia ser sobre apenas o senhor — Rhaenyra segurou as mãos do rei Viserys com força, que retribuiu o gesto — Eu queria que visse principalmente seus netos. Visenya e Aegon ainda eram crianças quando nos mudamos para Pedra do Dragão e Viserys um bebê de colo, e também... — Rhaenyra lançou um breve olhar para Daemon — O senhor ganhará outro neto. Ou neta.

Viserys pestanejou. Como rei, era a única reação da qual se permitia ter em público. Como pai e avô, era nítido o quanto irradiava felicidade.

— Esta é uma notícia maravilhosa! — Viserys voltou sua atenção pra Daemon — Apesar das nossas discordâncias, não poderia imaginar um presente melhor, irmão!

— O seu presente está sendo tirado do navio neste exato momento, irmão — a voz de Daemon soou tão forte e dominante como sempre — um carregamento considerável de vinho dornês envelhecido nas adegas de Pedra do Dragão. Os deuses bem sabem o quanto deve ter sofrido com este mijo da Árvore.

— A bebida não é de todo ruim. É boa para quem não deseja perder a lucidez. Mas aprecio seu gesto, Daemon, os últimos barris dornês da Fortaleza estão sendo usados agora.

A rainha Alicent, que até então conversava baixinho com seu filho Aemond, se pronunciou enquanto se aproximava deles:

— Acredito que seja melhor a princesa Rhaenyra sentar-se à mesa, meu marido. É comum uma mulher nesta fase da gestação se cansar com mais facilidade. A propósito, desejo felicitações pela notícia, princesa. Que os deuses abençoem sua gravidez e que venha com muita saúde — Alicent mantinha as mãos entrelaçadas e sorria gentilmente para Rhaenyra. Ou assim a maioria dos convidados ao redor interpretou.

OS HERDEIROS DA CASA DO DRAGÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora