Capítulo V

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O fogo crepitava, provocando eventuais estalos na madeira que alimentava as chamas. Rhaenyra Targaryen havia solicitado o uso da lareira para seus criados por conta do frio que fazia naquela noite, seus pés e mãos congelavam a ponto de não conseguirem mais se mexer. E com o peso cada vez mais crescente da gravidez, seus passos se tornavam mais lentos e desconfortáveis. Aquela era sua quarta gravidez, e mesmo assim Rhaenyra não sabia lidar com tais mudanças embora fossem previsíveis.

Em seus próprios aposentos, a princesa herdeira encontrava-se sentada em uma das cadeiras dispostas diante da lareira enquanto o calor do fogo esquentava seus pés. Ainda não havia mudado para seus trajes de dormir. Se não fosse pelo desconforto, estaria andando em círculos pelo quarto para expulsar um pouco do nervosismo de suas veias, então contentava-se em girar os anéis em seus dedos em movimentos repetitivos.

O príncipe Daemon, ciente do comportamento de sua esposa, serviu um pouco de hidromel em uma taça e a entregou para Rhaenyra.

— Já bebi o suficiente — dispensou a princesa.

— Apenas tome para acalmar seus nervos. Você está esperando um bebê, Nyra. Não quero que a mesma situação da gravidez de Viserys se repita.

As íris de Rhaenyra se desviaram do marido para o recipiente. Mesmo que a contragosto, ela pegou a taça e sorveu um gole da bebida.

— Só vou me acalmar quando Visenya sair por aquela passagem — declarou a princesa olhando pela décima quarta vez naquela noite para a parede lisa de pedra, no qual sabia conter uma das entradas para o sistema de passagens secretas da Fortaleza Vermelha.

— Não tem fé em nossa filha?

Rhaenyra segurava a taça com força.

— Não é questão de ter fé. Confio na capacidade de Visenya, mas você reparou no quanto ela parecia perdida durante a celebração? Eu avisei que rever Aemond depois de tantos anos a afetaria. O rompimento de uma ligação como a deles é impossível de ser indolor, e é a primeira vez que se veem desde Driftmark — Rhaenyra tornou a olhar para a passagem fechada — Temo que isto a prejudique e possa ser vista por alguém. O lugar no qual foi não é apropriado para ela.

Daemon ajoelhou-se diante da cadeira onde sua esposa estava sentada e segurou sua mão livre. O gesto foi devolvido por Rhaenyra, que naquele momento não controlava mais seu emocional.

— Visenya ficará bem. Por mais que muitos digam que ela tem o temperamento semelhante ao meu, nossa filha sempre controlou melhor as próprias emoções. Não será um garoto impulsivo e com sede de sangue que mudará isto.

Ao ouvir as palavras de Daemon, Rhaenyra sorriu. Um fruto de um pequeno lampejo nostálgico cujo lhe atravessara como uma estrela cadente corta o céu noturno.

— Engraçado você falar isto, porque Aemond me lembra muito você.

Daemon franziu o nariz e as sobrancelhas em desgosto. Era palpável sua indignação.

— Não sou nada parecido com aquele pirralho.

— Goste ou não, meu meio-irmão lembra muito a forma como você costumava se portar na juventude — a princesa recostou-se no assento e tomou mais um gole de hidromel — Sempre achei que um dia se casariam.

— Seria uma tragédia ver minha filha misturando nosso sangue com o sangue imundo dos Hightower — Daemon ficou de pé e sentou-se ao lado de Rhaenyra — Eu prefiro vê-la casada com Cregan Stark do que com Aemond.

— Não seja drástico, Daemon.

— Não estou sendo, mas olhando de uma perspectiva lógica, seria bom para nós estreitarmos nossas alianças com o Norte.

OS HERDEIROS DA CASA DO DRAGÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora