Capítulo III

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Quando as portas de seus aposentos se abriram, Visenya preparou-se para a inevitável discussão que se desenrolaria a partir dali.

— Mãe, sinto muito por ter quebrado a promessa, me desculpe...

Visenya, no entanto, foi calada pela atitude repentina de Rhaenyra que a abraçou. O ato foi feito com tanta intensidade que Visenya sentiu o ventre inchado da mãe.

— Não se desculpe por algo que não foi sua culpa — as palavras de Rhaenyra foram firmes, mas ao mesmo tempo consoladoras — O bastardo pediu por aquilo.

— E mesmo que não tivesse feito nada, quem teria feito alguma coisa seria eu — Daemon Targaryen disse da soleira de entrada — De qualquer forma aquele verme já estava condenado.

Visenya apenas assentiu silenciosamente para o pai enquanto sua cabeça estava no peito de Rhaenyra. Ela levantou o rosto para nivelar os próprios olhos com os de sua mãe.

— O vovô ficou muito chateado?

— Ele ficou um pouco... surpreso. Não havia imaginado que você pudesse estar armada com uma adaga. Ninguém imaginou — Rhaenyra sentou-se no sofá, uma das mãos envolvendo protetoramente seu ventre — Mas não lhe condena por isto. Por que condenar uma filha por defender sua mãe?

— A forma como ele falou aquelas coisas, como se considerasse nossa presença pior que a de camponeses... — Visenya sentia asco só de lembrar — Não vou mentir e dizer que não faria de novo se pudesse, porque eu faria.

—  Existem algumas coisas que são inevitáveis. Observei por horas o comportamento de muitos convidados naquele salão — Daemon dirigiu-se a uma pequena mesa cuja função era para refeições no quarto caso o ocupante não desejasse ser incomodado, e serviu-se de vinho — Era uma questão de tempo até que Vaemond perdesse o controle. Honestamente, estava torcendo para que isto acontecesse.

Não era segredo para a primogênita de Daemon que seu pai odiava Sor Vaemond Velaryon, mas em respeito a seu irmão Lorde Corlys e sua prima Rhaenys, procurava manter uma relação cordial com o comandante da frota da Casa Velaryon. A principal preocupação de Visenya agora seria se tal ato cometido por ela abalaria as relações que os pais tinham com Driftmark. Os Velaryon eram um dos principais aliados de Rhaenyra na corte.

— E a reação dos Hightower?

— Ficaram assustados, obviamente. Muitos ali esperavam a remoção de uma língua por tamanha insolência de Vaemond, não uma execução — Rhaenyra respondeu — Helaena foi quem mais ficou abalada. Deixou o salão quase depois de nós e olhou para bem longe do corpo.

Uma pontada de remorso atingiu Visenya. Não era sua intenção fazer a tia passar por uma situação como aquela. Fora tão gentil e educada... Teria de se desculpar com ela em breve.

— Agora todos os Verdes sabem que tenho certas... habilidades. Se contavam com qualquer elemento surpresa acerca disto, sinto muito em decepcionar.

— Ninguém estava contando com isto, querida. Mas não quer dizer que não deva tomar cuidado. Vi a forma como Aemond olhou para você — Rhaenyra girou os anéis em seus dedos, um costume que, Visenya notará há anos, a mãe fazia quando estava ansiosa — Não gostei nem um pouco.

O que a princesa Rhaenyra vira como uma ameaça Visenya interpretou como uma promessa. Aemond sempre se mostrou ser mais perspicaz e inteligente que seus irmãos — afinal, esta era uma das qualidades que Visenya mais admirava nele quando costumavam andar juntos. Agora a princesa via como um grande inconveniente. Precisava ficar atenta aos passos de Aemond, assim como com certeza ele ficaria de olho nos dela. Não era comum uma nobre sexo feminino saber brandir uma adaga dada ao contexto da sociedade que viviam, ainda mais uma princesa da família real Targaryen.

OS HERDEIROS DA CASA DO DRAGÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora