Quinta-feira, 7 de março de 1692
Hemlock Grove, Massachusetts
Porque é cruel demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas – porque é cruel demais, então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste
Clarice Lispector
Acordei me sentindo estranha, como se tivesse algo querendo me puxar para alguma coisa que eu ainda não sabia o que era, minhas entranhas se sentiam bem com o que eu fizera na floresta, eu me sentia bem e isso era muito estranhoBati os olhos me acostumando com a luz do sol em meus olhos, ouvi passos indo de um lado para o outro, passos leves, uma criança ameaçando chorar e, apesar do meu imenso sono por ter ficado tanto tempo acordada, eu me sentei no colchão de palha coçando meus olhos, assim que olhei vi Billie caminhando com William no colo, o pequeno estava enrolado em panos bege e Billie o balançava para que ele não chorasse
— oi, meu amor — ela sussurrou assim que me viu — volte a dormir, eu cuido dele
Pelas olheiras e pelo jeito cansado no corpo eu percebi que ela não havia dormido direito, isso se ela chegou a ter um sono tranquilo
— o que ele tem? — a ignorei
— ele está querendo chorar desde mais cedo, troquei as fraudas, dei um pouco de leite que sua mãe preparou e nada — assim que ela parou um pouco ele começou a chorar baixinho — não sei o que pode ser
— ah sim
Me levantei e, com cuidado, levei Billie até a cozinha, ela não parava de reclamar dizendo que não precisava me levantar, que era para eu continuar deitada que ela ia cuidar disso e tudo mais, mas o que ela não entende é que somos só nós duas contra um bebê chorão, e contra o mundo, então eu vou ajudar ela com seu irmão
Peguei uma chaleira e coloquei um pouco de água, a posicionei no fogão e em uma caneca coloquei camomila seca que mamãe tirava de sua pequena horta, enquanto eu esperava a água ferver peguei o pequeno no colo e me sentei, cuidadosamente o desenrolei e comecei a fazer massagens com movimentos leves no começo de sua barriga
— uau, como aprendeu isso? — Billie me perguntou fascinada — estou desde cedo tentando fazer ele parar de chorar
— isso é cólica, Agatha tinha muita quando nasceu, mamãe dizia que ela tinha que fazer muito chá de camomila para acalmar ela — olhei por um instante para Billie. Seus olhos azuis estavam vidrados nas minhas mãos massageando o bebê, os lábios em um pequeno sorriso e suas mãos na cintura, ela estava um pouco curvada para cima de mim, perto o suficiente para eu ver suas sardinhas marrom
— já pensou em ter filhos? — ela fala
Sua expressão mudou, ela ficou séria, se sentou ao meu lado em uma cadeira e cruzou as pernas. Bem, essa era uma pauta que eu não esperava ter que falar tão cedo, também tem a questão de que nós duas não podemos ter filhos e eu havia deixado isso de lado, mas agora que ela falou, acho que nunca me vi com filhos, pelo menos nunca pensei em ter, acho que nunca achei um parceiro, ou parceira, que tenha qualidades o suficiente para tal, mas Billie tinha, ela era gentil, calma, doce, corajosa, ama crianças e se dá bem com elas, ela tenta não incomodar ninguém e sempre acha que está incomodando, às vezes tem o espírito de uma criança encapetada, mas tudo bem, ela tem isso e muito mais e eu certamente queria uma família com ela
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HOLY • B.E
FanfictionBelladonna Jenkins é uma bruxa e sua melhor amiga, Billie Eilish, é católica. Com pais devotos à igreja, são o exemplo a ser seguido na vila de Hemlock Grove. Até que Bella começa a ter sentimentos além da amizade com a sua amiga Billie. Porém ela g...