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Domingo, 2 de março de 1692

Clifton, Massachusetts

































Em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês.
A graça de nosso Senhor Jesus seja com vocês

Romanos 16:20






















Eu estava correndo pelos corredores do colégio interno com minhas amigas, o dia estava lindo e ensolarado e o vento batia na macieira que tinha no centro da construção, estava tudo tranquilo e, graças ao bom senhor Jesus Cristo, o colégio estava seguro diante da caça às bruxas que estava acontecendo ao redor de Massachusetts

Corri pelo corredor desviando das outras crianças e de alguns serventes indo atrás de minhas amigas, mas elas corriam muito rápido, eu tentei correr mais, mas me cansei

— menina, esperem! — falei alto para as minhas amigas a minha frente — meninas...

Parei colocando as mãos sobre meus joelhos me curvando para pegar ar, assim que consegui juntar forças me levantei e vi que estava de cara com a porta da capela trancada com correntes grossas e cadeados grandes, na porta de madeira e ferro a imagem de jesus Cristo na cruz estava cravada e tinha teias de aranha por toda a sua extensão. Fiquei olhando ela por instantes a fio imaginando o quer poderia ter acontecido de tão perturbador para elas trancarem uma capela com esse nível de segurança

— Sophie — ouvi alguém me gritar e me virei de repente — vamos, está na hora da aula

Minha mãe, a professora Lúcia, me chamava com suas feições carinhosas e harmônicas, corri até ela sem olhar para trás e me aconcheguei em seus braços, então começamos a andar em direção ao segundo andar onde acontecia as aulas

A primeira aula foi de literatura francesa, com minha mãe, o que durou três horários e foram as últimas aulas antes de nos recolhermos para os dormitórios e nos preparar para a missa. Terminei a aula com uma leitura de Romeu e Julieta e recolhi minhas coisas as colocando na mochila

— Sophie — minha mãe me chama a atenção — melhore sua fala, não é porque sou sua mãe que vou lhe dar nota alta, faça por merecer

— sim, senhora! — concordei. Ouvi o sinal tocar e fui liberada

No corredor nenhuma luz entrava, tudo bem que era fim de tarde e quase não tinha luz, mas aquilo era estranho, as escadas estavam sombrias e frias. Comecei a caminhar ouvindo o ranger de madeira velha do chão e cheguei no começo da escada, olhei para aquela imensa escuridão gélida diante de meus olhos e parei por instante, por medo ou por ansiedade, eu parei e quase não quis descer, ouvi batuques vindo de cima de mim mas quando olhei para o alto não vi nada e o batuque parou. Tomei a coragem que me restava e desci o primeiro degrau, quando se dá o primeiro passo o restante fica mais fácil

Me desloquei até o final da escada e cheguei ao térreo cheio de meninas, freiras, noviças e professoras, minhas amigas chegaram por trás de mim me perguntando onde eu estava e falei que tinha me perdido delas na brincadeira

— muito bem, pessoal — falou a irmã Catherine — formem uma fila, vamos levá-las para o dormitório para se trocarem e voltarem para a missa

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