Sirius
Sirius nunca esquecerá as consequências do primeiro garoto que matou. Não para os pais dele, nem para os pais do menino, nem mesmo legalmente. Seus pais cuidaram disso, é claro que cuidaram. Subornou as autoridades e a família para ficarem calados. Sirius se pergunta quanto dinheiro foi necessário para fazer uma mãe esquecer que seu filho foi assassinado. Mais ainda, ele se perguntou se valia a pena. Naquele momento, ele não pensava assim. Ele pensou em seus pais e em quanto dinheiro seria necessário para eles esquecerem se era ele. Provavelmente não muito, ele sabe, se ele fosse morto, seus pais não iriam querer nada com ele de qualquer maneira.
Então, em teoria, Sirius estava fora de perigo. Ele havia matado alguém, de propósito, e ele poderia simplesmente deixar para lá. Nunca mais lide com isso. E ele deveria ter feito isso. Mas ele era uma criança e, por mais que Walburga e Orion gostassem da morte, eles nunca ensinaram Sirius como lidar com ela. Ele estava sozinho para isso.
Ele fechava os olhos à noite e via olhos vazios e sem vida. Ele se lembraria de como o garoto sorriu, de como ele nem sabia o que estava por vir, antes de engasgar com seu próprio sangue, a vida o abandonando tão rapidamente, enquanto Sirius o segurava. Às vezes, Sirius sentia esse peso, vindo do nada, como se ainda o estivesse segurando. Como se ele nunca pudesse sair daquele momento. Walburga ficou furiosa com isso, é claro. Sirius surtou ao ver uma faca ou adaga ou qualquer coisa afiada. E onde Walburga estava com raiva, Orion parecia estar apenas enojado. "Eu não criei um filho assim." Sirius o ouviu dizer uma vez. Ele está certo, pensou, não me criou.
Ele matou pessoas depois disso, mesmo tendo jurado que não o faria. Sua vida foi um círculo interminável de promessas quebradas. Para ele. Para Regulus. Para Mary, Marlene, James... Mas ele matou. E ele não se lembra de seus nomes, de seus rostos, de suas vozes. Se pediram misericórdia ou não, se imploraram ou se simplesmente fecharam os olhos e aceitaram. Cada vez que ele puxava o gatilho, cada vez que levantava a lâmina, ele o via. O garoto. Ele sorria e então morria e Sirius nunca mais saía daquele momento.
Foi a pior coisa que já aconteceu com ele.
Até que ele entrou em uma sala e viu Remus Lupin, espancado até a morte.
Sua mãe quase o matou aos dezessete anos. Ele estava sozinho aos dezoito anos. Ele descobriu que seu irmão mais novo era um serial killer aos vinte e cinco anos. Aos vinte e oito anos, a organização da qual seu irmão fazia parte tentou matá-lo. Há poucas horas ele ligou para a família pedindo um favor. E nada disso se compara remotamente ao quão assustado ele sentiu quando viu Remus Lupin preto e azul, todos os universos que ele continha dentro dele, derramando-se com o sangue que escorria dele. Um lábio quebrado e um coração quebrado. Ele estava assustado.
Mas, quando viu os nós dos dedos de Emmeline Vance, machucados e manchados, sentiu-se assassino. Ele sabia então que iria matá-la. Se foi a última merda que ele fez.
Quando ele enfiou a faca na garganta dela, pela primeira vez na vida, ele não viu mais ninguém além dela. Ele viu a vida abandoná-la e a viu cair no chão e não se arrependeu. Ele foi para a garganta. Não porque quisesse ter certeza de que ninguém poderia voltar atrás, mas porque queria que ela soubesse o porquê. Sirius queria que seu último pensamento fosse o arrependimento de ter posto as mãos em Remus.
Então, Remus fechou os olhos. Ele disse- Ele fechou os olhos e Sirius sentiu seu estômago embrulhar ao pensar em nunca mais olhar naqueles olhos. Ele olhou para cima.
“Por favor, por favor, por favor”, ele grita, lágrimas e sangue misturados. Ele precisa de alguém. Alguma coisa qualquer coisa. Ele precisa disso para ouvi-lo. "Por favor, não o deixe morrer."
Mais uma vez, ninguém respondeu.
JAMES
"Vou!" Ele disse, pela porra da décima vez. Ele está tendo essa discussão há horas. Ele fica olhando para o relógio, tentando não perder a hora. O bilhete diz 18h.
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The blood in your mouth - Jegulus
Fanfiction"Eu não consigo parar de pensar em você." James sussurra ao telefone, certificando-se de que ninguém mais possa ouvi-lo. "Sim?" Regulus brinca na outra linha e James pode praticamente ouvir o sorriso em sua voz. "Isso é uma confissão de amor, detet...