oito

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SEUNGMIN
point of view

flashback (dia do acidente)

— Eu não acredito que você está fazendo a gente passar por isso. — Eu gritei. Meu pai estava sentado no sofá e permanecia indiferente. — Você pode parar de fingir que eu não estou aqui? Pelo menos seja homem o suficiente para admitir o que está fazendo com a minha mãe! Com a nossa família!

— O que você quer que eu diga, Seungmin? Quer que eu me ajoelhe e peça perdão? Por que faria isso? Não estou arrependido.

— Você é um lixo. — cuspi as palavras em seu rosto. A raiva estava tomando conta de mim. — Você é a pior pessoa do mundo inteiro. Não acredito que está traindo a minha mãe há tantos anos. Quando ela estava tentando superar a depressão pós parto você estava onde? Estava com outra mulher e fingindo que não tinha uma família? Fingindo que nós não existimos?

— Isso não é da sua conta.

— É claro que é, porra! — gritei. — Eu sou seu filho! É nojento saber que tenho o dna de alguém tão podre quanto você. O que vai me dizer agora? Qual é a sua explicação pra ter uma outra filha e ela não ser da minha mãe?

— Eu já disse e irei repetir: não te devo satisfações. Você abaixe o tom para falar comigo.

— Não tenho respeito com quem não se respeita. — ri em escárnio.

Senti o lado esquerdo do meu rosto arder com o tapa que levei. De forma automática, devolvi o tapa que levei em um soco.

— Não encoste em mim novamente. — eu gritei. — Não se atreva a colocar um dedo em mim. Minha mãe vai saber quem você é. — Peguei a chave do carro e fui em direção a porta. Meus braços foram segurados e eu fui puxado para trás.

— Você não vai contar porra nenhuma.

— Eu já disse para não encostar em mim, seu nojento. — Juntei as minhas forças e o empurrei, bati a porta de casa e fui até o meu carro.

Entrei e fechei a porta, coloquei a chave e quase passei por cima do meu pai quando ele entrou na frente do carro.

— Eu vou te atropelar! — gritei desesperado. — Sai da frente do meu carro!

Acelerei e passei ao seu lado, vendo quando ele se jogou no asfalto. Precisava de Jeongin agora. Tudo que eu preciso é do meu namorado.

Olhei no relógio e vi as horas: 10:30 da noite. Ele já deveria estar dormindo.

Virei na avenida e entrei no meio de um engarrafamento, merda. Olhei para o retrovisor e dei ré, pensei em fazer um retorno e passar por outra avenida. Foi isso que fiz. Quando saí da avenida, escutei o meu telefone vibrar e quase gritei quando vi o nome do meu pai no visor da tela.

— Vai se fuder! — disse assim que atendi.

— Seungmin.

— O que você quer agora? Não acha que já é o suficiente, pai?

— Estaciona esse carro e sai daí agora.

— Não. Você não manda mais em mim.

— Sou seu pai.

— Engraçado, não te considero mais.

— Seungmin, você está alterado. Estaciona a porra desse carro antes que você bata em algo e morra.

Dei uma risada de forma sarcástica e o deixei falar sozinho.

Um carro estava vindo na contramão.

— Pai.

— Onde você está?

— Eu acho que vou bater.

— Seungmin, estaciona esse carro agora.

— Não dá. A rua é de via única, o carro está em contramão. Eu vou bater.

— Volta para trás. Sai dessa rua agora.

— Eu não consigo. O carro está vindo muito rápido, não consigo enxergar direito.

Apertei o volante o mais forte que consegui e tentei voltar para trás, de alguma forma, tudo ali parou de funcionar.

— Diz pro Jeongin que eu amo muito ele, por favor. Fala pra ele cuidar da mamãe e da minha irmã.

— Seungmin, cala a boca! — Meu pai gritou. — Você não vai morrer, sai daí.

— Eu não consigo. O carro apagou, não está funcionando. A porta não abre, está presa e o carro não para de acelerar.

— Aperta o cinto. Eu vou ligar pra emergência.

Fui para o banco de trás e apertei o cinto, talvez o impacto seria menor. Depois de um tempo da batida, não senti mais nada além de um vazio que se instaurou em meu peito.

Apertei a aliança em meu bolso e senti a lágrima escorrer. Não acredito que irei morrer com a aliança que pediria meu namorado em casamento no bolso. E com um ódio do meu pai que nunca passaria.

all i want - seunginOnde histórias criam vida. Descubra agora