Capítulo 7

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Se algum dia critiquei alguma mulher, ou em algum momento dei a entender que minha mãe exagerava quando dizia que ser mulher é viver constantemente provando que a Lei de Murphy é suprema, peço desculpas pelo meu gigantesco equívoco.

Para os leigos, a Lei de Murphy diz que "qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível", ou seja, se a vida quiser te foder sem lubrificante e com areia, ela vai te passar uma rasteira antes. E foi assim que entendi com clareza como funciona o ciclo menstrual. Deixe-me explicar como cheguei a conclusão de que minha mãe e minhas adoráveis irmãs nunca estiveram erradas.

Em um dia eu estava linda e plena, no outro estava parecendo um garoto na pré-adolescência descobrindo os hormônios. Foram dias que, se Hyunjin não existisse em minha vida, teriam sido um completo inferno — claro que até hoje estou tentando entender como ele me aguentou todo esse tempo, por mais que Minho tenha se disposto a me ajudar a lidar com o meu probleminha molhado, estava um pouco envergonhado de ficar perto dele depois do beijo daquele dia e também não conversamos sobre o acontecido porque Hyunjin chegou com o meu sorvete e usei isso como desculpa para fugir igual o diabo foge da cruz — e só pude concluir o que estava acontecendo quando resolvi mandar uma mensagem, humilhante diga-se de passagem, para Sana unnie perguntando o que raios estava acontecendo comigo. A mulher me respondeu com um áudio rindo da minha desgraça e respondeu com um simples "bem-vinda ao período fértil".

Porém, minha adorável unnie esqueceu de mencionar o que vinha seguido do período fértil. Juro que nunca vi meus hyungs tão desesperados em tentar não me estressar, mesmo vendo que tudo me estressava. Absolutamente tudo. Desde um copo deixado em cima da pia, a um abraço não recebido. E, consequentemente, o estresse me fazia chorar. Como se não bastasse isso, meus seios doíam, não permitindo que eu encontrasse alguma mísera posição fosse confortável para dormir, sem falar que qualquer mínimo toque, por mais suave que fosse, me fazia querer sentar no chão e chorar pela dor.

Devo dizer que Christopher foi o primeiro a se aproximar de mim naquela semana, sem medo de apanhar ou algo do tipo, me trazendo um cobertor quentinho, um moletom dele e uma barra de chocolates, acalmando minha fera interior. E todos os outros entenderam que isso significava que precisavam me mimar se quisessem evitar me ver chorando pelos cantos. Uma semana de altas emoções, eu diria, e então fui complemente capaz de entender o humor péssimo das minhas irmãs em suas TPMs. O conselho que dou para quem está lidando com alguém nessa situação é: "alimente seu troll". É sério, alimente o troll, você não querer ser vítima dele.

Mas é ai que a Lei de Murphy mostra o quão terrível as coisas são. Numa bela manhã, vulgo hoje, acordei sentindo fortes dores na parte inferior do meu abdômen e muito enjoado. E antes que pudesse pensar que não tinha como piorar minha situação, senti minha calcinha molhada. Fiquei me perguntando se estava de novo no período fértil ou algo do tipo, mas quando olhei para minha cama, após me levantar com muito esforço, foi como ver uma cena de "Carrie, a estranha" e claro, gritei como se tivesse alguém no meu quarto tentando me assassinar. Minha porta foi aberta de supetão pela hyung line, o que me fez gritar novamente.

— O que foi? Onde tá a barata? — Chan perguntou com o chinelo na mão e Changbin estava logo atrás com o vidro de inseticida. Minho, apesar da expressão de que mataria alguém, não tinha nada nas mãos.

Me senti nervosa, a dor aguda em minha barriga não ajudava e acabei agachando, tentando fazer com que minhas coxas causassem um pouco de pressão em meu baixo ventre e aliviasse um pouco a sensação dolorosa. O olhar deles se dividiu entre olhar a cama e me olhar encolhida no chão.

— Ah. Okay, código vermelho! — Chan falou alto, olhando para o corredor após abaixar o chinelo e voltar a calçá-lo. Observei os três saírem e pude ouvi-los no corredor.

I am HEROnde histórias criam vida. Descubra agora