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                                                               dois dias antes

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                                         dois dias antes..

Passei a semana inteira treinando... Não tive tempo nem de pensar na vida. Era da quadra para casa, de casa para a quadra. Nem falei direito com os meus amigos nesses últimos dias, não estou com cabeça pra fazer nada além de focar na meta: ganhar o jogo. O que ninguém sabia - Além do time - era que esse jogo pode dar um futuro pra gente no basquete, ia ter olheiros por toda parte e por isso todo mundo se esforçava ao máximo, dava pra perceber isso de longe. E por causa disso eu estava morto, nesses últimos dias treinei igual um maluco.

E pra piorar as coisas, todo mundo jogava o resultado nas minhas costas. Já que eu era o melhor jogador do time e armador além de tudo... Todas as jogadas partiam de mim, tinha que ter uma visão à frente do jogo. É simplesmente muita pressão para uma pessoa só.

Sentei no banco pra respirar e permitir que meus músculos relaxassem.

--- Vamos bunda mole levanta dessa cadeira! Temos mais 300 lançamentos de cesta de 3!

Depois que eu ganhei o torneio de arremessos, todos achavam que era minha obrigação fazer cesta fora do garrafão. Como se a equipe fosse de um jogador só. A expectativa em mim era gigantesca.

--- Ai Giovanni, sai fora mano. Sério, não tô pra zueira hoje não.

Parecia que tinha um festival de música na minha cabeça de tanto que pulsava. Abaixei ela e coloquei entre as pernas pra ver se passava um pouco. Ninguém consegue se concentrar quando não está bem.

--- Vish o Pietro tá passando mal!

--- Pode apostar que é efeito da TPM. Ele sempre tem essas frescuras! É só falar em cesta de três que ele inventa até dor de barriga!

Não sabia nem quem falava. Só queria que a dor de cabeça fosse embora. Recebi uma mensagem e decidi ignorar, com esse ânimo eu não ia responder nada de útil mesmo. Como o treino estava quase acabando decidi antecipar minha ida, comecei a pegar as minhas coisas e ir pro vestiário. O treinador viu que todo mundo estava esgotado e encerrou mais cedo. Pelo menos isso.

Assim que cheguei do lado de fora, peguei minha bicicleta e fui embora dali. Cheguei em casa apenas quinze minutos depois. A nova casa do meu pai é enorme, com dois andares, piscina, sauna, cinema, 6 quartos e até uma sala de jogos. É típica daquelas famílias dos comerciais de manteiga. Às vezes, me pego pensando nessa ironia. Nossa família era a típica família do comercial de manteiga, até meu pai decidir de um dia para o outro que não gostava o suficiente da minha mãe e ficar com a primeira mulher que aparecesse na frente dele. Uma pessoa pode ter tudo na vida, mas nunca está satisfeita. Essa é a grande questão do ser humano.

Subindo as escadas, me deparo com o extenso corredor pintado em um tom de creme e com diversos quadros grudados nas paredes. Na última porta do corredor, havia um dos quartos de hóspedes, que adotei como meu. Meu pai insistiu para que eu tivesse meu próprio quarto na casa e que eu poderia arrumá-lo do jeito que quisesse.

Cheguei no meu quarto e caí com tudo na cama, não tive forças nem pra tirar o edredom de cima dela e capotei.

|...|

"- Moleque para com essa babaquice! Não adianta sonhar em ser um jogador famoso. Não vai dar certo!"

"- Você não tem vergonha na cara não?! Só faz besteira! Eu tenho vergonha de ser seu pai!"

"- Por que você fez isso? Qual é o seu problema?"
- Des.. desculpa, foi sem querer.
- É sempre sem querer né."

Acordei com um sobressalto. Sentindo-me sufocado. Odiava ter esses pesadelos e o pior é que estão cada vez mais frequente, eu já não aguentava mais aquele sentimento e chorar todas as noites. A pior sensação do mundo era saber que quem deveria te amar mais que tudo no mundo havia te virado as costas.

No despertador marcava meia noite e alguns minutos, dava pra dormir mais, só que o sono no momento havia evaporado. Fui até a cozinha, tomei um copo de água e me lembrei da mensagem que tinha recebido e corri no quarto para pegar o meu celular.

Lina.
Foi ela que deixou a mensagem, logo a culpa recai sobre mim por deixar a garota tanto tempo sem uma resposta.

"ei, tá aí? Queria saber se você tá afim de fazer algo" a mensagem brilhava no meu celular, o que eu responderia?

"Oii, desculpa não ter respondido antes, cheguei do treino e fui direto dormir."
" O convite ainda está de pé?"

Eu adoraria sair com Lina, independente da hora.

" Você me busca?"
" Chego em 10 minutos"

Alguns minutos depois chego na casa de Lina, paro a bicicleta perto do quintal e de onde estou consigo ver a garota pulando a janela e vim em minha direção.

--- Você é maluco? Eu estava brincando!

Vestida com um moletom lilás e shorts de bolinha, Lina não poderia estar mais linda. Os fios rebeldes estavam contidos em uma trança boxeadora e com alguns fios soltos pelo rosto, suas bochechas estavam levemente coradas mas posso garantir que era pelo frio daquela noite.
Droga. Acho que perdi tempo demais encarando Lina.

--- Eii! Terra chamando Pietro!
--- Foi mal, viajei.
--- Eu percebi... bom... E agora?
--- Você que me chamou, pensei que tivesse alguma ideia.
--- É, eu tinha. Mas quando era cinco da tarde e nao quase uma da manhã!
--- Sobe aí.
--- Mas já tá me chamando pra andar na garupa? Eu não sou essas garotas facinhas que você está acostumado, Maggi. --- Diz Lina zombando da minha cara.
--- idiota, sobe logo.
--- Calma, Maggi, nasceu de sete meses é?
--- Hoje você tá engraçadinha né?!
--- Você ainda não viu nada.

Assim que Lina terminar de falar a mesma se senta na garupa da bicicleta enquanto apoia as mãos nos meus ombros e logo saio da frente da sua casa.

A minha ideia era somente da uma volta pela praia, até porque não tinha muito o que fazer uma hora dessa.

--- Chegamos.
--- Esse foi o lugar onde a gente se conheceu né?
--- Você ainda lembra?
--- Claro! Conhece você foi uma das melhores coisas que me aconteceu nesse ano.
--- Pra mim também.

Nós caminhávamos distraídamente pela areia, com a intenção de chegar até a beira do mar e sentar ali. No caminho, Lina acaba tropeçando em um banco de areia. Ela parecia se preparar para cair na terra úmida, fechando os olhos rapidamente.

Antes disso, sou rápido o suficiente para segurá-la, evitando que caia na areia.
Lina abre os olhos ainda assustada, nossos rostos estavam a poucos centímetros de distância, eu conseguia sentir sua respiração ofegante junto com a minha.

Devagar, começo a me aproximar mais, nossos corpos ficando um pouco mais próximos, a garota parecia sentir a mesma sensação de borboletas na barriga que eu.

Ela suspira quando deslizo a palma da minha mão em uma de suas bochechas, nossos lábios quase se tocando, seu cheiro doce ficando mais forte quando ela se aproxima um pouco mais dos meus lábios.

Mas, antes que algo realmente aconteça, Lina se afasta rapidamente de mim, levemente atordoada.

--- Eu acho melhor a gente ir embora, já tá tarde e minha tia pode perceber que sai.
--- Tá bom, eu te levo.
--- Não precisa, eu vou andando.
--- Lina, por favor, eu te trouxe, então eu te levo. --- A garota não diz nada, apenas me acompanha, assim que chego na calçada retiro a bicicleta do canto e chamo Lina, assim fazendo novamente o trajeto até sua casa.

Durante o caminho não falamos nada, o clima ficou estranho o tempo inteiro e a morena parecia evitar encostar em mim.

Quando chego em frente a casa de Lina, ela desce rapidamente da garupa e se despede com um leve aceno de mão e um sorriso de lado.

Ok.
Algo que - tecnicamente - não devia acontecer, quase aconteceu.




 𝑻𝒉𝒆 𝒏𝒆𝒘 𝒈𝒊𝒓𝒍 - 𝐏𝐢𝐞𝐭𝐫𝐨 𝐌𝐚𝐠𝐠𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora