Lucien lentamente abriu os olhos, sentindo uma dor latejante no abdômen. À medida que sua visão se ajustava, ele percebia a cela em que estava. Os ferros frios contra sua pele nua, os grilhões que prendiam seus pulsos, eram uma visão sombria. O pequeno curativo em seu abdômen indicava que alguém, talvez um prisioneiro ou um aliado relutante, havia tentado ajudá-lo. O ambiente estava úmido e mal iluminado, e ele podia ouvir murmúrios distantes, indicando que não estava sozinho na prisão. Lucien sabia que precisaria descobrir uma maneira de escapar e encontrar seu caminho de volta para sua família.
Conforme as memórias difusas da batalha e da lança atravessando seu abdômen voltavam, Lucien direcionava seus olhos para a porta enferrujada de sua cela. No entanto, em vez de ver três sombras, ele percebia que as figuras que estavam do lado de fora eram três guardas, armados e impassíveis, observando-o com olhares desinteressados. O cenário sombrio e enigmático da prisão era perturbador, deixando-o incerto sobre o que o aguardava.
ㅡ O feerico acordou ㅡ disse um dos homens, lançando um olhar curioso para Lucien.
Lucien tentou falar, mas sua voz saiu fraca e trêmula:
ㅡ O que...
ㅡ Não se aproximem, ele está ferido, mas continua resistente! ㅡ disse outro homem, demonstrando cautela enquanto observava Lucien com olhos vigilantes.
Lucien se esforçou para entender o motivo de ter sido atacado. Ele jamais tinha provocado conflitos, pelo menos não recentemente. Talvez fosse um reflexo do desgosto que mãe sentia por ele, mas isso não explicaria o ataque tão violento que sofrera.
Os homens olharam Lucien com expressões sérias e um deles, com um toque de pesar no olhar, disse:
ㅡ Sinto muito, mas você está aqui porque acreditam que um feérico, que em sua busca por alimento ou necessidade, tenha tirado a vida de um dos moradores do vilarejo. Estamos aqui para fazer justiça, um feérico por uma vida humana. É o que eles exigem.
Os minutos na cela se alongavam e o peso da incerteza era avassalador. Lucien refletia sobre sua situação com um sentimento de injustiça. Ele estava prestes a pagar por algo que não fez, enquanto os fantasmas do passado o assombravam com seus próprios pecados. Sentia a ironia do destino brincando cruelmente com sua vida. Sua mente oscilava entre o desespero e a revolta, sem saber o que o aguardava a seguir.
Enquanto Lucien enfrentava a incerteza de sua situação na cela, ele não conseguia evitar a preocupação que sentia pelo bem-estar de seu filho, Dominic. Com o coração apertado e a mente tumultuada, ele ansiava por notícias do garoto. Suas preces silenciosas eram direcionadas ao desejo de que Dominic estivesse seguro e longe do perigo. Lucien ansiava por reencontrar seu filho, pois, para ele, a segurança e a felicidade de Dominic eram prioridades absolutas.
À medida que os dias passavam, Lucien estava determinado a escapar de sua cela. Ele aproveitava os momentos de solidão e tentava se lembrar do tempo que passara ali. Enquanto os diálogos do lado de fora de sua cela eram um murmúrio constante, Lucien contava mentalmente os dias, observando o progresso das horas através de uma pequena fenda de luz que se infiltrava na escuridão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Filho da Raposa - Luriel
Fiksi PenggemarHá quatro anos, Lucien tomou a decisão de abdicar do seu papel como emissário da corte noturna, renunciando ao seu status e privilégios para buscar uma vida diferente. Ele escolheu viver nas terras humanas, compartilhando seu cotidiano com Vassa e J...