‣ › ❴ Roier não compreendia o amor, mas tinha absoluta certeza de que amava os abraços do melhor amigo.❵
「ᥫ᭡」
Mais uma decepção para a lista, era assim que Roier se sentia depois de terminar mais um relacionamento.
Onde estava o problema? Será que ele não era o suficiente? Nunca foi. Tudo sempre acabava do mesmo jeito que começou, dois desconhecidos.
E como em todas as últimas vezes, ele se encontrava na porta do apartamento zero sete.
Tentar enxugar as lágrimas era inútil, já que seu moletom estava encharcado. O peito ardia como nunca, poxa, ele realmente acreditou que dessa vez daria certo; tinha dado tudo de si.
Trazia consigo apenas o celular quase se desligando, o qual usou para tentar ligar ao melhor amigo e avisar a sua chegada, mas o mesmo não atendeu.
Roier sentia que era um fardo, e Cellbit provavelmente estava cansado de suas recaídas.
À medida que se aproximava da porta, Roier quase quis dar meia-volta e voltar para casa. Fungou já sentindo a garganta arder, querendo chorar novamente.
A porta se abriu, dando espaço para uma cabeleira bagunçada, roupas amarrotadas e semblante cansado.
- Roi...? - soou baixo.
- Gatinho... - sua voz tremeu, seus olhos se encheram de água.
Foi aí que Cellbit percebeu a situação do amigo, olhos vermelhos e machucados pelo atrito do tecido, nariz vermelho, fios bagunçados e rosto molhado. Dispertou rapidamente, arregalando os olhos em direção ao amigo.
- Meu Deus Roier, o que aconteceu? - questionou afobado.
O mexicano desabou, manter a postura em frente a Cellbit era impossível, ele era seu ponto fraco. Apenas uma soluço escapado dos lábios foi preciso para que o garoto a frente o envolvesse nos braços, apertando forte como nunca.
Roier amava isso no melhor amigo, ele tinha um dos melhores abraços, forte, acolhedor, e com aquele cheirinho de lar.
Suas lágrimas não eram mais seguradas, e nem se deu conta de quando foi levado para dentro do apartamento, inerte demais no abraço, focado em apenas colocar tudo para fora.
Cellbit apoiou o queixo em sua cabeça, sentindo o agradável perfume de seu shampoo, acariciando suas costas e mantendo-o firmemente contra seu peito.
Quando as lágrimas finalmente pararam e restou apenas a respiração acelerada, Roier pôde sentir o coração de Cellbit batendo contra seu rosto, tão forte que ele jurava poder ouvi-lo. A pele de Cellbit estava quente contra a dele, como fogo contra gelo.
- Seria melhor se você me dissesse o que aconteceu. - susurrou paciente.
Roier assentiu e se afastou do corpo de Cellbit, imediatamente sentindo falta do calor reconfortante.
- Ele terminou comigo. - respondeu seco, lembrando do ocorrido.
Cellbit suspirou profundamente, pressionando os lábios. Ele sabia que isso aconteceria eventualmente; ele havia alertado o amigo, tentado mostrar a verdade, mas é difícil mudar a mente de alguém apaixonado.
- Eu sei. Você disse que ele não era bom para mim, mas eu não te ouvi, achei que seria diferente dessa vez. - afirmou triste.
- Tudo bem, a culpa não é sua. - tentou consolá-lo.
- Mas parece que é. - olhou em seus olhos - A pessoas sempre parecem ter algum motivo para terminar comigo, então o problema sou eu.
- Não, não é. - respondeu com convicção - A culpa não é sua de só atrair gente babaca.
Respondeu de forma áspera, tal como uma cobra jogando seu veneno. Cellbit não simpatizava com a cara do garoto no qual namorava seu amigo, e Roier sabia disso, apenas nunca entendeu o motivo.
- Você é perfeito Roier, esses idiotas não te merecem. - puxou o mexicano para o seus braços novamente.
Roier definitivamente não sabia o que era amar, visto que todos os seus relacionamentos eram conturbados e acabavam em choro e brigas; mas ele amava uma coisa: o abraço do melhor amigo.
E mesmo que Cellbit perdesse noites de sono, tendo que ouvir o mexicano falar sobre seus namoros falhos, os encontros e presentes que ganhava, ainda assim, não conseguia seguir os mesmos conselhos que ele dava ao garoto.
Afinal, é impossível mudar a mente de alguém apaixonado.
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