Capítulo 1

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- ... E é com muito orgulho que declaramos aberto este centro comercial, para o uso e crescimento da comunidade... - palmas soam.

A cerimônia de abertura do novo centro comercial tinha sido um sucesso. Um edifício de dois andares para 34 lojas. Mais um de seus empreendimentos que com certeza faria muito sucesso e muito dinheiro.

Dinheiro! De que vale ter tanto se não conseguia aplacar a necessidade cada vez mais crescente em seu coração de algo que não sabia denominar?

Sentado em seu carro, enquanto seu motorista dirigia, divagava em seus pensamentos sem chegar a conclusão nenhuma. Ultimamente fazia muito isso e começava a ficar irritado de tanto pensar.

Entrando em seu apartamento na parte mais nobre e calma da cidade, suspirou frustrado! Aquela sensação de intensificava sempre que chegava a casa. Jogando a roupa de qualquer forma na cama já em seu quarto, decide tomar um banho para relaxar, pelo menos momentaneamente.

Depois do banho, voltou às perguntas sem resposta. O que tinha perdido de tão importante que o deixava tão infeliz? Ultimamente era difícil ignorar estas perguntas cada vez mais insistentes em sua mente mas, dessa vez deixaria elas para o dia seguinte.

Decidido a esquecer esse assunto perturbador, se mergulha no trabalho a partir de casa e fecha o dia daquela maneira, exausto!

No dia seguinte antes de sair, olhou rapidamente seu apartamento com aquela mesma sensação de que algo faltava. No início há quase 4 anos pensou ser loucura, sentia-se daquela forma apenas em alguns momentos porém, actualmente, não parava de pensar nisso.
A sensação de perda aumentava a cada dia que passava e enlouquecia por isso. Não demonstrava a ninguém, nenhum ser humano imaginava que o inabalável e bem sucedido Yohan Jones tinha esse tipo de pensamento.

Chegando na sede da empresa, os "Bom dia Sr. Jones" eram respondidos mecanicamente. Nem a própria empresa, que sempre lhe deu orgulho e satisfação, sua vida era dedicada aos negócios, nada disso o satisfazia.

Antes mesmo do almoço já se sentia cansado mentalmente. Nada o acalmava, nem mesmo o trabalho que sempre achou relaxante. Frustrado e ainda mais cansado decidiu parar por ali, mas ir a casa não era uma boa ideia, lá se sentia pior.

Decidiu conduzir ele mesmo e dar umas voltas pela cidade, parado no semáforo, via pessoas andando. Alguns com pressa, outros apenas passeando, pessoas sorrindo, país e filhos alegres. Quando iria sorrir assim também, em paz?

Sem se aperceber, estava praticamente na saída da cidade, olhando em volta, procurou um estacionamento. Descendo do carro inspirou aquele ar fresco daquela praia vazia. Era familiar, o que era estranho já que tinha certeza que nunca havia pisado naquele lugar.
Sem pensar muito naquilo, decidiu tirar os sapatos e dobrar as mangas da camisa para caminhar um pouco.
Mas, realmente era familiar.

"O que está acontecendo? Que pensamentos malucos são esses?"

Agora estava a achar que conhecia aquele lugar. "Que ridículo!"
Caminhando mais um pouco, decide sentar-se numa pedra e contemplar o pôr do sol. Era uma das coisas mais bonitas da natureza, simplesmente encantador.

Então sentiu um arrepio na nuca, e como se algo o chamasse, virou-se para trás e não podia tirar os olhos dali.

A primeira coisa que contemplou foi o cabelo, volumoso, cheio, crespo e lindo. Então olhou nos olhos dela, hipnotizadoras esferas castanhas prendiam toda a sua atenção. Estavam marejados, o que o intrigou. Então olhou mais para ela, tinha lábios não muito cheios mas também não eram finos, ela parecia respirar com dificuldade e que iria desabar a qualquer momento, então simplesmente foi embora.
Yohan levantou-se imediatamente seguindo-a mas ela simplesmente sumiu, tentou procurar por ela, correu dando voltas mas já era tarde.
Aquela sensação de perda veio com tudo. Não conseguia respirar adequadamente, seu peito doía. Abaixou-se e segurou os joelhos.

Não conseguia entender, porquê doía tanto naquele momento? O que estava acontecendo? Que necessidade louca era aquela?

Afinal de contas, quem era aquela mulher?


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