Capítulo 6

25 2 0
                                    

Yohan olhava para o mar, fixando os olhos no horizonte como se buscasse uma resposta nas ondas que se quebravam suavemente à sua frente. Respirou fundo, e o ar salgado encheu seus pulmões, trazendo-lhe uma paz que parecia quase absoluta.

"Por que quase?"

Essa pergunta vinha rondando sua mente desde a primeira vez que voltara àquela praia. Havia algo inexplicável naquele lugar que o atraía, uma sensação de familiaridade estranha e, ao mesmo tempo, um vazio difícil de ignorar. Ele sabia que já estivera ali antes – mas quando? E por quê?

Era como se a praia guardasse segredos de um passado que ele não conseguia acessar. Depois do acidente, grandes partes de sua memória haviam se tornado um borrão, deixando-o com uma sensação inquietante de que faltava algo importante. Já tentara reconstituir o que acontecera naquele período em que perdera a lembrança, mas cada pista que seguia parecia levar a lugar nenhum.

Suspirou, frustrado. A investigação que fizera após o acidente havia revelado apenas o que ele já sabia: continuara trabalhando, viajando para reuniões de negócios, mantendo a rotina de sempre e acumulando mais dinheiro. Mas, ainda assim, a sensação persistia – a certeza de que havia algo além disso, uma parte da história que não conseguia recuperar.

Depois de algum tempo perdido em pensamentos, decidiu que era hora de ir para casa. O motorista já o aguardava com o carro na rua acima.

Olhava as ruas movimentadas até que algo o chamou a atenção: uma mulher, um vulto familiar na multidão. Ele a reconheceu de imediato – era ela novamente. Embora estivesse com uma aparência ligeiramente diferente, algo em seu andar e no brilho de seus olhos era inconfundível.

– Pare o carro! – ordenou, a voz urgente.

O motorista freou na paragem mais próxima, e Yohan desceu rapidamente, seus olhos fixos na direção em que a mulher estivera. Mas, ao olhar para a rua movimentada, não a encontrou. Ela havia desaparecido, como uma miragem.

Franziu a testa, tentando entender o que aquilo significava. "Será que estou a perder a sanidade? Aquela pancada definitivamente me deixou louco. Agora ando a ver coisas." Ele passou as mãos pelo rosto, tentando organizar os pensamentos.

– Sr. Jones? – chamou o motorista, com um tom preocupado. Era a quinta vez que ele tentava chamar a atenção de Yohan.

Yohan respirou fundo e deu uma última olhada na rua, mas ela realmente não estava mais ali. "Talvez seja melhor procurar ajuda," pensou, relutante. Fechou os olhos por um instante, contrariado pela ideia, mas, talvez, o tal psicólogo pudesse ajudá-lo a entender o que estava acontecendo.

Ainda atordoado, entrou no carro, e enquanto o veículo se afastava, uma voz suave e misteriosa ecoou em sua mente, como se viesse de algum lugar muito distante, mas ao mesmo tempo íntimo.

"Eu tenho todas as respostas que você precisa."

---

Amnésia Onde histórias criam vida. Descubra agora