Capítulo 5

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– Yohan!

Yohan dormia, só sabia que tinha um sonho maravilhoso. Mas alguém o chamava.

– Yohan, acorda!

Não queria acordar por nada. Porém, a voz era doce e linda. Rouca e muito feminina. E o perfume de rosas dela era viciante.

– Yohan! Vais perder isto! - ela parecia eufórica.

– Hmmm? O que foi amor? - resmungou Yohan.

– Vem ver! É lindo!

Yohan se obrigou a acordar por completo e a se levantar. Os lençóis brancos estavam desarrumados, com pétalas de rosas espalhadas. Levantou  a cabeça e olhou para frente. Viu a silhueta da dona da voz e decidiu segui-la, mas tropeçou nos lençóis.

O baque foi forte. Sentiu o chão frio debaixo de si e percebeu que estava a sonhar. Ainda estava escuro.

Levantou-se e viu que eram apenas 3h da madrugada. Sabia que não conseguiria mais dormir. Foi a casa de banho lavar o rosto e ao se olhar no espelho, lembrou-se do sonho. Franziu a testa. Que sonho maluco foi aquele?

De repente, lembrou-se dos outros sonhos e uma dor de cabeça o atacou. Era tão forte que segurou a própria cabeça com as duas mãos e foi ao chão. Ficou no chão caído, e ouvia um bip sem fim na sua cabeça, estava a ter uma crise. Uma crise muito forte.

Não soube quando perdeu a consciência.

∞∞∞

Abriu os olhos, mas a luz era forte por isso fechou-os. Tentou novamente e viu paredes brancas. Óptimo! Odiava hospitais desde a última que esteve em um.Tentou levantar-se, porém uma mão empurrou-o de volta a cama.

– Não se levante ainda sr. Jones. Precisa descansar. - falou uma mulher vestida de branco. Devia ser a enfermeira. - sou a enfermeira Elaine, o senhor foi encontrado inconsciente na sua casa e o trouxeram para cá. O seu amigo está a caminho.

– A quanto tempo estou aqui? - percebeu que estava rouco. Devia ter dormido muito.

– Já faz duas horas. - viu o sol pela janela e deduziu que já era tarde.

– Que horas são? - a enfermeira olhou para o relógio que tinha e respondeu:

– Já é quase meio dia senhor.

– Meio dia?! - ficou espantado. Por quanto tempo ficou desacordado? - o médico virá daqui a pouco. Com licença.

A enfermeira saiu e ele ficou sozinho. Ainda ouvia o bip infinito. Mas muito baixo. Pensativo, lembrou-se do que desencadeou a crise.

O sonho!

Ou melhor, os sonhos. Sonhava com uma mulher. Que mulher? Não era mulherengo, mas também tinha seus casos, nada sério. Porquê tinha a impressão de que sonhava com a mesma mulher? E porquê não se lembrava de nada dela, além do perfume? Perfume de rosas. Lembrava-se perfeitamente do cheiro.

Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos. Então, um homem de bata branca entrou no quarto.

– Sr. Jones, vejo que já acordou. Como se sente? - o médico falou enquanto olhava as anotações que tinha na mão.

– Bem, só uma leve dor de cabeça.

– Certo. Tenho certeza que tem conhecimento que a sua condição é rara. Apesar de já ter se passado muito tempo, não recuperou a memória. Porém, o que mais nos preocupa são estas crises. Tem medicado correctamente. - Yohan ouvia e ignorava tudo, sabia o que viria a seguir.

- É claro! - respondeu zangado. Não tinha paciência para aquilo. Sua única vontade era ir embora dali o mais rápido possível.

- Vou pedir que realize mais alguns exames e que se consulte com um psicólogo. - Yohan bufou, não queria ouvir aquilo.

- Não necessário nenhum dos dois, já sabemos que não vou recuperar a memória e não preciso de psicólogo. Apenas de sair daqui. - respondeu rispidamente.

– Sr. Jones, entendo a sua excitação mas, estes exames são importantes... - Yohan nem deixou o médico continuar e acrescentou determinado:

– Só aumente a dose de medicamentos e pronto. Não fico aqui nem mais um minuto. - o médico abanou a cabeça negativamente. Já o conhecia e sabia que quando colocava algo na cabeça, ninguém tirava. Era o seu paciente mais teimoso porém, essa teimosia podia lhe custar carro.

– Espero que um dia coloque tudo o que tem aí dentro para fora. Deixarei a receita com a enfermeira. Desejo-lhe uma boa recuperação. - afirmou sinceramente.

∞∞∞

Yohan pegava as suas coisas no quarto e já estava pronto para deixar o quarto quando Lucas entrou.

– O que fazes de pé. Não devias estar a descansar? - Lucas estava estupefato.

– Já descansei o suficiente. - Yohan não queria mais sermão porém, conhecia seu amigo. Ele não se importava nem um pouco com o humor seco dele e falava o que pensava.

– Yohan, acabaste de ter uma crise muito séria, ficaste horas acordado, não ouves os conselhos dos médicos e agora sais do hospital assim? O que se passa contigo?

– Já chega! Estou cansado de me dizerem o que fazer! - respondeu já sem paciência.

– Estás a ser infantil e mimado!

– Não quero ouvir mais nada. Se é pra me dar sermão, melhor não me dirigir-se a palavra. - falou já abrindo a porta.

– Espero que não abras os olhos tarde de mais meu amigo.

Yohan ouviu e ignorou. Só queria paz!

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