Viagem

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Capítulo 1.
11 de maio, 2023. Quinta.

- Tchauzinho!

Vimos sacos, com o que sobrou dos ossos de papai e mamãe, afundando no mar.

Não sinto nada. Isso não me desperta nada.

-...

Andy não falou a porra de uma palavra.

- E então... - Olhei pros lados, pensando no que falar. - qual o próximo passo, espertão?

- Aparentemente, fugir.

- Ué? Fugir do que?

- Da cidade, óbvio!

- Ahhh! Qual é? Agora vai dizer que não gosta mais de Spokane? Tá, a cidade é uma merda, mas a gente consegue...

- Ashley, presta atenção... - Andy ficou olhando pros lados, como se tivesse alguém pra espiar nossa conversa naquela rodovia totalmente vazia! - nós matamos pessoas! Eu não vou arriscar a sorte e ficar por aqui, de jeito nenhum! A gente precisa ir pra algum lugar bem longe daqui, bem longe de Spokane e fora de Washington.

- Tá. E o que você sugere?

- Eu vi um mapa no porta-luvas. - Ele deu as costas pra mim. - Vamos pro carro.

Dei de ombros e acompanhei. Abri a porta e sentei no banco do passageiro, ele, no do motorista.

Batemos às portas.

- Olha o porta-luvas.

Fiz, e não é que era mesmo?! Um mapa meio amassado e com cheiro de guardado estava lá, junto de um desodorante, uma multa velha e um pacote de camisinhas.

Hm...

- Ashley!

- Ah! Foi mal! - Peguei o mapa e estendi a ele. - Toma!

Ele pegou o mapa e fez a mesma cara amassada que sempre faz quando precisa ler alguma coisa.

- Hm... - O bobão continuou quieto. Eu cruzei os braços. - tem uma caneta ai?

- Tá de sacanagem, né?

- Tem ou não?!

- Óbvio que não, né!

- Urg! Que merda, Ashley!

Sem mais nem menos, ele enfiou a mão no bolso, da frente, dos meus shorts!

- Ei! Tá maluco?! Que mãozinha mais boba é...

Ele puxou sua mão de volta, dessa vez, segurando meu batom.

- Vai ter que servir.

- Ah não! Você não vai estragar o meu batom novinho com...

- Você nem usa esse troço!

- Urg!

Cruzei os braços e encarei antipática.

- Pode continuar de cara feia, - Ele tirou a tampa e girou a base do batom. - não vai me impedir.

- Babaca.

Ele nem ligou pro xingamento, começando a fazer um monte de marcas vermelhas no papel.

Isso levou um minuto inteirinho!

- Pronto. Já sei pra onde a gente vai. E, por favor, guarda o mapa direito! A gente vai precisar mais tarde.

- Então, qual vai ser a próxima parada?

- Canadá.

- CANADÁ?!

- AI! NÃO GRITA, SUA MALUCA!

- Isso é longe pra cacete!

- Essa é a ideia, tonta! Vamos pra uma cidade pequena. Um lugar aonde ninguém vai procurar por nós.

- Tá, então você pode parar de suspense e contar aonde a gente vai?

Ele me mostrou o mapa e apontou pra um círculo vermelho.

- Yellowknife. Fica no noroeste e acho que tem menos de vinte mil pessoas. É bem pequena, e a polícia daqui não tem controle sobre nada, por lá. Obviamente. É perfeito!

- Pelo tamanho da seta que você fez daqui até lá, parece longe pra cacete.

- Se a gente for, sem pausa, vamos levar uns dois dias.

- Puta merda, vai demorar muito!

- Não vai não, porque nós vamos direto e não vamos parar em momento nenhum.

- Que?! Tá de brincadeira?!

- Não, e você vai cooperar! Sem paradinhas na estrada, sem brincadeiras, sem palhaçadas!

- Nem pra fazer xixi?!

- Você teve sua chance quando estávamos na casa do papai e da mamãe.

- E comer?!

- Você ficou três meses sem comer. Consegue aguentar dois dias.

- Seu babaca!

- Deixa de ser mimada! Tô fazendo isso porque quero que a gente consiga se dar bem! Além disso, nós ainda temos o amuleto.

- Ah, sim, ele foi muito útil, previu que a gente vai...

- AQUILO NÃO FOI UMA PREVISÃO! FOI UMA MENTIRA! A-ahm! Quer dizer, tenho certeza de que, da próxima, vai ser algo realmente útil.

- Uhum. Sei.

Ele me deu um olhar enjoado, negativo.

Que se foda, não posso fazer nada se o amuleto previu aquilo! E, na verdade, eu não me importo, caso aconteça...

Não me importo mesmo.

- Então, é isso. Temos uma mochila com as algumas roupas nossas, o amuleto, dinheiro o suficiente pra mais de duas semanas e um carro com gasolina o suficiente pros dois dias de viagem. Vamos ficar bem!

- Quanto otimismo.

- Vai dar certo. Até porque, você não vai arranjar problemas, certo... - Ele me deu um olhar ameaçador, com o qual eu nunca me importei. Vai nevar no inferno quando chegar o dia em que eu vou sentir medo dele! - Ashley?

- Certíssimo, senhor capitão do carro!

- Hm... - Ele dobrou o mapa e me entregou, pra que eu colocasse no porta-luvas. - então, vamos dar o pé daqui.

- ISSO AI, CANADÁ! OS GRAVES ESTÃO CHEGANDO!

- Ashley! Sem gritaria!

- Tá, tá! Gira a chave desse carro logo!




.

Oi gente! (:

Eu espero muito que gostem da fic. Lembrando que eu não quero romantizar a relação maluca desses dois e nem nada parecido, tudo que eu quero é dar a MINHA versão dos fatos e da história, quero mostrar como eu acho que as coisas seriam, sabe?

Sangue nas Rodas - The Coffin of Andy and LeyleyOnde histórias criam vida. Descubra agora