Duas Rodas

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Capítulo 7.
17 de maio. Quarta.

- Por que você vive deixando sua mochila aberta?!

- Me deixa! É mais fácil de pegar as coisas, dentro do carro.

- Uma hora você vai esquecer essa merda aberta e vai tudo cair no chão!

- Eu duvido.

Ele bufou.

- Olha, tenho boas notícias. - Procurei pelo mapa, que deixe embaixo do meu banco, enquanto tentava ficar de olho na estrada. - Pelo que vi no mapa, a gente deve chegar em Yellowknife daqui a uns dois dias.

- Uhum.

- E, com o dinheiro que a gente tem, ainda dá pra se manter por algum tempo. Mas, a gente precisa pensar muito bem antes de gastar, dessa vez.

- Uhum...

Ela tá quieta demais.

- Ashley, você tá... - No mesmo instante que olhei pra ela, percebi. Ela definitivamente não estava bem. - você tá pálida!

- Eu...tô?

- Tá! O que você tá sentindo?

- Eu não sei direito. Eu, e-eu tô babando pra caralho e, urg, sei lá! Eu tô zonza.

- Babando?

Merda! Eu lembro disso! Foi desse jeito que eu me senti quando...

- Você precisa vomitar!

- Q-que?!

Parei o carro, tentando não frear com muita força.

- Vem, anda! - Abri a porta para ela e estendi a mão. - Vem logo!

No mesmo instante que ela levantou, seus pés bambearam e cambalearam.

- Uou! Calma ai, vai devagar.

- V-vai se foder! - Ela se segurou nos meus braços, olhando pro chão e respirando ofegante. - Eu tô bem.

- Não. Você não tá.

- Você é o que? Médico agora, em?!

- Deixa de ser teimosa. Você sabe que não...

- BLEEERG! COF, COF! ARG! Q-QUE NOJO!

É. Ela vomitou.

- Eu te avisei.

- Jura? Cof! Previu em um dos seus sonhos, é?! Cof! Merda! Que nojo!

- Será que foi...a carne?

- Talvez. Urg! Andrew! Eu, e-eu vou...

Segurei seu cabelo, antes mesmo dela terminar!

- BLEEERG! AH, PORRA! COF, COF! EU ODEIO CARNE DA ROÇA! Cof, cof! Aquele bando de caipiras do caralho!

- E depois eu sou cruel por dizer que você cozinha mal.

- Nem vem! Se fosse assim, você também teria passado mal. Você também comeu!

- Se te conforta, eu senti uma puta dor de barriga ontem a noite.

- Sério?

- É. Mas a aquele ponto você já tinha dormido.

- Hm... - Ela me encarou com aquele mesmo olhar desconfiado que me dava quando sentia ciúmes de alguma coisa. - tá, justo. Pelo menos significa que eu não tô grávida.

- ASHLEY! Pelo amor de...

- Ah, vai! A gente já superou essa parte. - Ela deu dois tapinhas no meu peito. - Só não te dou um beijinho de "obrigada" por cuidar de mim agora, porque meu bafo ficou podre.

Sangue nas Rodas - The Coffin of Andy and LeyleyOnde histórias criam vida. Descubra agora