x. QUINTA FEIRA

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Ao acordar, notei que o menino do meu lado ainda estava dormindo, seus lábios se tocavam e ele deitava por cima do seu próprio braço, a lateral do seu corpo subia e descia lentamente, seu cabelo caía pelo seu rosto. Eu prendi minha respiração e fiquei apenas admirando ele por alguns segundos, ele conseguia ser tão bonito e nem estava tentando, eu não tinha nem coragem de olhar para ele direito, era quase como se ele fosse um monumento.

Decidi que já estava na hora de levantar e fazer minhas coisas, então fui tomar banho, me vesti no banheiro e, quando saí de lá, notei que o Otávio ainda estava dormindo, peguei uma maçã na geladeira e sai para a aula, não demorou muito para que eu chegasse no local e, para minha surpresa, o Matheus e a Raissa já estavam lá.

— Eu sei o que você fez ontem a noite! – Foi a primeira coisa que a Raissa falou ao me ver.

— Se serve de consolo, nós não ficamos de novo nem nada, mas como você sabe?

— Tenho olhos em todo lugar, não acredito que você não comentou nada comigo, Luma!

— Uma menina do seu andar contou para a Eduarda que viu ele no seu apartamento e a Eduarda falou com a Raissa – Matheus falou – Conta como isso começou de novo.

— Eu fiz o que você me disse para fazer, ele me mandou mensagem, disse que eu tinha sumido, eu disse que ele sumiu, descobri que ele não viu o bilhete que eu deixei e por isso foi embora, enfim, decidimos ser amigos.

— E como você se sente sobre isso? – Rai perguntou.

— Estranha, ontem ele foi lá para casa, nós estudamos e conversamos, agora ele tá lá dormindo.

— Ele dormiu na sua casa e nada aconteceu? - Matheus perguntou.

— Sim, nós conversamos bastante e, não sei porquê, mas foi melhor do que se alguma coisa tivesse acontecido.

— Ah, que bom, então – Raissa disse – você acha que gosta dele só como um amigo?

— Não, definitivamente não. Eu não sei ao certo.

— Não acho que você precise descobrir isso agora, se serve de consolo.

— Eu me sinto muito vulnerável quando eu estou perto dele, como se eu ficasse fraca e ele tivesse a habilidade de me destruir. É uma das sensações mais bonitas que eu já tive.

— Isso foi um pouco estranho – Matheus falou rindo – Mas eu entendi, talvez você realmente goste dele.

— E o que eu faço com isso?

— Conta.

— NÃO! – Raissa interveio rapidamente – Não conta.

— Por que não? – Matheus questionou a menina loira.

— Porque homens são seres complicados, espera ele falar primeiro.

— Ok! – Respondi.

Matheus levantou os braços para demonstrar rendimento e, tanto eu, quanto a Raissa, rimos dele. Acho que nossa dinâmica de trio era muito bem organizada e eu não sentia que ninguém era excluído do trio. Depois do nosso diálogo, todos focamos em nossas pesquisas, esse último mês, com a existência do Tavin na minha mente, eu quase não consegui, mas hoje, parecia que minha mente tinha voltado para o normal e meu foco melhorado em duzentos por cento.

Quando a primeira aula acabou e o professor de filosofia entrou em sala, eu achei que minha concentração ia cair porque eu tinha conseguido me concentrar por muito tempo na minha pesquisa, mas tudo aparentava estar melhor, mesmo que, em alguns momentos, eu lembrasse da conversa que eu tive com ele na noite anterior.

jorge maravilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora