Acordei com alguém batendo na minha porta, abri os olhos lentamente sentindo doer, olhei meu celular e vi que eram três da manhã, independente de quem fosse ou qual roupa eu estava usando, decidi só abrir a porta, a pessoa na frente fez com que meu sono desaparecesse por completo, eu apenas pulei em cima dele e entrelacei minhas pernas na sua cintura, sentindo suas mãos darem suporte para a minha coxa, meu corpo inteiro arrepiou pela proximidade entre os nossos.
— Eu também tava com saudade, Gatinha – Otávio sussurrou para mim.
— Eu tava com mais.
— Impossível, eu não aguentava mais ficar longe de você.
— Eu quero transar – Confessei e ouvi ele rir.
— De verdade?
Acho que eu não conseguia nem pensar direito de tanto tesão que eu senti somente por ver ele, eu estava morrendo de saudade do meu namorado.
— Você não quer?
— No dia que eu responder não, me interne.
Ele fechou a porta com o pé e me carregou até a minha cama, depois me jogando em cima dela e ficando por cima de mim, seu cabelo estava bagunçado, seus olhos cansados e o quarto estava escuro, além de estar com uma temperatura maravilhosa, ele sorriu para mim e eu sorri de volta, ele me beijou de língua, sem pedir permissão ou dar um aviso prévio, senti meu corpo arrepiar novamente, ele era bom em tudo o que ele fazia e eu me questionava como isso era possível, eu me sentia miserável nas mãos dele, ele era apaixonante.
— Eu nem acredito que você é minha namorada – Sussurrou enquanto beijava meu pescoço.
— Você tá cansado?
— Um pouco, nada demais.
— Você quer dormir? A gente pode fazer isso amanhã.
— Mas você quer agora.
— Eu vou querer amanhã ainda.
— Tem certeza?
— Deita do meu lado, Otávio, para de ser bobão.
Assim, ele me obedeceu e se deitou do meu lado, minha reação foi me virar de frente para ele e acariciar seu rosto.
— Você não cansa de ser linda?
— Eu quero conhecer a sua amiga Sofia.
— E você vai, por sinal, ela é realmente só uma amiga, nós nunca ficamos nem nada.
— Tá tudo bem – Respondi rindo – Ela aparenta ser muito legal e ela é linda.
— Eu te amo.
— Eu também te amo.
— Seus pais já tem data para chegar?
— Dia vinte.
— Caralho, semana que vem.
— Caralho, já é semana que vem, tinha esquecido.
— Sabe a hora que eles chegam?
Nego com a cabeça.
— Vou ficar alerta em todos os horários para estar o mais preparado possível.
— Eles não moram comigo, eles não vão interferir no nosso namoro, não se preocupe.
—Mas eles são meus sogros, quero que eles gostem de mim.
— Mas eles são difíceis, não se preocupe com isso, vamos pensar em outra coisa.
— Tipo quando você vai conhecer os meus pais? – Ele pergunta sorridente e eu reviro meus olhos.
— Nah, sou péssima com pais, vou conhecer os seus só quando fomos casar.
— Então nós vai casar?
Eu ri e neguei com a cabeça.
— Espero que eu não tenha esse azar, não quero palmitar minha família.
— Se foder, Luma – Murmurou rindo.
— O que você vai fazer amanhã?
— Além de ser sua empregada doméstica, nada, eu acho, por quê?
— Eu te amo – Falei, meu coração doía por amar tanto ele, ele riu e deu um selinho nos meus lábios.
— Te amar é bom demais, Luma.
— Isso é vergonhoso.
— O que?
— Falar que te amo e ouvir que você me ama de volta, é bom, mas me deixa com vergonha.
— Você faz terapia?
— De quinze em quinze dias, por quê?
— Você devia falar sobre isso com a sua psicóloga caso seja algo que te incomoda muito, sei lá.
— Você está dizendo que eu tenho que fazer terapia? – Perguntei rindo e, mesmo no escuro, consegui ver suas bochechas corarem.
— Eu me preocupo com sua saúde mental, ok? Vai que você tá pirocada das ideias e não notou ainda – Respondeu, também rindo.
— Eu sempre fui pirocada das ideias, Otávio.
— Vai que piorou, não sei! Só to tentando ajudar, eu te amo.
— Sentimento não recíproco.
— É? – Seu tom de voz se tornou provocante e eu confirmei com a cabeça.
— Então você não liga se eu mandar mensagem para Eduarda agora e chamar ela para sair?
— Pode ir, melhor que eu você não acha.
— Te digo o mesmo.
— Eu discordo.
— Quem é melhor que eu?
— Timothée Chalamet é suficiente para você ou você quer que eu cite outros?
— Fala alguém acessível.
— Você realmente quer que eu faça isso?
— Eu... Não, não quero, isso vai acabar com a minha autoestima, você acha que tem alguém que seja acessível melhor que eu? – Eu ri e neguei com a cabeça.
— Se eu achasse que tem, eu não tava com você.
— Eu tenho pica de mel então?
— Que porra, Otávo - Murmurei rindo e ele sorriu.
— Você não disse não, quem cala consente.
— Prefiro não acabar com a sua autoestima.
— Por sinal, a Maria me contou sobre a Raissa.
— O que ela disse?
— Se eu contar, fica no off entre nós dois?
— Sim, claro.
— Ela gosta da Raissa, mas é complicado, sabe? Maria foi criada por vó e você sabe como velho é, pique que a avó dela quase expulsou ela de casa quando ela começou a batalhar e tal, depois ela entendeu, mas, no começo foi difícil e, tipo, a mãe da Raissa adora ela, né, mas ela é meio homofóbica e, sei lá, acho que a Maria não tá pronta para entrar num relacionamento que vai dar tantas dificuldades familiares e emocionais para ela.
— A Raissa comentou sobre a mãe dela também e sobre relacionamentos queers em geral, eu fiquei bem mal por ela porque, enfim, toda essa situação é muito triste.
— É, a Maria tem esperança de que vai acabar se apaixonando por um homem ainda e casar com ele, até porque ela é bi, né?
— Sei lá, nem gosto de pensar muito nelas duas. Eu amo a Raissa, é até estranho o quão próxima nós ficamos em tão pouco tempo e nos conhecemos a pouquíssimo tempo, mas, as vezes é como se eu conhecesse ela a minha vida inteira, eu queria poder cuidar e ajudar ela, mas eu não posso fazer nada, essa impotência me deixa mal, entende?
— Considerando que a Maria é minha melhor amiga, eu entendo bem.
— Mas elas vão ficar bem, eu acredito nisso.
— Eu também.