Barbara sai para o almoço, planejando encontrar seu irmão. No entanto, suas colegas de trabalho não perdem a oportunidade de debochar dela. Mesmo sem proferir uma palavra, Barbara ouve um grupo de quatro mulheres zombando dela, chamando-a de nojenta, esquisita e até dizendo que dá vontade de vomitar só de olhar para ela. Barbara absorve essas palavras com silêncio, caminhando com uma vontade contida de chorar, sentindo-se perdida. No entanto, ao avistar seu irmão Cris, um alívio a envolve, permitindo-a superar o momento.
— Por que você foi preso, Cris? — pergunta Barbara.
— Ah, eu estava precisando sair um pouco do mundo! — responde Cris.
Ao abordarem o tema da prisão, Barbara pergunta se ele se envolveu em uma briga, e Cris ironiza, negando. A situação chama a atenção das colegas de trabalho, e Cris percebe que Barbara enfrenta um tipo de bullying no escritório, o que o deixa irritado.
— O que há com essas meninas? — Barbara segura o braço de Cris, tentando evitar um confronto.
— A morena de cabelo curto e suas amigas são as que me chamam de esquisita. Hoje, na hora do café, ouvi elas combinando de marcar o copo na qual eu usei para elas evitar usá-lo, pois acham que tenho alguma doença contagiosa e que eu cheiro mal! — Cris ameaça abordá-las, mas Barbara o convence a deixar para lá.
— Você acha isso certo? Eu tenho que ir lá e resolver isso! — Cris expressa sua raiva.
— Não, por favor, irmão! — Barbara olha nos olhos de Cris.
Apesar do tratamento cruel que recebe, a simplicidade de Barbara a impede de querer criar problemas, especialmente para seu irmão, que tanto a protege.
— Você não vai contar para mãe, né, Cris? Eu só conto para você!
— Que diferença faz? Ela não faria nada mesmo.
Cris e Barbara sentam-se em um banco na praça, onde Barbara repousa a cabeça no colo do irmão, e ambos conversam sobre filmes de super-heróis, buscando conforto um no outro. Enquanto isso, Diana está implorando à sua gerente para não descontar o dia de trabalho que ela perdeu devido à prisão.
— Vocês não trouxeram nenhum atestado ou justificativa válida, Diana. — diz a gerente, tentando se livrar das insistências de Diana.
— Eu sei que não temos justificativa, mas foi um acidente. Você não pode relevar. Eu pago esses horários! Você não pode olhar para nossa situação? Por tudo que nós representamos nessa empresa. — A gerente revira os olhos.
Enquanto Diana tenta convencer sua gerente, Clovis e Emmily chegam ao guichê para retirar a passagem da viagem de Emmily. Diana percebe que o homem ali é o bombeiro responsável por sua prisão, e ao seu lado está sua filha, uma jovem encantadora. Diana se perde nas palavras e interrompe a conversa com a gerente.
— Sabe, a vida é muito generosa com quem é generoso e cruel com quem não é. Não que você não seja, você é, e por isso eu sei que vai ser generosa. — diz Diana, sem pensar nas palavras, enquanto observa toda a situação. — Pensa com carinho nisso, tá bom? Eu vou ali trabalhar mais um pouco. Eu amo você e nossa empresa!
— Ele tem uma filha, cara! Não trabalha mais? — exclama Diana animada ao chegar em casa.
— Quem tem uma filha? — pergunta Cris, lendo suas anotações em um guardanapo sem prestar atenção em Diana.
— O bombeiro, o sujeito que te colocou na cadeia. Ele tem uma filha linda.
— Quer que eu a sequestre e chamo resgate? — ironiza Cris.
— Não, claro que não, Cris. Além disso, não temos nem espaço para escondê-la. Você só precisa conhecê-la, usar seu charme, sair algumas vezes, fazê-la te chamar de papai e conquistá-la. Aí, você inverte o jogo.
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Memórias
RomanceEm uma pequena e pacata cidade do Rio Grande do Sul, a vida de Cris se desenrola em um cenário marcado por relações conturbadas e destinos entrelaçados. Cris, um jovem rebelde, navega pelas noites de Porto Alegre ao lado de sua inseparável amiga Dia...