Cris está sentado no sofá enquanto Emmily mexe nos seus livros. Ele a convidou novamente para sair.
— Eu sei que somos bagunçados, mas a minha amiga que divide o apartamento comigo é um pouco babaca e não arruma a casa. — Disfarça Cris, tentando minimizar a bagunça em seu apartamento. — Mas temos cerveja gelada.
— Cerveja somente depois do terceiro encontro, Cris! — Emmily vê um retrato na sala e pergunta quem é. Cris fica sem graça ao responder.
— É o meu pai!
— Ele parece com você. Ele mora por aqui perto?
— Ele não mora mais aqui nesse planeta! — Cris fica um pouco sentido, balançando a cabeça negando.
— Me desculpa, não queria! — Emmily ficou sem graça.
— Bom, tudo bem. Eu me mudei da casa dele quando achei que já estava na hora de ficar sozinho e me virar. Sempre fomos ótimos no quesito pai e filho! — Cris deixa o arroz no fogo queimar levemente, e Emmily sorri.
— Hum, estou vendo que sabe se virar! — Ironiza ela, percebendo que ele é completamente desajeitado e relaxado. — Foi difícil aceitar que você não pode ficar sozinho, Cris?
— Ah, eu até que me viro bem! — Cris deixa pingar água no óleo. — Meu pai se separou da minha mãe. Eu basicamente aprendi tudo que sei hoje com ele, mas eu aprendi a fazer algo muito bom esses dias! — Cris tira um pote da geladeira.
— O que é isso, Cris?
— Isso é um sorvete de manga com doce de leite! Está faltando um pedaço porque a idiota da Diana bebeu demais e comeu um pedaço!
Emmily sorri para Cris. Depois de algum tempo, ela não se relacionava com ninguém, e conhecer Cris está fazendo ela sorrir e se apaixonar lentamente por ele. Ambos terminam de jantar, e Emmily observa Cris tentando lavar os pratos desajeitadamente, raspando o restante da comida com uma colher e deixando uma panela de molho para desgrudar a rapa queimada.
— E sua mãe? Ela está viva? — Pergunta Emmily.
— Ela está! — Cris respira fundo. — Mas é a mesma coisa que não estar. Ela não é uma pessoa afetiva, se preocupa mais com os negócios e seus filhos que se viram.
— Você devia valorizá-la mais, já que tem, Cris!
— Não, ela que não valoriza ninguém!
Emmily, irritada com a forma que Cris lida com os pratos, se aproxima dele e assume o controle.
— Você não precisa me ajudar, meu bem! — Diz Cris, rindo de vergonha.
— Eu sei, mas se continuar assim, vamos ir para dois mil e treze e você ainda não vai ter terminado de lavar os pratos!
Cris sorri, e Emmily vira para pegar a panela que estava de molho e usar a palha de aço. Quando ela se vira, Cris pega a mangueira da torneira e joga água na cara dela, deixando-a irritada.
— Perdão! — Diz Cris, rindo da situação. Emmily acha que foi uma brincadeira de mau gosto.
— Há, então essa é a parte em que você me deixa toda molhadinha, né? — Diz ela, irritada.
— Para que tornar a brincadeira vulgar, Emmily?
— Porque é vulgar, eu já sei o que está tentando fazer, me deixar molhada, fazer eu usar sua roupa. Mas sabe o que não acontece nessas situações, Cris, o que não gosta da mãe, Cris que arruma confusão?
— O quê? — Cris percebe que ela não gostou da brincadeira.
— Não sabe? — Emmily pega a panela que estava de molho e joga no meio da cara de Cris, o molhando completamente. — Isso! — Emmily começa a segurar o riso, gostando do que fez.
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Memórias
RomanceEm uma pequena e pacata cidade do Rio Grande do Sul, a vida de Cris se desenrola em um cenário marcado por relações conturbadas e destinos entrelaçados. Cris, um jovem rebelde, navega pelas noites de Porto Alegre ao lado de sua inseparável amiga Dia...