Emmily retornou de sua viagem e, ao longo dos dias, conversou com Cris. Com alguma dificuldade, conseguiram marcar um encontro para um domingo. Contudo, Emmily esqueceu completamente do compromisso e estava em casa, debaixo das cobertas, assistindo a um filme triste de romance. Seu pai, Clovis, estava trabalhando, e de repente, o telefone tocou. Assustada ao ver que era Cris, ela percebeu que havia esquecido do compromisso e não avisou seu pai.
— Oi, é o Cris. Você não vai, né? Estou sentindo que vai me dar um bolo hoje! — Disse Cris ao telefone.
— Não, não! Eu só me atrasei aqui! — Emmily começou a se arrumar às pressas.
— Pode falar a verdade, você estava debaixo das cobertas assistindo a algum filme de comédia romântica!
— Não, eu não estou assistindo comédia romântica! Estou me arrumando para encontrar com você às... — Emmily estava completamente esquecida.
— Às oito e trinta, Emmily! — Completou Cris.
— Isso, às vinte e uma e trinta!
Emmily foi se arrumar às pressas e tentava ligar para seu pai, mas não conseguia. Clovis não ficaria feliz em saber que sua filha saiu sem avisar, mas, sem jeito de desmarcar, ela deixou uma mensagem no correio de voz para Clovis. Cris a levou para um restaurante no centro, e Emmily não estava muito animada. De forma inusitada, ela começou a ter atitudes estranhas para fazer Cris querer sair fora.
— Vocês têm manga verde e leite? — Perguntou Emmily ao garçom, deixando Cris intrigado.
— É, temos, sim! — Respondeu o garçom encarando Cris, ambos com um olhar que diz, essa mulher é louca?
— Está legal, então quero um copo de leite puro, uma manga verde com sal, uma torta de abóbora e jiló cru! — Emmily fez seu pedido, sorrindo para Cris.
— Isso é algum movimento político, ou um vontade de se matar? — Cris questionou Emmily.
— Eu gosto de jiló cru!
— Você já viu alguém morrendo por beber leite depois de comer manga verde? — Emmily olhou com uma cara de sínica. — Ou você não pode pagar para mim uma refeição depois de me chamar para sair? — Cris engoliu seco.
— Mas e se acontecer algo depois de fazer isso?
— Olha, então eu cancelo o pedido, fico com minha vontade louca de chupar uma manga e tomar um leite. Ai alguma coisa real como algum acidente, como um raio caindo na minha cabeça, ou um idiota qualquer acendendo fogo aqui dentro e eu morra. Como você vai se sentir sabendo que me negou uma pequena refeição?
— Mas você está olhando para o impossível!
— Vamos fazer assim, eu garanto a minha vida eterna que eu sobrevivo a uma manga verde com leite. Aí você tira suas conclusões! — Cris sorriu, tentando entender essa loucura para ele. — Aliás, se eu morrer por conta de uma manga verde com leite, você vai viver o resto da vida com remorso por não ter me impedido de fazer essa besteira! Está preparado para entender a responsabilidade de chamar uma garota qualquer para sair?
Cris começou a rir, ele sabia que ela estava se fazendo de difícil, mas Emmily explicou a ele o motivo de manga verde com leite não matar. Era apenas um mito, e ambos continuaram a noite, jantando e se divertindo. Já eram onze da noite, e Emmily disse que precisava ir embora.
— Olha, eu me diverti muito, Cris. Você é legal!
— Olha, ela disse que se divertiu muito, ou está se divertindo muito? Porque se está se divertindo, para que apressar o fim? — Emmily olhou para ele sorrindo!
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Memórias
Storie d'amoreEm uma pequena e pacata cidade do Rio Grande do Sul, a vida de Cris se desenrola em um cenário marcado por relações conturbadas e destinos entrelaçados. Cris, um jovem rebelde, navega pelas noites de Porto Alegre ao lado de sua inseparável amiga Dia...