Prólogo.

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Rio Grande do Sul, 01/01/2009.

A vida de Jamile, uma mulher que não mais celebrava a chegada do novo ano, tece uma trama que se desenrola entre desejos de felicidade e a cruel imprevisibilidade da existência.

Enquanto sua filha Emmily se entregava à efervescência das comemorações com amigos, e seu marido Clóvis, um tenente do corpo de bombeiros, agia nas ruas para garantir a segurança de todos, Jamile permanecia em casa com seu neto Entony. O ambiente tumultuado da virada, com fogos iluminando o céu e celebrando futuros promissores, tornava difícil para a criança de quatro anos encontrar tranquilidade em meio à agitação.

Jamile, ciente das festividades ao seu redor, tentava acalmar Entony, mas a noite se desenhava agitada. Ao tentar esquentar leite na cozinha, a explosão de um foguete direcionado à sua janela desencadeia um acontecimento devastador, a pressão rompe a mangueira do botijão de gás, inundando o ambiente com o perigoso combustível. Com a criança nos braços, Jamile se vê diante de uma escolha angustiante: correr ou enfrentar o perigo iminente.

Ao se aproximar para fechar o registro, a bomba de fogos finalmente estoura, lançando Jamile e Entony ao chão. A cozinha se enche de fumaça, e a botija, agora solta, libera mais gás, criando um cenário potencialmente letal. Jamile, mesmo ferida, se esforça para proteger seu neto, mas o incidente toma um rumo trágico quando a explosão acidental envolve a casa em chamas.

Clóvis, ao retornar para casa com sua equipe de bombeiros, encontra a cena devastadora. Sua esposa e neto, vítimas de uma sequência catastrófica de eventos, não resistiram à explosão. A dor é insuportável, mas ele, forçado a ser forte para sua filha Emmily que acabou de perder seu filho, suprime o luto iminente e o papel de um pai mais protetor a única pessoa que o restou.

Três anos após a tragédia, agosto de 2012, Santa Maria, Rio Grande do Sul...

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