A hora do pesadelo

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Um mês se passou desde que Younghoon encontrou o Covil, e durante esse tempo ele decidiu a respeito da própria morte divina. Parecia irônico ter sido, por tanto tempo, vizinho daquele homem que as forças misteriosas do universo decidiram que lhe completaria a alma. É claro que ele chegou a duvidar dessa história, mas toda vez que deitava com ele no sofá e o ouvia recitar poesia, o humano tinha mais certeza. Juyeon não tinha trazido a ele apenas o amor, mas também esteve apresentando aquela que seria a sua segunda vida. Sua segunda chance.

Logo a sua destinação ficou mais clara para Sangyeon. Apesar da coincidência que o fez encontrar Juyeon antes de tudo. Younghoon pensou, em dado momento, enquanto sentia os carinhos do vampiro, que o teria encontrado de qualquer forma. Como a luz das estrelas encontram aqueles que admiram o céu. Estava feliz que aconteceu.

Se antes escrever um furo de notícia era o que ele queria, entrar naquela história e se rebelar foi o que ele percebeu que realmente precisava fazer.

Conversar foi o que ele mais fez durante aquelas duas semanas, tornou-se próximo de Changmin e de Hyunjae, ouviu as histórias deles de 20 a 30 anos atrás; coisas tão particulares que ele nunca imaginou ouvir, sobre épocas de guerra, bebedeiras, orgias. Aquelas vezes que quebraram alguma das outras regras do Covil e tiveram que ouvir de Sangyeon, assim como Juyeon teve.

Younghoon descobriu que Haknyeon sabia falar mais de trinta línguas e que Kevin colecionava instrumentos musicais e ele e Jacob escreviam pilhas e mais pilhas de partituras, compunham canções que nunca chegariam a ser publicadas. Descobriu, também, que Sunwoo era um autodidata, talvez o mais inteligente dali, tendo conhecimentos vastos em química e biologia. Younghoon aprendeu a jogar os jogos de tabuleiro que Eric gostava e visitou a biblioteca particular de Chanhee.

Ele viveria ali entre os livros, bebendo do chocolate quente que foi feito todos os dias para si durante aquela espera. Ele guardaria todos aqueles segredos, como um homem rico guarda suas jóias no seu cofre mais firme.

Como havia gostado do térreo, certas noites Younghoon subia ali, agora com Juyeon.

"Sangyeon vai ficar bravo, mas eu não vou mais sair procurando outro sucessor" Juyeon havia confessado numa daquelas noites "a cada esquina que eu viro só tem mais do mesmo vazio... Não preciso alimentar essas dúvidas que ele me despeja."

"E se não fosse eu...? Para onde esse sentimento iria?" Younghoon perguntou.

"Se não fosse você, acho que me contentaria com o inferno."

"Você é dramático..."

"Devia ter visto você... 'Estive esperando minha vida toda'" e o vampiro imitou a forma com que o Kim falou durante o jantar. O Kim gargalhou e deu socos no ombro alheio, o fez rir em conjunto e tomar seus punhos. Puxou para perto e quando seus risos cessaram, o beijou novamente. Seu coração batia perto, entregue. Quando Younghoon se afastava para respirar, Juyeon via seus lábios avermelhados pulsando sob a luz da lua.

Não via a hora de poder beijá-lo sem se preocupar com o fôlego. Sorriu.

"Dramático, eu sei. Mas não menti em momento algum."

"Nem eu..."

⊱┈╌᯽╌┈⊰

No seu último dia de humanidade, Younghoon decidiu voltar até seu apartamento para se despedir. Foi acompanhado até ali por Chanhee. O vampiro líder o acompanhava para praticamente todos os lugares, como foi o acordado. No final da tarde, o humano dirigiu com ele até o prédio onde morava; Younghoon voltou a vestir o sobretudo cor-de-canela e Chanhee estava inteiramente de preto, das luvas até os óculos escuros; esbanjou seu auto-controle na presença dos outros humanos que passaram por eles na rua.

O CovilOnde histórias criam vida. Descubra agora