Lost!boi • Jjk + Pjm / jikook

Especial: Anos 2000

N/A: Yep, o especial prometido há décadas finalmente saiu. Estava passando pelos meus arquivos e encontrei dois capítulos especiais que nem me lembrava de ter escrito. Acho que na época eu estava muito abalada para postar, então guardei ali, mas esqueci. Hoje ele finalmente está sendo postado.

Para quem ainda lembra dessa história, eu espero que você aprecie um pouco mais do futuro dos meninos. Para quem gostaria de descobrir como os meninos perdidos se juntaram, isso é um gancho para a fic do passado dos meninos perdidos: iBoy.

Feliz halloween!

🌼

Ainda era um pouco cedo quando decidimos apagar as luzes do quarto de hóspede da casa de Jin, onde agora eu recentemente morava, apenas para deitar sobre a cama e divagar coisas sem sentindo com Jimin ao meu lado. Ele estava deitado sobre meu peitoral, enquanto meus dedos acariciavam os fios que antigamente costumavam ser completamente rosados.

Devo dizer que talvez nunca vá me acostumar com o novo rumo que minha vida tomou. Fugi de casa, descobri que amo um homem – em específico –, conheci as melhores pessoas na vida e ainda por cima fui abrigado por alguém que não devia nada, mas que hoje representa mais do que o suficiente para mim. Nunca serei capaz de agradecer Jin por tudo que me fez.

Eu estava feliz naquele lugar, depois de três anos, com as mesmas pessoas, sem deixar de insistir em minha própria felicidade. Porque eu merecia isso, após tudo o que passei, após tudo o que os meninos perdidos passaram. Meu desenho animado continuaria sendo vivido com esperança.

Hoje trabalho em algo melhor além daquela livraria e realmente estou fazendo uma faculdade. Descobri que gosto muito de artes e comecei a fazer um bom curso com a ajuda de Jin. Park andava meio vagabundo, como sempre, mas também havia terminado seus estudos. Estava correndo atrás de um emprego e todo final de semana me prometia que arranjaria um lugarzinho somente nosso, sem ter Kim nos interrompendo.

Yoongi e Hoseok estavam distantes, pois voltaram pra cidade deles, mas sempre que podia nos visitava. Taehyung fora acolhido pela avó, porém Jin fazia questão que este visitasse seu hospital e tivesse consultas periódicas na área de psiquiatria; além de roubá-lo um pouco do local e sempre o trazer para nos visitar aqui em casa. Namjoon começou uma faculdade engenharia, embora sempre dissesse que odiava ter de fazer tantos cálculos. Mas seu pais estavam contentes. De vez em quando eles nos visitavam.

E também, meu pai havia morrido.

Nunca soube o motivo, mas fora recentemente. Eu não soube muito bem o que sentir quando soube da notícia. Estava ainda um pouco cansado do curso, querendo apenas paz e um banho quente. Jin e Jimin me olhavam com aquele pesar nos olhos, era sufocante e me dava agonia. Eles me pediam alguma resposta que eu não conseguia dar, que eu não sabia dar. Me encaravam e o máximo que eu pensava era: Por deus, apenas me deixem em paz!

Naquele momento não sentia nada, sem empatia, sem emoção, sem pena. Não conseguia pensar que meu próprio pai havia morrido e sentir absolutamente qualquer coisa sobre este fato. Era como se fosse tudo oco dentro de mim, sem ecos, um vazio que não me deixava importar com a situação. Um buraco negro que sugava tudo.

Entretanto, quando entrei em meu quarto e sentei sobre a cama, ficando bons minutos olhando para a parede, eu chorei. Simplesmente chorei porque ele havia ido embora. Após tudo o que havia me feito, após tudo o que passei, chorei porque havia partido finalmente. E embora talvez eu não devesse, eu senti sua perda. 

E isso me doeu mais.

Jimin entrou no quarto tempos depois, me abraçando. Nós não falamos nada, apenas ficamos ali, quietos, nos consolando. Ou apenas ele comigo. Com o passar dos dias, eu fui aprendendo a conviver com isso, a superar minhas mágoas e minhas perdas. Eu o perdoei, mesmo após tudo. E nós vivemos assim, seguindo dia após dia, aceitando tudo o que nos acontecia. Com o tempo, aquilo não mais me doía, embora a melancolia viesse quando pensava sobre.

Mas estava tudo bem, eu ainda tinha os meus amigos.

Que, embora nossas vidas tivessem mudado e não estivéssemos mais como antes, amontoados em um chão, barracas ou redes naquele parque tão abandonado, eu não poderia dizer que estava triste, não mais. Porque ainda éramos unidos, éramos únicos e ninguém jamais apagaria a nossa história.

— Sabe, Yoongi costumava ficar no meu quarto vendo figuras nos reflexos de luz sobre o teto quando os carros passavam. Ele dizia que ajudava com a insônia dele. — Fuck!boi falou baixo em algum momento, com a voz sonolenta e um aconchego em meu corpo. Eu sorri para si, erguendo o rosto para mirá-lo.

— Vocês se conhecem há bastante tempo, não é? — perguntei curioso, me ajeitando sobre a cama e deitando de lado, para que assim Jimin pudesse virar para mim, apoiando a mão sobre o próprio rosto.

— Sim, muito. Acho que quatro anos ou mais. — arregalei os olhos. Eu sabia que os garotos eram amigos de longa data, a convivência mostrava o quanto se conheciam, mas nunca pensei que seria tanto. — Às vezes sinto falta... — sorriu nostálgico, perdido nas próprias lembranças. Eu amava vê-lo assim, tão tranquilo e contente. Podia ver em seus olhos um brilho diferente, genuíno; como se todos os seus sonhos tivessem se realizado.

E eu não precisava de mais nada de Park estivesse feliz daquela forma.

— Sempre quis saber como foi que tudo começou... — o rosado-não-mais-tão-rosado me olhou curioso, ajeitando-se sobre a cama. — Vocês todos, como se conheceram, como foram parar naquele parque, tudo! — Jimin riu, logo após aproximando seu rosto do meu até que nossos narizes se tocaram suavemente, causando cócegas.

— Não posso contar. — olhei-o indignado.

— Oras, por que não?! — ele riu alto, bagunçando os cabelos já revoltos, procurando o gorro que eu havia feito questão de jogar do outro lado do quarto.

— Porque acho que não sou eu quem devo contar essa história. — franzi o cenho, ao que senti sua mão em minha nuca e a respiração quentinha contra meu rosto.

— Então, quem?

— Yoongi. Ele foi o verdadeiro começo de tudo, não eu. Só fui o fogo da situação. — riu alto. — Um dia, eu te prometo, você vai saber a história de todos nós e de como fomos parar naquele parque.

Acabei por sorrir, deixando meu corpo ser puxado suavemente até que nossos lábios se tocassem, em um beijo cálido e um tanto tímido. Eu adorava as noites quentinhas debaixo da coberta, abraçado ao meu Fuck!boi. Amava sentir que o mundo se perdia em nossas respirações e que nada mais existia além de nós.

E eu sabia, que um dia, conheceria a história completa de todos eles, cada menino perdido, e faria dela a minha também. 

Apenas esperava que Yoongi tivesse paciência o suficiente para me contar toda essa aventura, se Hoseok não o irritasse demais.