Prólogo

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A tela do computador está ligada. Nela, as conclusões de Freud espancam meus olhos até que uma lágrima escorregue por minha bochecha.
 
"Na obra freudiana, o amor é, a princípio, situado do lado da pulsão sexual, enraizando-se no narcisismo primário. Ou seja, amor e sexo compartilham, em sua constituição, o prazer parcial ligado, de início, à boca. Amar como sinônimo de devorar seria, então, a primeira configuração do amor."
 
Leio o texto do artigo e me pergunto, pela milionésima vez nos últimos meses, o que há de errado comigo.
 
Como pude nascer tão errada, tão... quebrada? Como meu cérebro me sabotou ao ponto de criar um tipo de sentimento irrevogável e tão proibido? Como eu viveria, meu Deus, amando, desejando e ardendo loucamente pela filha da minha madrasta? Pela garota que deveria ser somente minha meia-irmã e agora era... era a coisa que eu mais queria no mundo?
 
Porque eu a queria. Muito. Queria tanto que somente pensar em seu rosto, seus fios longos e ruivinhos e seu sorriso de covinhas fazia meu estômago dar cambalhotas.
 
Olívia era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Era perfeita em cada detalhe. Era delicada, amorosa, gentil, altruísta e tinha os olhos azuis mais simpáticos do mundo.
 
Como eu não me apaixonaria por ela?
 
Era fatídico como um carro em alta velocidade capotando em uma ribanceira.
 
O único destino é a queda.
 
E eu caí. Caí no precipício que era minha própria mente.
 
E sabia que jamais seria capaz de me recuperar das sequelas daquele impacto brutal.

Meu Pecado Fraternal - Conto rápidoOnde histórias criam vida. Descubra agora