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Alice Alencar — RJ

Acordo com o barulho do despertador no meu ouvido, estico meu braço e com minha mão tateio o meu criado mudo em busca do meu celular.

06:30 da manhã.

Assim que acho desligo o despertador e fico esperando as forças virem e me levantarem da cama, mas lembro que tenho uma filha pequena e precisa ser acordada.

Levanto da cama e visto meu roupão, saio do quarto e sigo em direção ao quarto de Mia, abro a porta e me deparo com uma criaturinha loira enrolada em uma manta com o símbolo do flamengo. Apesar de ter apenas 5 anos, ela é fissurada em futebol, sabe mais que eu em 24 anos de vida, fico boba com isso.

Puxo as cortinas e alguns raios de luz atravessam o quarto, volto para sua cama e passo minha mão em seu rosto e logo vejo seus olhinhos claros se abrindo.

— Bom dia meu amor.

— Bom dia — boceja — mamãe.

Pego minha filha no colo e seguimos até o único banheiro do apartamento para fazer nossas higienes. Moramos em um apartamento pequeno, dois quartos, um banheiro, uma cozinha e sala. Era perto do meu trabalho e da escolinha da Mia, então não podia reclamar.

— Filha a mamãe vai acabar de preparar seu café da mãe e você vai se trocar beleza?

— Beleza mamãe — faz um joia com a mão e corre para seu quarto.

[...]

07:40 da manhã.

Deixo Mia na escolinha e sigo para meu trabalho. Sou barista em uma cafeteria bem frequentada do Rio de Janeiro. Não era meu trabalho dos sonhos, mas conseguia manter eu e minha filha por meio dele.

Chego no ambiente ainda com pouco movimento e visto o avental que os funcionários usam no local. Dou uma checada nos comidas, anotando as quais precisam de reposição. Ouço o barulho da porta do estabelecimento se abrindo e me deparo com Luisa, nos conhecemos quando estava grávida, ela me acolheu e me ajudou a conseguir um emprego e hoje em dia somos inseparáveis.

— Bom dia minha gata — diz me abraçando — Como você está hoje?

— Bom dia. Estou ótima e você lulu? — dou ênfase no apelido que ela odeia.

— Dei a noite inteira, então pode ter certeza que estou de muito bom humor — solto uma risada, Luisa sempre está por aí se divertindo com novos caras, tenho certeza que o dessa noite ela não faz ideia de quem seja. — Apareceu hoje de manhã que o ingresso para o jogo do flamengo está em promoção, você sabe né, seria uma ótima chance...

Seria. Desde que eu me conheço por gente minha filha me pede para ir assistir um jogo do Flamengo no Maracanã, mas a maioria das vezes o ingresso está um absurdo e minhas economias não conseguem pagar ou estou fazendo trabalho dobrado na cafeteria.

— Aí Lu, não sei, esse mês eu já tive que usar um pouco das minhas economias não sei se consigo comprar ingresso para nós duas — desabafo.

— Que tal fazer assim, eu como madrinha dela pago o meu e o dela e você só paga o seu?

— Luisa você sabe que eu não gosto que você fica pagando coisas par... — fui cortada pela mesma.

— Deixa disso Alice Alencar, você sabe que eu faria de tudo por essa garota e seria o sonho dela realizado, o que tem de mais nisso?

— Vou pensar, mas agora chega disso e vamos trabalhar — digo apontado para a mesa que chega um cliente.

[...]

O tempo havia passado e eu nem percebi, marcavam 16:50 no relógio preso na parede, estava na hora de me arrumar e buscar Mia na escolinha. Pego minhas coisas e ando em direção a Luisa que limpava uma das mesas da cafeteira.

— Compra os três ingressos, depois de passo o pix do valor do meu.

— MENTIRA — ela grita dando pulinhos — eu jurava que iria ter que fazer uma drama maior para você aceitar.

— Olha como você é — dou um tapinha em seu ombro — Mais tarde vai jantar lá em casa para contarmos para a Mia.

— Pode deixar amiga — da uma piscadinha para mim.

Vou em direção para meu carro e jogo minha bolsa nos bancos de trás e logo abro a porta do motorista e entro dentro, dou partida e sigo em direção ao mercado.

Dou uma passadinha rápida no mercado só para comprar macarrão e molho de tomate, pesando especial na Mia. Chego em casa e sou recebida com um abraço caloroso da minha filha.

— Mamãe, que saudadi — ela me abraça mais uma vez.

— Oi princesa, mamãe também estava com saudades — deixo as comprar na mesa e a pego no colo. — Boa tarde Ju, já está liberada agora.

Júlia era baba da Mia no período da tarde ou quando eu cobria horário na cafeteria, ela sempre me salvava quando não tinha com quem a Mia ficar.

— Tá bom Lice, eu já vou indo, até amanhã Mi — deixa um beijo na minha filha e sai pela porta.

— Agora a mocinha vai tomar banho, porque a dinda vem aqui jantar com nós — digo colocando ela no chão.

— Eu quero tomar banho com a mamãe.

— Então vem ajudar a mamãe a arrumar as comprar — minha filha sobe na cadeira rapidamente e começa a tirar as coisas da sacola, dou uma risada com a cena.

— Mamãe, depois eu posso pegar seu celular para ver vídeos do Flamengo?

— Depois que você comer e tomar banho, pode sim, lembra do nosso combinado?

— Sim mamãe — faz uma pausa — Você namoraria com um jogador do Flamengo?

Dou uma risada sincera. Mia já deve ter me feito essas perguntas umas mil vezes, ela deve pensar que é tão fácil assim namorar e ainda por cima namorar um jogador do Flamengo.

— Todos já namoram meu amor, é errado namorar gente que namora.

— O Bigol não namora mamãe.

Bigol era como ela chamava o Gabigol, quando era menor não sabia o nome inteiro, então acabou pegando só uma parte do nome, acho fofo.

— Aí meu amor, esses caras são famosos, então é difícil namorar com eles.

— Mas você é tão bunita mamãe, todos gostaram de namorar com você.

— E eu acho que você está passando muito tempo com sua dinda, em.

— Tô indo tomar banho, ó. — fala e sai correndo para o banheiro, fico doidinha com cada coisa que essa menina fala tendo apenas 5 anos.

Primeiro capítulo fica por aqui!

MELHOR VERSÃO - GABIGOL (pausa) Onde histórias criam vida. Descubra agora