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Alice Alencar — RJ

Eai mamãe, gostou?

Puta que pariu.

O que tinha acabo de acontecer?

Minha voz não saia, minha cabeça só se passava o momento que eu tinha acabado de viver, a porra de um simples momento. Conseguia ainda sentir sua mão tocando no meu rosto, seu toque era suave, mas fez como que se naquele momento só existe nos dois. E isso era estranho, estranho demais.

Ainda estava encarando Gabriel que tinha um sorriso safado no rosto. Filha da puta.

— Fala para gente mamãe — Gabriel imita minha filha — gostou?

Olho para Mia que me encarava curiosa para saber o que eu tinha achado do sorvete.

— Sim, eu... — minha voz falha — Sim, eu gostei filha — dou ênfase na minha última palavra.

Eu estava morrendo de vergonha, tenho certeza que minhas bochechas estavam bem mais vermelhas do que quando o Gabriel falou que eu estava linda. Queria muito me enfiar em um buraco agora.

— Vamos embora? — consegui soltar a frase sem gaguejar.

— Mas já mamãe? — Mia me encara com a uma carinha triste — Eu queria ficar mais tempo com o titio Bigol. Ele entende tudo que eu falo de futebol, a gente tá conversando sobre tudooo. Por que você e a dinda Lu só entendem pouca coisa, mas como ele é jogador ele sabe mais. Fica mais um pouquinho — faz um biquinho.

— E seu pai, não fala isso com você? — Gabriel questiona.

Sinto meu coração acelerar e minha respiração falhar com essa pergunta

— Eu não tenho papai, somos só eu e a mamãe — faz uma pausa — e a minha dinda Lu — diz contando nos dedos.

Solto o ar do meu corpo que nem sabia que estava preso. Observo Gabriel pensativo depois da fala de minha filha e tenho certeza que ele quer perguntar alguma coisa, mas decide ficar quieto.

— Não filha, já está ficando tarde e o tio Bigol tem compromisso, não é? — encaro Gabriel para que ele concordasse comigo.

— É, sim, claro. Sua mãe tem razão Mia. Combinamos outro dia, pode ser pequena?

A mais nova concorda com a cabeça e então eu me levanto, observo Gabriel fazendo o mesmo e pegando minha filha no colo que se aconchega em seu pescoço deitando a cabeça por lá. Vamos andando em silêncio em direção ao seu carro e quando chegamos percebo que Mia havia dormindo em seu colo. Peço para ele colocar ela no meu colo, já que em seu carro não tem cadeirinha e fomos em direção a minha casa em silêncio.

Gabriel sai do carro e pede para eu esperar aqui dentro, abre minha porta pelo lado de fora e pega minha filha com todo cuidado do mundo para que ela não acordasse.

— Eu levo ela para sua casa, não tem problema.

Apenas balanço a cabeça e seguimos ainda em silêncio em direção ao meu apartamento. Abro a porta do mesmo e guio Gabriel até o quarto da minha filha. Ele deposita ela na cama e a cobre com sua manta do Flamengo, saímos do quarto devagar para não fazer barulho e acorda-lá.

— Estão entregues — ele diz se dirigindo até a porta — Bom, eu já vou indo — coça a nunca sem jeito — Espero que Mia tenha gostado, e caso queria podemos marcar mais vezes.

— Pode ter certeza que ela gostou sim, realizou o sonho da vida dela e um pouco mais — deixo escapar um sorriso.

— Quando quiserem assistir algum jogo no Maracanã me fala que eu dou um jeito — fico impressionada com sua fala.

— Tudo isso para conquistar a minha filha Gabriel? — solto uma risada.

— A filha eu já conquistei, agora só falta a mãe dela.

Porra. Isso só podia ser brincadeira. Tantas pessoas no mundo e Gabriel Barbosa esta na minha casa flertando comigo. Não que eu esteja reclamando, mas eu não conseguia acreditar nisso.

— Não precisa ficar vermelha loira — estava vermelha de novo e eu nem tinha percebido — Já vou indo, boa noite gatinha.

Ele pega a chave do carro, volta novamente em minha direção, desta vez se aproximando ainda mais, da um selinho rápido na minha boca e sai pela porta, sumindo do meu campo de visão.

E eu?

Fico parada no mesmo lugar por uns 10 minutos tentando raciocinar o que aconteceu. Saio do meu transe com notificação do meu celular.

 Saio do meu transe com notificação do meu celular

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Desligo meu celular e o jogo em algum canto do sofá

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Desligo meu celular e o jogo em algum canto do sofá. Precisava relaxar. Precisava de um banho quente.

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